Orientador: Solange L'Abbate Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias Medicas Resumo: Nessa pesquisa, investiguei os conflitos vivenciados pela equipe de enfermagem do Hospital das Clínicas-UFMG, motivada pelo fato de o enfermeiro desempenhar atividade de gerência nos serviços de saúde e freqüentemente lidar com relações conflituosas. Os objetivos delineados foram: conhecer as diferentes percepções de conflito dos enfermeiros; identificar aqueles mais comuns e os principais fatores que geram esses conflitos; compreender como o enfermeiro lida com os conflitos no trabalho; levantar facilidades e dificuldades para lidar com os conflitos e propor aos enfermeiros a construção coletiva de um dispositivo socioanalítico, a ser utilizado como espaço de análise e reflexão da prática profissional, focalizando o objeto de estudo. Por se tratar de um fenômeno processual, optei pela abordagem qualitativa, desenvolvendo uma pesquisa-intervenção em duas fases. Na primeira, realizei uma pesquisa exploratória, com o objetivo de me aproximar dos sujeitos e do objeto de estudo, utilizando um questionário, que foi aplicado, em setembro de 2003, a cento e cinco enfermeiros (105), sendo que desses, trinta e sete (37), o devolveram. Na segunda, utilizei a perspectiva da socioanálise, para construir um dispositivo, visando a criação de um espaço que permitisse à pesquisadora e às pesquisadas realizarem, conjuntamente, análises e reflexões acerca da prática profissional, focalizando situações de conflito vivenciadas no trabalho. Foram realizados cinco encontros nos meses de setembro e outubro de 2005, com duração de duas horas cada, onde participaram seis enfermeiras que, no questionário, responderam afirmativamente quanto à sua continuidade no estudo. Nessa fase, as integrantes ao elaborarem a demanda de análise do grupo, expressaram vários motivos para participarem dessa investigação, dentre eles destaco suas implicações com a pesquisadora. Para as enfermeiras conflito é: diferença de pensamentos e de posições, coisa que incomoda e algo estressante. Apresentam uma visão bipolar desse fenômeno, pois, a princípio, são percebidos como negativos, mas dependendo do ângulo que se olha também o consideram como positivo, isso se forem discutidos com todos os envolvidos e conduzidos adequadamente. Identifiquei os seguintes tipos de conflitos: intrapessoal, interpessoal, intergrupal, de poder e de interesse. As principais causas que geram esses conflitos são: duplicidade de vínculo empregatício; deficiências na estrutura organizacional e no modelo de gerência implantado; escassez de recursos; centralização do trabalho; hierarquia; autoritarismo; imaturidade; escalas de serviço; falta de respeito e compromisso profissional, trazendo conseqüências para as relações interpessoais e para a assistência prestada. As enfermeiras lidam com situações de conflito, de forma racional, apresentando desejo de fuga, ao realizarem ações imediatistas, a fim de contornarem ou amenizarem a situação, assumindo que não são preparadas para conduzirem questões problemáticas ligadas ao comportamento e relacionamento interpessoal. Sendo assim, em determinadas situações, solicitam ajuda aos psicólogos da Diretoria de Recursos Humanos do hospital. O próprio dispostivo socioanalítico se constituiu em um analisador, permitindo explicitar instituídos e instituintes, implicações e transversalidades, presentes na organização hospital que é atravessada pelas 'instituições enfermagem e medicina¿. Diante das avaliações positivas relacionadas aos encontros grupais, sugiro desenvolvermos outros trabalhos tendo o dispositivo socioanalítico como um espaço coletivo de análise e reflexão das relações e práticas profissionais Abstract: In this research, I investigated the conflicts experienced by a nursing team at the Federal University of Minas Gerais Hospital, motivated by the fact that nurses manage health care and frequently face conflict situations. The aims of this research were: to learn about nurses different perceptions regarding conflict; to identify the most common conflicts and the main factors that generate these conflicts; to understand how nurses manage conflicts at work; to find out motivations and difficulties to manage conflicts and propose to nurses a collective construction of a socio-analytical instrument to be used as a space for analysis and reflection of professional practice, focusing on the study object. As it is a process phenomenon, I used a qualitative approach, developing an intervention research in two phases. In the first phase, I developed an exploratory research with the purpose to get closer to the subjects and study object, using a questionnaire that was applied in September 2003 to 105 nurses. Among them, 37 responded and sent it back. In the second phase, I used the socio-analysis perspective to build an instrument, aiming at creating a space that would allow the researcher and research to be developed as well as analyses and reflections regarding professional practice, focusing on conflict situations experienced at work. Five meetings happened in September and October 2005, of two hours each, with the participation of six nurses that manifested in the questionnaire their intention to continue the study. In this phase, the members of the group expressed their motivations to participate in the study, emphasized its implications regarding the researcher. According to these nurses, conflict is a difference of thoughts and positions, something that may impair the relationship. They present a bipolar view of this phenomenon as at first they are perceived as negative, but depending on the way they are seen they can be considered positive, if they are discussed with all the persons involved and managed adequately. The following types of conflict were identified: intrapersonal, interpersonal, intergroup, of power and of interest. The main causes that generate these conflicts are: work in more than one place, problems regarding the organizational structure and management, lack of resources, work centralization, hierarchy, authoritarianism, immaturity, work shifts, lack of respect and professional commitment that influence interpersonal relations and the care provided. Nurses manage conflict situations in a rational way, presenting their desire to run away when they implement immediate actions, in order to minimize the situation, assuming that they are not prepared to conduct problems related to behaviors and interpersonal relationships. Therefore, in some situations they ask for help to psychologists from the Hospital Human Resources Division. The socio-analytical instrument was a means to analyze it, enabling them to expose the situations, implications and transversal intersections that are present at the hospital organization that is crossed by other institutions such as ¿nursing and medicine¿. Considering the positive evaluation of the group meetings, I suggest the development of other works based on socio-analytical instruments as a collective space for the analysis and reflection of relationships and professional practices Doutorado Saúde Coletiva Doutor em Saúde Coletiva