Doutoramento em Didáctica Este trabalho, desenvolvido por uma professora em contexto académico, movida por uma vontade de intervenção em contexto escolar para melhoria da qualidade do desempenho profissional e das aprendizagens dos alunos, assenta: por um lado, num entendimento de desenvolvimento profissional (DP) enquanto processo contínuo que se articula com e inscreve na prática do quotidiano docente; e, por outro lado, num entendimento da educação em línguas como um processo que valoriza a diversidade e enfatiza o plurilinguismo como valor e competência, enriquecendo os repertórios linguístico-comunicativos dos sujeitos, de modo a facilitar a abertura ao Outro, num processo de construção e recriação de significado sobre o mundo e sobre si na relação com esse Outro. Pretendeu-se, neste estudo, compreender o processo de desenvolvimento profissional de professores de línguas, tentando identificar potencialidades e constrangimentos que se colocam a esse desenvolvimento profissional em contexto. Para tal, foi desenvolvido um projecto de formação para a educação plurilingue numa escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico com um grupo de cinco professoras ao longo de dois anos. A formação, promovida através de um Centro de Formação de Escolas e acreditada pelo Conselho- Científico da Formação Contínua desenvolveu-se em duas fases. A primeira fase (2004/2005), na modalidade Oficina de Formação com 10 sessões de formação num total de 50 horas, e a segunda fase (2005/2006), na modalidade Projecto com nove sessões de formação, num total de 50 horas. O estudo seguiu uma metodologia de cariz qualitativo e de inspiração interpretativa/fenomenológica, pretendendo colocar em evidência o sujeito e sublinhando a interacção que estabelece consigo e com os outros, a partir das práticas discursivas que vai construindo. A estratégia investigativa desenhou-se em torno do estudo de caso no qual procurámos analisar a (des/re)construção de conhecimento profissional no contexto de um grupo de professoras em formação. Esta análise assumiu duas vertentes, uma tomando a interacção entre o grupo como alvo de análise, outra olhando para o percurso de cada formanda na sua singularidade. Os dados recolhidos e analisados incluem um inquérito por questionário inicial, a transcrição das sessões de formação e as reflexões escritas ao longo das duas fases da formação, bem como um inquérito por entrevista semiestruturada, após o terminus da formação, em Julho de 2007. Os resultados da análise indicam que os processos formativos que promovem o questionamento de si e das suas práticas, ajudando a identificar representações e a analisar o modo como as representações interferem ou não nas práticas para, em seguida, estas poderem ser reconstruídas, são facilitadores de DP. Evidenciaram-se, nestes processos, dois tempos de formação distintos, mas complementares, o tempo da observação e da análise e o tempo da apropriação e da acção, que englobam espaços de trabalho individual e colectivo. Nestes dois tempos de formação identificámos quatro modos facilitadores da reconstrução do conhecimento profissional, nomeadamente: a articulação da teoria com a prática; a tomada do objecto de trabalho em objecto de análise e de experimentação, incluindo a visualização, a análise e a reflexão sobre as experiências realizadas; a colocação do aluno no centro do processo de ensino; e o alargamento da consciencialização do trabalho com as línguas e das suas finalidades educativas. Estes quatro modos constituem-se como impulsionadores ou inibidores de DP, dependendo a sua percepção de factores, tanto de carácter individual como de carácter colectivo. Os factores de carácter individual dizem respeito ao comprometimento, ao empenho, ao modo como cada sujeito se vê como pessoa e como profissional, bem como à fase da carreira em que se situa. Os factores de carácter colectivo dizem respeito aos contextos nos quais o sujeito se move, nomeadamente a cultura da escola em que exerce funções, às relações interpessoais e profissionais que estabelece com os colegas de trabalho e às possibilidades e espaços de formação que cada sujeito encontra com os outros. Tendo constatado que o desenvolvimento profissional é fruto da intersecção da acção individual com a acção colectiva, concluímos que, na constituição de ambientes facilitadores de DP, importa ter em conta seis componentes: a apropriação individual da construção do conhecimento profissional pelos sujeitos, a construção de oportunidades de desenvolvimento, a construção da capacidade de intervenção em contexto, a promoção da colegialidade, a monitorização e avaliação de processos e resultados do trabalho no âmbito do DP e a criação de espaços e tempos próprios para esse trabalho. Os resultados da análise indicam também que a formação em contexto permite iniciar um trabalho de DP porque cria condições de auto/hetero/eco e coformação que incluem um potencial de aprendizagem profissional transformativa. Enquanto constrangimentos ao DP em contexto destacam-se aspectos contextuais que se relacionam com o tempo e a sua gestão, bem como com a visibilidade, o reconhecimento e o impacto do trabalho realizado no contexto. Através da descrição e análise de uma experiência de formação contínua em contexto, este trabalho revela possibilidades de ultrapassar os constrangimentos contextuais, sublinhando as potencialidades de desenvolvimento profissional em contexto, pelo modo como professoras, predispostas à mudança e comprometidas com a profissão, onde os alunos têm um papel particular, são capazes de inscrever transformação nas suas práticas, evidenciando a urgência não só de um apoio concreto e explícito, mas também de reconhecimento do trabalho desenvolvido em cada sala de aula, com cada turma, à descoberta de si e do outro, através das línguas para a construção de um mundo mais plural. This work was developed by a teacher within the academia, who is moved by a desire to intervene in the school context so as to improve the quality of teaching and student learning. On the one hand, this study is based on an understanding of professional development (PD) as an ongoing process which is linked to and part of the daily teacher practice. On the other hand it is based on an understanding of language education as a process that values diversity and underlines plurilingualism both as a value and as a competence. Plurilingualism refers to the development of the linguistic-communicative repertoires of the individuals and it is seen as doorway of openness to the Other, as a process of meaning construction and recreation about the world and about the individuals themselves in relation to Otherness. This study aims to understand the characteristics of the process of professional development and to identify ways of reconstructing knowledge in context, which facilitate that process. It further intends to identify the strengths and constraints of PD within the school context. Thus, we developed an in-service teacher education programme for plurilingualism in a secondary school with a group of five teachers, over two school years. The programme was developed in the scope of a School Centre for In-service Teacher Education and accredited by the Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (Scientific- Pedagogic Council for In-service Teacher Education) and was divided into two phases. The first phase, which occurred during 2004/2005, was a Workshop of 10 sessions, with a total amount of 50 hours, and the second phase, during 2005/2006, was a Project of nine sessions, with a total amount of 50 hours. The study followed a qualitative methodology of interpretive / phenomenological inspiration which highlights the individual and stresses interaction with themselves and with the others, thus putting an emphasis on the discursive practices of the individuals. The research strategy comprises a case study in which we tried to analyse the (de/re) construction of professional knowledge within the group of teachers attending the in-service teacher education programme. This analysis was twofold, one concerning the interaction among the group of teachers, the other looking at the way each teacher constructed their own path. The collected and analysed data include an initial survey by questionnaire, the transcription of the working sessions and written reflections along the two phases of the work, as well as a semi-structured interview after the end of the teacher education programme, which occurred in July 2007. The analysis results indicate that the formative processes that promote the questioning of the teachers themselves and of their practices are facilitators of PD. These processes help teachers to identify their representations and examine how the representations interfere in their practices and in this way they foster knowledge reconstruction. These processes comprise two distinct but complementary paces of growth which proved crucial to the process of PD: the pace of observation and analysis and the pace of learning and action, including both individual and collective work. Within these two paces of growth we identified four modes that facilitate the reconstruction of professional knowledge, namely: connecting theory to practice; taking language not only as a working object but also as an object of analysis and experimentation, including observing, analysing and reflecting on the experiments; taking the pupils as centre of the teaching process; and also a more conscious connection of the daily work with languages within the broad goals of language education. These four modes can act as drivers or inhibitors of PD, depending on how the factors of individual and collective nature are perceived by the teachers. In the first we include individual factors, such as teachers’ personal commitment, personal and professional self image and career stage. In the latter we include collective factors, such as the school culture where teachers work, the interpersonal and professional relationship to colleagues and the opportunities and spaces for collaborative ongoing teacher learning. Bearing in mind our results, that professional development lies at the intersection of both individual and collective action, we conclude that the creation of environments that foster PD should take into account six components: individual teachers’ ownership of the construction of professional knowledge, the construction of growth opportunities, the construction of an ability to intervene in context, the promotion of collegiality, the monitoring and evaluation of the processes and the results of PD work, and the creation of suitable spaces and times for PD. The results further indicate that contextualised actions of PD are the beginning of a broader work of PD because they create conditions for self / hetero / echo and co-education that include a potential for transformative professional learning. As constraints to the PD within the school context this study highlights contextual issues, which are related to the time and its management, as well as the visibility, the recognition and the impact of PD work in the school. The description and analysis of this experience of in-service teacher education has shown possibilities to overcome constraints and has stressed the potentiality of professional development within the school. The involved teachers, willing to change and committed to their profession where pupils play the leading role, were able to introduce changes in their practices. Their process of professional development has shown that it is urgent to explicitly support and recognise teachers’ work in each classroom with each group of children or youngsters in the task of discovering themselves and the Other through languages, thus helping to construct a more plural world. FCT; POPH