Orientador: Prof. Dr. Nelson Rosário de Souza Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Defesa: Curitiba, 26/08/2016 Inclui referências : f. 93-97 Resumo: Esta pesquisa apresenta um panorama da Ciência Política brasileira produzido a partir da análise da percepção dos editores de sete periódicos nacionais Qualis A1, A2 e B1, colhida durante entrevistas em profundidade realizadas pela pesquisadora, entre 2014 e 2015. A percepção de outros agentes que compõem o campo da Ciência Política no Brasil, trazida por meio de questionários, se junta à dos editores permitindo um conhecimento ampliado a respeito da disciplina a partir dos seus próprios praticantes. Importa saber, segundo eles: 1. como se relaciona a trajetória temática da Ciência Política com as partes periférica e hegemônica da disciplina; 2. em que medida as relações de força no interior da disciplina provocam mudanças e/ou rupturas no perfil editorial das revistas e; 3. Qual o papel, o alcance e os limites dos periódicos nacionais Qualis A1, A2 e B1 especializados em Ciências Sociais na constituição do campo da Ciência Política praticada no Brasil. A análise da produção publicada entre 2005 e 2014 nos sete periódicos, cujos editores foram entrevistados, a saber: Dados, RBCS, Opinião Pública, BPSR, Lua Nova, RBCP e Revista de Sociologia e Política, finaliza o conjunto de evidencias empíricas mobilizadas na presente pesquisa e traz; além de uma estatística descritiva, uma análise qualitativa dos artigos publicados por doutores em Ciência Política e que discutem simultaneamente as temáticas democracia e desigualdades. Nestes artigos, busca-se identificar as relações - existentes, ou não - entre as concepções formal e substantiva de democracia e as posições hegemônica e periférica que tais concepções ocupam na hierarquia do campo da Ciência Política no Brasil. A perspectiva teórica de análise adotada pela pesquisadora no presente trabalho é influenciada por Pierre Bourdieu e pela definição de Sociologia Política oferecida por Giovanni Sartori. A hipótese desta pesquisa é a seguinte: as diferentes concepções que possuem os agentes do campo, a respeito da política/do político (autonomizada ou não, da realidade social) e, mais, especificamente, da democracia (política/formal ou social/substantiva), definem certos modos de se praticar a própria Ciência Política (politológica/institucionalista ou societal/Sociologia Política), enquanto disciplina acadêmica, e no limite - concomitante às disputas presentes nos processos de institucionalização, autonomização e avaliação/financiamento da disciplina em torno da definição dos seus critérios de cientificidade e da delimitação dos seus temas, teorias e métodos - o que vem a ser considerado a 'boa' Ciência Política, o seu mainstream. De modo geral, tanto a análise da percepção dos agentes do campo, quanto a dos artigos publicados nos periódicos que editam (publicam e dão pareceres), permitem notar explicitamente o interesse continuo da disciplina pelo tema da democracia brasileira. Que, se num determinado momento diz respeito aos seus processos de transição e consolidação e noutro, ao funcionamento de suas instituições políticas, é devido às mudanças ocorridas no contexto político brasileiro, para as quais a disciplina, num movimento de mão dupla, entre ciência e política, volta o seu olhar analítico e normativo. Define assim, seus paradigmas teóricos e metodológicos, que, uma vez legitimados, não só adquirem status explicativos, como também, reprodutores do status quo. Permitem notar, também, e de forma exaustiva, a defesa que parte da comunidade acadêmica faz da Sociologia Política enquanto forma de abordagem necessária na análise dos fenômenos políticos, principalmente, e de forma ampla, dos que dizem respeito à democracia brasileira e suas instituições. Ao fazer essa defesa, em contrapartida, contesta a abordagem (neo)institucionalista e o método quantitativo frequentemente por ela utilizada no estudo das instituições políticas formais. Aparecem assim, a abordagem (neo)institucionalista e o método quantitativo, como pano de fundo a partir do qual aparece tensionada na disciplina, a sua identidade. Por fim, dentre um total de 1505 artigos publicados nos sete periódicos e período mencionados, 35% o foram por doutores em Ciência Política. Nestes, as instituições políticas dominam como objeto analisado. Consequentemente, pouco espaço é dado pela parte hegemônica da disciplina para discussões interessadas numa determinada concepção de democracia diferente daquela procedimental que aparece em Schumpeter e Dahl, por exemplo. Palavras-chave: Ciência Política. Periódicos Científicos. Democracia. Abstract: This research presents an overview of the Brazilian Political Science papers from the analysis of seven national periodics indexed by Qualis A1, A2 and B1, collected during in-depth interviews conducted by the researcher along 2014 and 2015. The perception of other agents that make up the field of Political Science in Brazil, brought through questionnaires, joins the publishers allowing expanded knowledge about the discipline from its own practitioners. 1. How it relates the thematic trajectory of political science with the peripheral and hegemonic parts of the discipline; 2. To what extent the power relations within the discipline brings about changes and / or disruption of the editorial profile of magazines; and 3. What is the role, scope and limits of the national Qualis A1, A2 and B1 specialized in Social Sciences in the constitution of the field of Political Science practiced in Brazil. The production analysis published between 2005 and 2014 in seven journals whose editors were interviewed, namely: Dados, RBCS, Opinião Pública, BPSR, Lua Nova, RBCP e Revista de Sociologia e Política, concludes the set of empirical evidence mobilized in this research and brings; in addition to descriptive statistics, a qualitative analysis of articles published by doctors in Political Science and simultaneously discuss democracy issues and inequalities. In these articles, we seek to identify relationships - existing or not - between formal and substantive conceptions of democracy and the hegemonic and peripheral positions they occupy in the political science field hierarchy in Brazil, such conceptions. The theoretical analysis perspective adopted by the researcher in this work is influenced by Pierre Bourdieu and the definition of Political Sociology offered by Giovanni Sartori. The hypothesis of this research is the following: the different conceptions that have the field agents about the policy/political (autonomized or not, society) and, more specifically, democracy (political/formal or social/substantive) define certain ways to practice their Political Science (politological / institutionalist or societal/political sociology), as an academic discipline, and limit - concomitant to these disputes in the institutionalization processes, empowerment and evaluation/discipline of financing around definition of the scientific criteria and the delimitation of its themes, theories and methods - what it is to be considered 'good' Political Science, its mainstream. Overall, both the analysis of the perception of the field agents, as the articles published in the journal editing, allow explicitly note the continuing interest of the discipline the topic of Brazilian democracy. That if a given time with respect to their transition and consolidation, and another, the functioning of its political institutions; They are due to changes in the Brazilian political context, for which discipline, a two-way movement between science and politics back its analytical and normative look. It defines, its theoretical and methodological paradigms that once legitimated not only acquire explanatory status, but also players of the status quo. Allow to note, also & eacut and; m, and exhaustively, the defense that the academic community is the Political Sociology as a form of approach needed in the analysis of political phenomena, mainly, and broadly, of which concern the Brazilian democracy and its institutions. In making this defense, however, disputes the approach (neo)institutionalist and quantitative method often used by it in the study of formal political institutions. Appear so the approach (neo)institutionalist and quantitative method, as a backdrop from which appears tensioned discipline, their identity. Finally, from a total of 1505 articles published, 35% were for doctors in Political Science. In these, the political institutions dominate as analyzed object. Accordingly, little space is of course part of the hegemonic discussions relevant to a certain concept that different democratic procedural appearing Schumpeter and Dahl, for example. Keywords: Political Science. Scientific Journals. Democracy.