Resumo : O presente artigo avalia a validade empirica de uma rede de polissemia proposta para a preposicao em do portugues do Brasil, comparando as perspectivas do linguista e de usuarios leigos da lingua sobre categorizacao. A rede baseou-se no modelo cognitivo de Rede Esquematica, de R. Langacker (1987, 2008), com relacoes de esquema/instância e de extensao semântica, e envolveu 48 frases da internet, que representavam 24 padroes de uso de em definidos pelo linguista. Participaram como sujeitos em um experimento psicolinguistico 32 estudantes de graduacao, sem formacao em linguistica, todos eles falantes nativos de portugues do Brasil. Esses sujeitos classificaram as frases do corpus segundo semelhancas percebidas no significado da preposicao. Em entrevistas individuais realizadas apos a tarefa, os participantes relataram suas estrategias de categorizacao. Uma matriz de dissimilaridade criada com base na classificacao feita pelos informantes foi submetida a analises de agrupamentos pelos metodos de Ward (1963) e de Tocher ( apud RAO, 1952). Este revelou sete categorias criadas pelos informantes, quatro das quais apresentaram motivacao semântica mais forte que as outras tres. O numero de grupos formados variou entre os participantes, assim como variou o numero de frases nos grupos criados. Alem da coerencia nas ligacoes entre as categorias, os resultados revelaram um nivel relevante de isomorfismo entre a rede proposta originalmente e a avaliacao dos informantes, corroborando a estrutura relacional dessa rede e uma parte significativa de sua granularidade. Em geral, este estudo tambem comprovou a maior saliencia do ESPACO sobre os demais dominios, assim como a saliencia do TEMPO entre dominios nao espaciais. Palavras-chave : validade empirica; categorizacao; rede de polissemia; preposicao; experimento psicolinguistico. Abstract : This paper evaluates the empirical validity of a polysemy network proposed for the preposition em in Brazilian Portuguese, by comparing the linguist’s and the non-specialist language user’s views of categorization. The network was based on the Schematic Network cognitive model of R. Langacker (2008, 1987), with scheme/instance and semantic extension relationships, and involved 48 sentences taken from the internet, which represented 24 usage patterns of em as defined by the linguist. Thirty-two undergraduate students with no training in linguistics, all native speakers of Brazilian Portuguese, took part as subjects in a psycholinguistic experiment in which they sorted these sentences according to similarities perceived in the meaning of em. After completing this task, the participants reported their categorization strategies in individual interviews. A dissimilarity matrix based on the participants’ classification was subjected to cluster analyses by the Ward (1963) and Tocher (cited in RAO, 1952) methods. The latter revealed seven categories created by the participants, four of which exhibited stronger semantic motivation than the other three. Participants differed in the number of groups they formed, and each participant created groups of different sizes. As well as coherent connections among categories, the results showed an important level of isomorphism between the originally proposed network and the participants’ evaluation, corroborating the relational structure of the network and a significant part of its granularity. Overall, the study also confirmed the greater predominance of space over the other domains and of time among non-spatial domains. Keywords : empirical validity; categorization; polysemy network; preposition; psycholinguistic experiment.