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Este artigo descreve os compromissos ontoepistemológicos e políticos entre a Linguística e o Projeto Cibernético no campo das ciências humanas e nos desdobramentos tecnopolíticos do capitalismo digital. Para tanto, partimos teórico-metodologicamente da antropologia simétrica (LATOUR, 2009, 2011, 2012, 2016 E 2017; DOMENECH; TIRADO, 1998) e do princípio da simetria generalizada (CALLON, 1986; LATOUR; WOOLGAR, 1997) para lançar sobre a Linguística um olhar crítico, em busca de descrevê-la como rede sociotécnica fruto de composições, agenciamentos, interessamentos entre cursos de ação intra e extracientíficos. Com o resgate originário da dimensão militar e política da Cibernética, deparamos com a matematização da linguagem e da comunicação enquanto aquilo que a aproxima da Linguística ou vice-versa, com o consequente projeto de controle da performatividade e sua lógica de dessubjetivação do outro. Por fim, essa análise levanta a questão sobre ações em curso, na Linguística ou fora dela, que denotem resistência à refinada exploração humana por meio da linguagem e da interação, em tecnologias digitais.

Este artigo aborda o impacto da inteligência artificial (IA), em particular da visão de máquina, na identificação de gênero, destacando desafios e implicações para pessoas de gêneros dissidentes, entendidos, neste trabalho, como indivíduos que divergem do regime binário de generificação de corpxs enquanto homens ou mulheres (PRECIADO, 2018). O cerne do problema reside na análise de características faciais e padrões visuais para identificar o gênero, uma prática que, frequentemente, se baseia em padrões binários, exclui e marginaliza pessoas cujas identidades de gênero transcendem essas normas. A consequência desse viés é a perpetuação da transfobia algorítmica, em que máquinas, ao serem programadas para interpretar o gênero, podem negligenciar e excluir indivíduos que não se identificam com o sexo atribuído ao nascimento. Nesse sentido, propomos a análise de casos de transfobia algorítmica por meio de uma pesquisa exploratório-descritiva que abarca relatos on-line de agressões relacionadas à imagem de pessoas trans* em plataformas digitais. O estudo explora uma variedade de fontes, como notícias, blogs e canais de reclamação, entre 2020 e 2022. A análise identifica categorias emergentes, abordando a discriminação relacionada à imagem de pessoas trans*. O referencial teórico abarca discussões sobre identidades de gênero (FOUCAULT, 1978; SALIH, 2012; BUTLER, 2018; SOUZA 2022); pós-digital, plataformas e visão de máquina (DJICK; POELL; WALL, 2018; SILVA, 2021; STORM, 2021; KAUFMAN, 2022; SHIH, 2023). Os resultados destacam a persistência da transfobia no Tinder, com exclusões arbitrárias de contas de pessoas trans*. Denúncias no Reclame Aqui revelam inconsistências nas políticas do Instagram, evidenciando transfobia estrutural. O uso do reconhecimento facial levanta preocupações sobre discriminação algorítmica, destacando a necessidade de regulamentação. A pesquisa ressalta a urgência de ações para combater a discriminação sistêmica e propõe o abandono da rotulação de gênero em sistemas de IA para promover equidade.

A cultura do cancelamento é uma expressão usada para se referir a uma forma de estigmatização social em que alguém é empurrado para fora dos círculos sociais ou profissionais devido a uma conduta considerada ofensiva pelos pares e pelo público em geral. Este artigo discute as características deste processo no ciberespaço a partir de uma pesquisa documental junto à imprensa e à rede sociodigital X entre os anos de 2018 e 2022. O objetivo foi demonstrar a presença de padrões e recorrências na prática do cancelamento contra personagens públicos sugerindo haver a existência de três tipologias principais: os cancelados, os revogados e os incanceláveis. Foram analisados 18 casos de cancelamento com grande repercussão na sociedade brasileira, dos quais 4 foram selecionados para indicar a existência destas tipologias. Os resultados alcançados indicam que a cultura do cancelamento, embora multifacetada, possui características próprias a cada tipo. De um modo geral, seus desdobramentos apontam para a relevância cultural e política do debate sobre o impacto das redes sociodigitais nos comportamentos sociais offline, uma vez que os resultados revelam a possibilidade de reação e manifestação da opinião públicas a práticas e discursos considerados moralmente ofensivos, em particular direcionados a grupos historicamente marginalizados e oprimidos.

Neste diálogo com Yuk Hui, Eduardo Viveiros de Castro discute seu trabalho sobre o perspectivismo ameríndio e o multiculturalismo; a relação entre natureza, cultura e técnica em seus estudos etnográficos; bem como a necessidade de uma definição não antropológica de tecnologia. Também trata de um futuro assustador da crise ecológica e da automação do Antropoceno, além de explorar um “primitivismo estratégico” como ferramenta de sobrevivência.

Editorial

Quando o filósofo Yuk Hui (2020a) introduz o conceito de tecnodiversidade no universo das discussões acerca da tecnologia, ele abre caminho para entendermos esse termo e outros que o cercam – como a ideia de progresso – como sendo sempre “localizado”, ou seja, como fruto de nossas visões de mundo, imbricado nas condições materiais, sociais, históricas e políticas da produção do saber. O presente trabalho busca contribuir com essa discussão a partir de uma análise de “Frankenstein”, de Mary Shelley, como um exercício de crítica da ciência moderna ocidental, o qual surge justamente no momento de consolidação desse ideal de ciência no século XIX. O romance, ao revelar tensões fundamentais entre o desejo de conhecer e suas consequências, questiona as alianças da ciência com ideais igualmente situados de progresso e natureza, desafiando a visão tradicional da ciência como algo separado do humano e, assim, separado das Humanidades. A obra proporciona reflexões importantes sobre a construção de epistemologias que integram ciência e humanidades como igualmente produtos das culturas nas quais estão situadas; tanto as ciências quanto as humanidades estariam, portanto, igualmente enraizadas em seus contextos socio-históricos-políticos específicos. Dessa forma, ao examinarmos as páginas de “Frankenstein”, somos convidados a refletir sobre as implicações de nossos modos de conhecer e habitar o mundo, o que torna a literatura no geral e a ficção científica em específico ferramentas potentes para pensar as ciências, humanas ou não, e suas tecnologias.

O texto aborda a importância de considerar as interações sociais e as relações de poder ao analisar a evolução das tecnologias e suas implicações sociotécnicas. Critica a mistificação da Inteligência Artificial promovida pelo marketing das grandes empresas e destaca a necessidade de compreender os sistemas algorítmicos e suas influências econômicas, políticas e ideológicas. Aponta a alienação técnica e o solucionismo como elementos que limitam a compreensão das tecnologias e propõe uma abordagem crítica e propositiva para construir outras tecnologias que atendam às necessidades e visões de mundo das sociedades.

O conceito de face ganhou bastante destaque nos estudos sociológicos e linguísticos, especialmente na área da pragmática e sociolinguística interacional. Postulado na década de sessenta, e embora coerente com a atualidade, o conceito não abriga as características das interações da pós-modernidade. Portanto, este texto tem como objetivo atualizar o conceito de face relacionando-o aos estudos da polidez e da positividade na performance do “eu” em interações das redes sociais. Proponho que a face positiva, em tempos de capitalismo tardio, seja considerada uma face essencialmente positivada, a começar pela essência individualista do paradigma de polidez, que, talvez influenciados também pelo contexto histórico e social da época se permitiram vislumbrar um conceito tão alinhado com a perspectiva já apontada. Para isto, foi realizada uma revisão bibliográfica que incluiu os estudos de Goffman (1963a;1963b;1967;1975), Brown e Levinson (1987), Bourdieu (2010), Brinkmann (2022), Cabanas e Illouz (2022), Han (2019), Ortega e Gasset (1962), Barros (2011), Recuero (2009), Strömquist (2023), entre outros. Considerando o contexto do capitalismo tardio e da intensificação das interações sociais através das redes sociais da internet, defendo que a face é monetizada, sendo ela essencialmente positivada por meio de uma fluidez inerente variando conforme o contexto e o nicho interacional.

Este artigo visa a evidenciar de que modo as big techs, via escolhas de algoritmo para configuração de redes sociais, afetam o canal comunicativo e, consequentemente, o contexto de produção das performatividades linguísticas online. Com esse propósito, apresenta-se discussão inicial sobre características dos novos contextos digitais de enunciação (MARWICK; BOYD, 2010; VARIS, 2016), para então, utilizando-se de exemplos de atividade linguísticas em espaços públicos virtuais, demonstrar que designs computacionais modulam escalas nos diferentes níveis do ato performativo (AUSTIN, 1962), contribuindo de modo coadjuvante, enquanto extensões do sujeito (MCLUHAN, 1964), para usos predatórios da linguagem como dispersão de desinformação e subversão de discursos e identidades. Esta publicação ainda se relaciona temporal e tematicamente à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, referente aos ataques do dia 8 de janeiro de 2023 na capital brasileira e ao Projeto de Lei Nº 2630, Lei das fake news, trazendo enunciações referentes a esses recentes fatos nacionais como elementos prototípicos da temática aqui desenvolvida. Propõe-se, por fim, a necessidade de maior autonomia dos usuários sobre as tecnologias como condição para se evitar a manutenção de desigualdades sociais e propiciar, às minorias do poder, a produção de ações contra hegemônicas em ambientes digitais.

Esta resenha aborda a obra "Cidadãos Substituídos por Algoritmos" de Néstor García Canclini, cujo objetivo é demonstrar que, no estado atual, o uso de redes sociais em massa, com consciência e engajamento político, funciona como uma nova forma de exercício da cidadania. Ao longo do livro, o autor dialoga sobre a maneira pela qual a mobilização pelas redes já propiciaram importantes embates revolucionários neste século. Dessa forma, a obra apresenta uma perspectiva bastante positiva do uso da tecnologia, sendo ela capaz, inclusive, de formatar novas formas de participação social que estão além da mobilização partidária.

Escrita en homenaje al joven afroamericano asesinado en 1955 en la región de Money, Mississippi, «Elegía a Emmett Till» constituye un importante registro de la producción poética de Nicolás Guillén, tanto por su relevancia histórica y estética como por establecer un diálogo directo con la agencia racial del escritor cubano, quien es ampliamente reconocido por su tradición literaria de compromiso social y político. Partiendo de una breve contextualización de las circunstancias del crimen, en diálogo con las complejas experiencias raciales de la realidad social norteamericana, este artículo analiza algunos aspectos temáticos y estilísticos de la composición de la elegía al examinar cómo Guillén articula imágenes y metáforas para transmitir su mensaje de duelo por Emmett Till y de denuncia contra las opresiones históricas sufridas por la población afrodescendiente en Estados Unidos. El análisis propuesto pretende no solo ofrecer interpretaciones para una comprensión crítica del poema y sus elecciones discursivas, sino también reflexionar sobre su significado como expresión artística de la lucha por la igualdad y la justicia socio-racial.

En el presente artículo se realiza una revisión exhaustiva de diferentes documentos archivados en la Universidad de Costa Rica para: resaltar el trabajo de la Escuela de Filología, Lingüística y Literatura, desde sus inicios, en el campo de la redacción; señalar los marcos referenciales empleados en la enseñanza de los cursos específicos de redacción (Composición y Estilo, Curso Básico de Redacción y Expresión Escrita I y II) y discutir acerca de la existencia o inexistencia de cambios de paradigma en los programas de dichos cursos a través de los años.

Este trabajo explora algunos procesos fonológicos del dí’ztè, una lengua zapoteca hablada en la Sierra Sur y Costa del estado de Oaxaca, a partir de un texto oral. En esencia, este trabajo muestra que el análisis de un discurso en habla corrida ofrece una mayor riqueza de procesos fonológicos de los que ofrece un análisis basado en listas de palabras o palabras dentro de frases marco. El texto que analizamos —Liz mbol Wel— es de tradición oral xiche y narra la historia de una familia originaria de la comunidad de Piedra del Sol en Santo Domingo de Morelos que vivía en una casa muy pequeña. Ante la llegada de más miembros, la esposa de Don Manuel hace la petición de construir una casa más grande, Don Manuel accede y recurre al apoyo de la comunidad para construir su nueva casa. En agradecimiento, ofrece una comida con tortillas, mole de gallina y tepache. Basándonos en este texto oral corto, analizamos algunos procesos fonológicos de la lengua.

Este dossier propone una reflexión crítica acerca de la dicotomía vergüenza/orgullo como eje articulador del universo LGTB antes y después de los movimientos de liberación de los 70. En el conjunto de artículos, se pretende demostrar que esa dicotomía es, en realidad, reductora, pues tanto las vivencias cotidianas como las producciones literarias, audiovisuales y cinematográficas producidas en España y Latinoamérica a lo largo de los siglos XX y XXI demuestran que el orgullo y la vergüenza se tensionan de manera compleja: ni el orgullo triunfa de manera absoluta a partir de la “liberación” de la década de 1970, ni la vergüenza es la experiencia paradigmática del periodo previo. Los artículos exploran, en discursos muy diversos –novelas, diarios, poesía, artes plásticas, documentales, puestas teatrales– cómo el orgullo y la vergüenza constituyeron las subjetividades –y las manifestaciones artísticas– de creadores disidentes tanto en contextos mayormente hostiles a la diversidad sexogenérica, como en otros progresivamente más tolerantes.

Una de las fuerzas motrices de la producción artística de Gregorio Prieto es una clara pulsión narcisista patente en el gran número de autorretratos presentes tanto en su pintura como, sobre todo, en las series fotográficas de juventud realizadas en su estancia en Roma entre 1928 y 1933. A través de la pantalla de la admiración del mundo clásico y de la incorporación de los lenguajes de vanguardia ―especialmente el surrealismo― construyó una suerte de biografía imaginada en la que el autorretrato funciona como una forma de afirmación de un yo consciente de navegar en el ámbito de la “diferencia”. En contraposición a algunos de sus compañeros de generación también homosexuales ―como Lorca o Cernuda― no hay señales, en su obra, de una visión angustiada o desasosegante de la experiencia homosexual, por el contrario, su trabajo alcanza una desinhibición (homo)sexual radicalmente vanguardista.

La publicación póstuma de Paris-Austerlitz (2016) del escritor español Rafael Chirbes (1949-2015) fue celebrada en determinados medios como una salida del armario, siguiendo de esta forma un guion fundacional del orgullo gay. La también reciente publicación de los Diarios de Chirbes en dos volúmenes (2021, 2022) demuestra sin embargo la relevancia del dolor homosexual masculino como génesis del proceso creativo en la novela póstuma. La tensión entre el orgullo y el dolor homosexual en la recepción de estos textos contribuye no solo a la notoriedad pública del escritor Rafael Chirbes, sino que proporciona un conocimiento indispensable acerca de la relación entre el género sexual y el literario. La escritura autobiográfica de Chirbes demuestra la contingencia política de una experiencia afectiva que reproduce y transforma las expectativas del género sexual, a la vez que nos obliga a reconsiderar la retórica triunfalista del orgullo gay.

El grupo poético Cántico desarrolló su labor principalmente entre los años 40 y 50 del pasado siglo en Córdoba (España). Hasta los años 2010, el interés de la historiografía literaria hispánica se centraba en el excéntrico espacio poético que ocupaban sus autores en la literatura de la posguerra civil. La publicación del Diario (2011) de Juan Bernier, principal animador del grupo, sorprendió y sobrecogió por la exhaustividad y crudeza con la que reconstruye sus prácticas pederásticas homosexuales, las de sus compañeros y el ambiente represivo contra la disidencia, especialmente, mediante el mecanismo de la vergüenza social. El cotejo de dos textos autobiográficos, el Diario de Bernier y el de su compañero de grupo, Ricardo Molina, permite descubrir la influencia esencial de la propuesta ética pederástica de André Gide. Estudiar este ascendiente intelectual y literario como dispositivo tolerado de negociación del deseo hacia los efebos constituye un capítulo esencial del archivo homosexual contemporáneo.

Habíamos ganado la guerra, uno de los textos autobiográficos de Esther Tusquets, publicado en 2007, permite enriquecer la cuestión de la representación del homoerotismo en sus novelas. La disidencia sexual del personaje de José, uno de los primeros amores de la joven Esther, puede ser entendida no solo como la recuperación de su pasado, sino como un reflejo del momento presente de la escritura, a través de las estrategias narrativas y dramáticas elegidas en el proceso de creación. Desde esa perspectiva, de la mano de estudios teóricos sobre autobiografía e histórico-sociales, se analiza de qué modo el episodio donde se narra su historia con José dialoga tanto con su “yo” de la juventud, vigente entonces la modificación de la Ley de Vagos y Maleantes, como con la autora que publica en 2007.

La psicología y la antropología cultural se han ocupado de la vergüenza. En la tradición occidental, la vergüenza se suele analizar en relación con la sexualidad y las variantes homosexuales se consideraban especialmente “vergonzosas”. Sólo con la aparición del movimiento gay y de los estudios gais se puede identificar una tendencia opuesta a la vergüenza: el orgullo de ser gay. Como resultado, se nota un animado debate sobre la vergüenza y el orgullo dentro de las comunidades gais, que se ve promovido por el SIDA en la década de 1980. Entonces, una dicotomía entre vergüenza y orgullo domina el discurso, lo que se confirma, por ejemplo, en las autobiografías de novelistas gais que escribieron antes y después del cambio de milenio: en Juan Goytisolo y Luisgé Martín. Mientras que la vergüenza predomina en el relato de Goytisolo, las novelas de Luisgé Martín no son documentos de orgullo, pero sí lo es su autobiografía, donde habla un hombre felizmente gay.

La lectura del primer libro traducido al castellano de la profesora e investigadora Marcy Schwartz y la conferencia que ella presentó en marzo de 2023 en la Facultad de Filosofía y Humanidades de la Universidad Nacional de Córdoba (UNC), Argentina, motivaron la realización de esta entrevista. La conversación intenta relevar el estimulante trabajo de Schwartz para estudiar los complejos y siempre heterogéneos vínculos de las culturas urbanas latinoamericanas, los archivos, los restos, lo archivable y lo inarchivable como posibilidad de conocimiento.

La represión de la diversidad sexual anterior al Orgullo es el tema de un creciente número de películas documentales estrenadas en la segunda década del siglo XXI, entre las que se encuentra La memoria homosexual (2019) de Espino Diéguez. Un análisis de este documental como caso de estudio revela que las estrategias enunciativas del género documental, tales como los modos expositivo y participativo, resultan aptas para la recuperación de una memoria audiovisual queer capaz de rescatar las experiencias de la vergüenza y el oprobio desde perspectivas más claramente alineadas con el Orgullo. Este tipo de recuperación de la memoria establece una doble temporalidad, ya que el relato de las experiencias memorializadas participa de las premisas discursivas de la coyuntura histórica desde la que se enuncia, caracterizada tanto por la hegemonía de la memoria democrática como por procesos de hipernormalización de la diversidad sexual.

La obra autobiográfica de David Vilaseca, publicada en 2017 y adaptada para la escena en 2022, problematiza las divisiones binarias entre verdad y ficción, éxito y fracaso, así como varias iteraciones de la dinámica entre vergüenzas y orgullos. Mediante el análisis de algunos momentos destacables de la obra de Vilaseca, este ensayo lanza una mirada sobre varios de los debates prevalentes entre los estudiosos de lo queer en los últimos años, como la exploración de las tensiones alrededor de la idea de “vergüenza” o la evaluación crítica tanto del llamado giro antisocial como de la visión utópica de las epistemologías antinormativas. Además, se pretende reivindicar a David Vilaseca, figura pionera en la introducción de las Teorías Queer en los estudios ibéricos y la catalanística y autor de una obra literaria monumental que se mueve en los resquicios entre la autobiografía y la ficción.

En el Libro centroamericano de los muertos (2018), Balam Rodrigo presenta el drama de las comunidades migrantes centroamericanas en su travesía por el territorio mexicano hacia los Estados Unidos. El poeta chiapaneco recurre a procedimientos intertextuales como el palimpsesto para denunciar la sistemática vulneración de los derechos humanos de las comunidades centroamericanas, desde la época de la Conquista hasta nuestros días, de modo que retoma documentos como la Brevísima relación de la destrucción de las Indias de fray Bartolomé de las Casas, para exponer el sufrimiento de las poblaciones migrantes contemporáneas. En el poema se expresan las torturas, secuestros, violaciones, desmembramientos y desapariciones que sufren los y las migrantes en su recorrido sobre La Bestia (nombre popular de la red de trenes de carga que transitan por México), de modo que se presenta el cuerpo violentado y fenecido como espacio de la dominación, el borramiento y la diferencia.

A partir de una pregunta en torno a la posición “diaspórica” de algunos autores singulares de la crítica cultural en América Latina, siempre a medio camino entre la filiación académica y cierta posición díscola respecto de sus cada vez más burocratizadas prácticas de administración del saber, se propone una lectura de tres textos representativos del crítico brasileño-argentino Raúl Antelo: Crítica acéfala, Archifilologías latinoamericanas. Lecturas tras el agotamiento y A ruinologia. Estos textos raros y problemáticos parecen enunciarse desde una posición que no sólo revisa (pos)críticamente los fundamentos de la crítica concebida en términos más convencionales, sino que se desplaza hacia el comportamiento de las apuestas más radicales del conceptualismo artístico; es decir, en ellos, la crítica deviene acto: intervención. Y en ello reside su contundente emergencia en el marco de los estudios literarios y culturales contemporáneos.

Una constante en la poética de Ricardo Piglia es la relación inherente entre crítica literaria y ficción a propósito de los diversos registros discursivos en su obra, al integrar géneros discursivos como el prólogo, el diario, la entrevista, las clases por televisión o las posiciones sobre literatura de los personajes de sus novelas. Aquí se analiza esa relación a partir del estudio de los trece prólogos que Piglia escribió para la Serie del Recienvenido (2012-2015) desde un enfoque que se concentra en sus procedimientos combinatorios y permite reactualizar el debate sobre la tradición y la renovación literarias.

Las relaciones entre paisaje y escritura en Los llanos de Federico Falco y su relación sobre el uso del concepto paisaje, en el contexto rioplatense y en la tradición literaria argentina, constituyen el objeto de este trabajo. Para ello, se parte de propuestas de Graciela Speranza, Jens Andermann, Graciela Silvestri, Fernando Aliata y Horacio González. Algunas preguntas guías son: ¿Cómo se escenifica en este texto una historia de la pampa como paisaje? ¿De qué formas se desarrolla la idea de la pampa como resto en la novela? ¿Hacia dónde nos guía ese trabajo difícil de Los llanos por tratar de describir la llanura?

La ciencia de la literatura que emergió a finales del siglo XIX configuró una enseñanza literaria enmarcada en la cultura del comentario, cuyo rasgo sobresaliente fue la división de lenguajes, pues la disertación no debía estar escrita en la forma de su objeto. Esta división de lenguajes condujo a una instrumentalización de la literatura, donde el texto literario se usa para reproducir un saber ya sabido. En las últimas décadas, como reacción a esta enseñanza, han surgido pedagogías (humanistas o del placer) que pretenden un contacto directo con la obra, despojado de teoría. Me parece que son pedagogías que se precipitan hacia formas de conocimiento epistemológicamente ingenuas. En consecuencia, como se propone en este ensayo, la enseñanza literaria debería avanzar hacia una enseñanza articulada en dos dimensiones: 1) una epistemología de la lectura; 2) una enseñanza de la escritura de la lectura que retorne a la cultura retórica.

Este artículo aborda el estudio de la evidencialidad como la categoría conceptual-funcional responsable de manifestar la fuente de información declarada en un discurso. Por tanto, se realiza una investigación de esta categoría lingüística en reportajes del periódico Juventud Rebelde. El análisis en esta tipología textual sirve para observar las funciones que las unidades evidenciales escogidas ejercen para la construcción de efectos de sentido, tales como la fiabilidad, credibilidad, y/o (des)compromiso ante lo dicho. El abordaje se realiza desde la base funcionalista de la Gramática Discursivo-Funcional de Hengeveld y Mackenzie (2008) y bajo los preceptos de una metodología cualitativa apoyada en herramientas cuantitativas. Se acomete la indagación con el objetivo de identificar los diferentes usos de la evidencialidad en el Nivel Interpersonal en la construcción discursiva. El trabajo contribuye a profundizar en esta categoría desde la perspectiva funcionalista, poco abordada en los estudios lingüísticos en Cuba.

Considerando la relevancia de la noción de sentido para los estudios del lenguaje, este artículo realiza un recorrido por los seminarios y escritos de Jacques Lacan con el objetivo de analizar los modos en que se emplea este término. Revisamos las conceptualizaciones que se construyen en torno al sentido para establecer puntos de diálogo con el análisis del discurso. Este trabajo permite identificar cuatro periodos temporales en los que se ubican diferentes entramados teóricos en torno a esta categoría: 1953-1957, en el que el sentido es pensado en relación con las formaciones del inconsciente; 1957-1964, en el que se lo articula con la cadena significante y el Otro; 1964-1974, en el que se lo diferencia de la significación y se lo caracteriza como semblante, y, finalmente, 1974-1977, en el que se lo distingue de lo real. Estos momentos evidencian continuidades respecto a las elaboraciones que se entretejen, pero también rupturas significativas: mientras que la referencia al sentido fallido —nunca se alcanza el todo-sentido— permanece a lo largo de las enseñanzas, en los últimos años se ubica una fuga de sentido que reenvía a un más allá, anclado en lo real, por fuera del discurso.