1. The minority device and the government forms of conduct in contemporary times
- Author
-
Martins, Maria Marta, Sousa, Kátia Menezes de, Brito, Tarsilla do Couto de, Dorne, Vinícius Durval, Sargentini, Vanice Maria Oliveira, and Souza, Agostinho Potenciano de
- Subjects
Discurso ,Educação ,Sexualidade ,Mulher ,Woman ,Speech ,Dispositivo de menoridade e governo das condutas ,Sexuality ,Minority device and conduct governance ,Education ,LETRAS [LINGUISTICA, LETRAS E ARTES] - Abstract
Com base no pensamento de Michel Foucault e tendo em vista o conceito de dispositivo como maquinaria neoliberal, esta pesquisa de doutorado tem por objeto os modos de infantilização próprios do dispositivo de menoridade que recobrem a população brasileira, na atualidade. O corpus selecionado para análise está composto por um conjunto de enunciados provenientes de suportes digitais de informação, predominantemente do discurso jornalístico, que converge para um discurso político moralizante como vetor dos mecanismos e efeitos de menoridade e procede de três acontecimentos de grande visibilidade no presente: a Reforma do Ensino Médio, em abril de 2016, e, seguindo o lastro do pacote de medidas do governo Temer, a proposta de Reforma da Previdência enviada ao Congresso em 2016 e as alterações da Lei Trabalhista de 2017; o fechamento da exposição de arte Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, em setembro de 2017; e o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018. Denominado arqueogenealógico, o percurso metodológico tem em vista que, nos termos da Análise do Discurso Foucaultiana, o método é uma construção que inclui relações tanto discursivas quanto de poder/saber e coincidem com as linhas percorridas pelos mecanismos que fazem funcionar os dispositivos de poder e, portanto, o dispositivo de menoridade. Assim, o método não deixa de incluir também o dispositivo. A tese que pretendemos validar é a de que o dispositivo de menoridade, cujo funcionamento está orientado por certas técnicas de infantilização, está instaurado, em franco funcionamento e recobrindo a sociedade de controle brasileira, no presente. Cumpre esclarecer que essas técnicas de infantilização singulares ao dispositivo de menoridade não se confundem com a alienação marxista, nem com outros processos de doutrinação em que se façam presentes as figuras do repressor e do reprimido. Tal tecnologia de poder se situa no âmbito do afeto e da proteção por meio de um fenômeno em que, espontaneamente, muitos se permitem conduzir por alguns. No percurso estabelecido, o que se percebe é que infantilização com todas as nuances que o termo carrega (imaturidade, insegurança, medo, submissão...) serve como técnica de governo que conduz as condutas no caminho dos interesses do capitalismo neoliberal. Cunhado no universo das luzes, o termo menoridade diz respeito a uma negação do indivíduo em acessar o esclarecimento, entendido como exercício do pensamento por meio do qual se opera a condução de si. E é assim que a grande maioria da população terceiriza a condução da própria conduta, permanecendo em estado de menoridade. Entretanto, no mesmo espaço onde se opera a menoridade política e moral de que estamos tratando, cabem também a experiência alteradora e diferentes formas de resistência, por meio das quais o sujeito pode se modificar, fazer suas próprias escolhas e assumir a condução de sua própria conduta. Based on the thinking of Michel Foucault and in view of the concept of device as a neoliberal machinery, this doctoral research has as its object the ways of infantilization which are typical of the minority device that currently covers the Brazilian population. The corpus selected for analysis is composed of a set of statements from digital information media, predominantly from the journalistic discourse, which converges to a moralizing political discourse as a vector of the mechanisms and effects of minority and proceeds from three events of great visibility in the present: the High School Reform, in April 2016 and, following the backing of the Temer government's package of measures, the Social Security Reform proposal sent to Congress in 2016 and the amendments to the 2017 Labor Law; the closing of the Queermuseu art exhibition - Cartographies of Difference in Brazilian Art, in September 2017; and the murder of the city councelor Marielle Franco, in March 2018. Named archeogenealogical, the methodological path has in mind that, in terms of Foucault's Discourse Analysis, the method is a construction that includes both discursive and power / knowledge relationships and coincide with the lines covered by the mechanisms that operate the power devices and, therefore, the minority device. Thus, the method also includes the device. The thesis we intend to validate is that the minority device, whose operation is guided by certain infantilization techniques, is in place, in full operation and covering the whole Brazilian society of control, at the present It should be clarified that these infantile techniques which are unique to the minority device are not to be confused with Marxist alienation, or with other indoctrination processes in which the figures of the repressor and the repressed are present. Such technology of power is located in the scope of affection and protection through a phenomenon in which, spontaneously, many allow themselves to be led by some others. In the established path, what is perceived is that infantilization with all the nuances that the term carries (immaturity, insecurity, fear, submission ...) serves as a government technique that guides the conduct in the path of the interests of neoliberal capitalism. Coined in the universe of lights, the term minority refers to the individual's denial of access to clarification, understood as an exercise of thought through which self-conduct is operated. And that is how the vast majority of the population outsources the conduct of their own conduct, remaining in a state of minority. However, in the same space where the political and moral minority that we are dealing with operates, there is also the altering experience and different forms of resistance, through which the individual can change, make his own choices and assume the conduct of his own conduct.
- Published
- 2020