[Resumo] Este artigo se debruça sobre os desenhos da figura da mãe carinhosa na contemporaneidade. Para isso, analisamos as narrativas de duas gerações de mulheres de uma mesma família: a de mães (1940-1950) e a de suas filhas (1970-1980) depois que se tornaram mães. As conversas em profundidade com mulheres de diferentes regiões e de classe social no Brasil às voltas com suas experiências de gestação, parto e maternagem, aconteceram entre 2020 e 2021. Diante da insistência da noção de carinho por elas propalada, reivindicada e também lamentada em campo, nos pareceu interessante investir em sua descrição a fim de apontar para sua pluralidade e porosidade. Nesse encalço, ao constatarmos que os contornos da mãe carinhosasão oferecidos por uma gama de discursos e de práticas postas para muito além do mundo privado e de uma lógica familista, sugerimos que sua produção se dá por “uma economia política das emoções”. Economia essa aliada aos projetos de Estado e ao neoliberalismo, que dependem da figura materna para sua sustentação, ainda que de modos travestidos de amorosidade e renda psíquica. Constatou-se que as gramáticas emocionais que informam a figura materna nas últimas quatro décadas são atravessadas no Brasil por raça/cor; classe social; gênero e geração; dando assim ideias plurais de raiva e de afeto, bem como de maternagens, aqui tomadas como ação, como verbo, e não como uma instituição., [Abstract] This article focuses on the drawings of the figure of the affectionate mother in contemporary times. For this, we analyzed the narratives of two generations of women from the same family: that of mothers (1940-1950) and that of their daughters (1970-1980) after they became mothers. The in-depth conversations with women from different regions and social classes in Brazil, dealing with their experiences of pregnancy, childbirth and motherhood, took place between 2020 and 2021. , it seemed interesting to invest in its description in order to point out its plurality and porosity. In this pursuit, when we see that the contours of the caring mother are offered by a range of discourses and practices that go far beyond the private world and a familist logic, we suggest that its production takes place through “a political economy of emotions”. This economy is allied to State projects and neoliberalism, which depend on the mother figure for their sustenance, albeit in ways disguised as amorousness and psychic income. It was found that the emotional grammars that inform the mother figure in the last four decades are crossed in Brazil by race/color; social class; gender and generation; thus giving plural ideas of anger and affection, as well as mothering, here taken as an action, as a verb, and not as an institution., [Resumen] Este artículo se centra en los dibujos de la figura de la madre cariñosa en la época contemporánea. Para ello, analizamos las narrativas de dos generaciones de mujeres de una misma familia: la de las madres (1940-1950) y la de sus hijas (1970-1980) luego de ser madres. Conversaciones en profundidad con mujeres de diferentes regiones de Brasil y diferentes clases sociales; abordando sus experiencias de embarazo, parto y maternidad, se dieron entre 2020 y 2021. Dada la insistencia en la noción de afecto propagada, reclamada y también lamentada en el campo, nos pareció interesante invertir en su descripción para señalar a su pluralidad y porosidad. En esta búsqueda, cuando encontramos que los contornos de la madre afectuosa son ofrecidos por una gama de discursos y prácticas más allá del mundo privado y de una lógica familiar, sugerimos que su producción se realiza a través de “una economía política de las emociones”. ”. Esta economía está aliada a los proyectos de Estado y al neoliberalismo que dependen de la figura materna para su sustento, aunque sea disfrazado de hermosura y renta psíquica. Se constató que las gramáticas emocionales que informan la figura materna en las últimas cuatro décadas se cruzan en Brasil por raza/color; clase social; género y generación, dando así ideas plurales de ira y afecto, así como de maternidad, aquí tomada como acción, como verbo y no como institución.