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No Brasil, a demarcação das terras indígenas visa conferir a esses povos a garantia de seu direito territorial originário. Estudos têm demonstrado que, além de proteger os direitos dos povos indígenas, esses territórios contribuem decisivamente para a conservação dos ambientes naturais, formando uma barreira contra o avanço do desmatamento. Em contrapartida, a expansão agropecuária, a exploração madeireira e a grilagem de terras têm sido apontadas como vetores antrópicos de pressão crescentes nessas áreas. Há, também, outros fatores menos documentados que podem influenciar a dinâmica do desmatamento nas terras indígenas. Nesse contexto, este estudo objetivou analisar a influência do avanço do processo de regularização fundiária das terras indígenas sobre as taxas de conversão de uso de solo (da vegetação natural para uso antrópico) nas cinco terras indígenas mais desmatadas em 2023. A hipótese deste estudo é que a publicação de atos oficiais do processo fundiário está associada ao aumento da degradação ambiental, possivelmente como estratégia para reverter e/ou retaliar o procedimento demarcatório. O estudo baseou-se na análise dos dados de conversão do uso de solo no período de 1985 a 2022, e, com uso do algoritmo DBEST, identificou as mudanças e tendências relacionadas ao período de publicação dos atos do rito sumário de reconhecimento das terras indígenas. Os resultados da análise indicaram a existência de associação entre a publicação dos atos do procedimento fundiário e as taxas de conversão do uso de solo para as terras indígenas estudadas, corroborando a hipótese apresentada. Esses resultados obtidos devem contribuir para o direcionamento de políticas públicas mais efetivas para a proteção dos territórios indígenas.

O setor florestal em países em desenvolvimento pode contribuir para combater a mudança climática através de negociações financeiras, sendo o mecanismo de REDD+ uma abordagem proeminente. A abordagem de REDD+ jurisdicional (J-REDD+) surgiu para países de grandes dimensões como o Brasil, cujas particularidades regionais ou estaduais podem influenciar na dinâmica de implementação do REDD+. Este estudo analisa a implementação do J-REDD+ no Amazonas (AM) de 2005 a 2022. Usando-se análises de documentos oficiais e estudos acadêmicos, uma matriz SWOT foi criada para identificação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças na implementação do J-REDD+. Foi percebido que as forças incluem políticas públicas, combate ao desmatamento, governança, monitoramento e metas de redução do desmatamento. As fraquezas englobam a falta de um plano estadual de REDD+, aumento recente de desmatamento, desafios estratégicos, representatividade limitada de PIPCTs em colegiados e mecanismo de transparência. Externamente, a oportunidade reside em financiamento crescente para projetos. No entanto, as ameaças incluem a falta de financiamento continuado, mudança na constituição de equipes e a descontinuidade dos programas do governo local. Concluiu-se que a implementação do J-REDD+ em ambas as escalas é crucial para que esse mecanismo contribua efetivamente para a mitigação da mudança climática, atendendo às necessidades presentes e futuras.

A pecuária no Brasil teve papel relevante na formação do espaço rural. Tal processo ocasionou um passivo ambiental, pois se desenvolveu sem considerar os impactos ao meio ambiente, relativos à erosão e compactação dos solos, emissão de gases de efeito estufa (GEE), além do uso intensivo de terra e dos recursos hídricos. Em significativa parcela das propriedades o manejo inadequado resultou em pastagens com níveis de degradação. A literatura aponta a importância da intensificação da tecnologia como forma de garantir pastagens sustentáveis. Esta pesquisa tem por objetivo analisar a relação entre nível tecnológico de produção de bovinos e de degradação de pastagens na Bacia Hidrográfica do Rio Vermelho, em Goiás - Brasil. Esta área é considerada como representativa da pecuária no cerrado brasileiro. Foi utilizada amostra estratificada por compartimentos com 60 estabelecimentos agropecuários. Utilizaram-se as técnicas de análise de correspondência múltipla, análise de cluster e regressão beta para obter o Índice de Degradação de Pastagens (IDP). Verificaram-se associações bivariadas entre o Índice Tecnológico (IT) e as variáveis: renda, relevo e tamanho da propriedade. Foi possível constatar o emprego de maior nível tecnológico nas maiores propriedades e em terrenos mais planos. Também se constatou que o maior nível tecnológico propicia maior remuneração aos gestores. Porém não se observou relação entre a tecnologia empregada nos estabelecimentos e taxa de lotação animal, o que pode comprometer os resultados econômicos e bem-estar animal. Assim, como não foi observada associação entre índice tecnológico e índice de degradação de pastagens, sugerindo ocorrência de degradação de pastagens, mesmo quando do uso de tecnologias na produção de bovinos.

There was a significant expansion of production of sugarcane from the second half of the 2000s in Brazil, especially in new areas of cultivation, such as in the state of Goiás. A research structure oriented to the segment supported this expansion, which is associated with environmental, social and economic impacts. The aim of this paper is to identify how technology producers for the sector realize these impacts. The results show a perception that emphasizes the economic aspects and tends to underestimate the environmental and social impacts. The perception of researchers (technology producers) and sugarcane businessmen tends to be similar. Approaches the business segments of this sector. Keywords: Environmental Impacts; Technological Innovation; Expansion of Sugarcane Production.

In Brazil, the cultivation of sugar cane is regarded as emitting greenhouse gases (GHGs) when associated with the use of burnings in the pre-­‐harvest, depending also on the physiognomy of native vegetation converted to its installation (i.e. in the format of grass, bushes or trees). This study aims at estimating GHG emissions in areas of sugarcane cultivation in the State of Goiás, core area of the Cerrado biome, between 2005 and 2009. Thus, it was considered the hypothetical use of pre-­‐harvest burning and its gradual reduction. The areas with sugarcane fields and where fire is used were also identified, providing actual data for the recalculation of GHC emissions. The maps show a concentration of sugarcane cultivation in the southern, central and southwestern areas of Goiás. Assuming all that sugarcane production is exposed to fire (during the reference period), it was observed the emission of four greenhouse gases (methane, nitrous oxide, carbon monoxide and nitrogen oxide). The Federal Law helps restrain the use of fire, allowing the replacement of this technology. In Goiás, the extent of areas with burning cane fields are fragmented and small, emitting 105.95 Gg C-­‐CO2e in the period studied (14.75% of total area for planting of the sugarcane), making production relatively clean.

Este artigo surgiu da necessidade de construção de um modelo operacional que dê sustentação científica, tecnológica e qualitativa à avaliação de riscos ambientais. Tratouse inicialmente da definição de risco e como operacionalizar empiricamente este conceito. A maneira como as pessoas encaram e se comportam diante de situações de risco é uma das questões mais importantes na operacionalização de risco ambiental. Discutiu-se ainda, modelos que buscam operacionalizar o conceito risco ambiental, confrontando-os com a teoria sobre risco na modernidade. Este estudo de caso demonstra o quanto avaliação e percepção de risco das pessoas de senso comum é diferente da realizada pelos sistemas peritos.