Luís de Freitas Branco (1890-1955) ocupa um lugar incontornável na historiografia da música portuguesa. Destacado, em vida e postumamente, não apenas como compositor, mas igualmente como crítico, cronista, conferencista, musicólogo e professor, parece ser das figuras do século XX mais estudadas pela musicologia em Portugal. Porém, a multiplicidade da sua actividade e complexidade de muitos dos temas que lhe eram caros despertam, ainda, novas abordagens e investigações. A sua actividade como pedagogo é, a par com a sua criação musical e jornalística, e discussão dos círculos sociais em que se movimentava, explorada na presente tese. Neste contexto, pretende-se a compreensão da sua efectiva influência nas gerações seguintes, partindo de dois compositores de gerações diferentes e contextos de aprendizagem distintos – Fernando Lopes-Graça (1906-94) e Joly Braga Santos (1924-88). Cada um dos discípulos encara o mestre e a sua presença de modo particular, num espectro da rejeição à identificação total em nuances perceptíveis na escrita privada e pública destas personagens e na música – sobretudo sinfónica – que, com dinâmicas e motivações díspares, compõem. Para o estudo de uma eventual genealogia composicional, criativa ou pedagógica, parte-se, primeiramente, de uma constatação e análise de uma genealogia discursiva. Esta, inegável – mais que a primeira –, tem contribuído largamente para a sedimentação da ideia da existência de uma escola criativa concreta, a partir dos ensinamentos de Luís de Freitas Branco. Luís de Freitas Branco (1890-1955) occupies an unquestionable place in the historiography of Portuguese music. Mentioned, in life and posthumously, not only as a composer, but also as a critic, chronicler, lecturer, musicologist and teacher, he seems to be one of the most studied figures of the 20th century by musicology in Portugal. However, the multiplicity of his activity and the complexity of many of the themes that were dear to him still trigger new approaches and investigations. In this thesis, we explore his activity as a pedagogue, along with his musical creations and journalistic writings, also discussing the social circles in which he used to move. In this context, the intention is to understand his effective influence on the following generations, starting from two composers from different generations and learning contexts – Fernando Lopes-Graça (1906-94) and Joly Braga Santos (1924-88). Each of the disciples sees the master and his presence in a particular way, in a spectrum of rejection to total identification, nuances that are perceptible in the private and public writings of these characters and in the music – mainly, symphonic music – which they compose, with different dynamics and motivations. For the study of an eventual genealogy – compositional, or creative –, we start with the perception and analysis of a discursive genealogy. This one, undeniable – more than the first –, has largely contributed to the sedimentation of the idea of the existence of an objective creative school, with its beginnings in Freitas Branco’s teachings.