Sousa, Marcos Vinicius de, 1983, Mazzali, Marilda, 1963, Silva Filho, Alvaro Pacheco e, Manfro, Roberto Ceratti, Boin, Ilka de Fatima Santana Ferreira, Zollner, Ricardo de Lima, Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica, and UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Orientador: Marilda Mazzali Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas Resumo: A presença de anticorpos anti-HLA (antígenos leucocitários humanos) dirigidos contra antígenos do doador (DSA) está associada a risco de rejeição mediada por anticorpos (RMA), com potencial impacto negativo na função e sobrevida do enxerto. Tais anticorpos ligam-se aos antígenos endoteliais, causando lesão por ativação do complemento, citotoxicidade por células dependente de anticorpos ou ativação direta do endotélio. As especificidades dos DSAs podem influenciar na sua patogenicidade e resposta ao tratamento. O tratamento padrão de RMA consiste da associação de plasmaférese (PF) e imunoglobulina endovenosa (IVIG), embora as evidências sejam escassas. Entre 1.015 transplantes renais realizados entre 2012 e 2019, 251 apresentaram anticorpos anti-HLA detectáveis antes e/ou após o transplante renal, dos quais 42 pacientes que apresentaram diagnóstico de RMA. Vinte e cinco (59,5%) pacientes receberam tratamento com PF e IVIG, 13 (30,9%) apenas com IVIG, um (2,4%) apenas com PF e três (7,2%) sem PF e sem IVIG. Alguns pacientes receberam tratamento adicional com metilprednisolona e globulina anti-timócitos. Houve, nas biópsias renais, redução significativa dos escores de inflamação e de depósitos C4d após o tratamento, sem alteração na inflamação microvascular. Observamos redução significativa da intensidade média de fluorescência (MFI) dos DSAs de classe I e dos DSAs-DR, sem alteração nos DSAs-DQ. Quatro pacientes apresentaram associação de sinais histopatológicos de nefropatia membranosa (NM) com detecção de receptor de fosfolipase A2 na maioria desses casos. Sete (16,7%) pacientes evoluíram para falência do enxerto no primeiro ano pós-tratamento e apresentaram mais disfunção renal, proteinúria, tubulite e arterite intimal ao diagnóstico, comparados aos pacientes que permaneceram com o enxerto funcionante. A sobrevida do enxerto foi superior a 80% no primeiro ano pós-tratamento, com um caso de óbito com o enxerto funcionante por causa cardiovascular. Abstract: The presence of donor-specific anti-human leukocyte antigen (DSA) is associated with an increased risk of antibody-mediated rejection (AMR) episodes and a potential negative impact on graft function and survival. These antibodies’ main targets are endothelial cells through complement activation, antibody-dependent cell-mediated cytotoxicity, and direct activation of the endothelial cells. The DSA’s characteristics can interfere with its pathogenicity and treatment response. In AMR cases, the standard of care is the association of plasmapheresis (PP) and intravenous immunoglobulin (IVIG). However, evidence of the most effective therapy is lack. Among 1,015 kidney transplants performed between 2012 and 2019, 251 had anti-HLA antibodies detected before and/or after kidney transplantation, of which 42 patients were diagnosed with AMR. Twenty-five (59.5%) patients received treatment with PP and IVIG, 13 (30.9%) only IVIG, one (2.4%) only PP, and three (7.2%) without PP and IVIG. Some patients received additional treatment with methylprednisolone and anti-thymocyte globulin. There was, in renal biopsies, a significant reduction in inflammation scores and C4d deposits after treatment, without change in microvascular inflammation. We observed a reduction in the circulating class I DSAs mean fluorescence intensity (MFI) without changing this parameter in DSAs-DQ cases. Four patients showed histopathological features compatible with de novo membranous nephropathy (MN) associated with AMR, with phospholipase A2 receptor (PLA2R) detection in most of these cases. Seven (16.7%) patients presented graft failure in the first year after treatment and had more intense renal dysfunction, proteinuria, tubulitis, and intimal arteritis at AMR diagnosis. In this series, graft survival was higher than 80% during the first year post-treatment of AMR, with one death with a functioning graft caused by cardiovascular disease during follow-up. Doutorado Clínica Médica Doutor em Ciências