Given the increasing use of electronic devices, and the increasing number of complaints with its use, we intend to evaluate the prevalence of manifestations of dry eye and ocular fatigue in a population of individuals, who use the computer daily to perform all their professional tasks, as well as to correlate these complaints with the number of hours of digital use as well as their possible improvement with behavioural measures and use of tear drops.A total of 77 individuals (154 eyes) were evaluated on two separate days with a 1-month interval. They completed two questionnaires: OSDI and PEG Eye Fatigue. An objective ocular surface assessment was performed: Schirmer test without anesthetic, DR-1a Dry Eye Monitor™, hyperemia evaluation, lacrimal break up, presence of keratitis and lesions in the conjunctiva, as well as near accommodation point and near convergence point. After the first evaluation, the subjects were divided into two groups: group A (2 hours of computer working) and group B (2 hours of computer working). Some environmental measures to reduce complaints and recommendation of use of artificial tears were explained to the latter.There was a statistically significant difference in the majority of the parameters evaluated in the group B, in relation to the morning period (group A) - tear film (p = 0.032), hyperemia (p0.001), BUT (p0.001), keratitis (p0.001), conjunctival lesion (p = 0.002) and accommodation point (p0.001). In the evaluation - one month later - there were no statistically significant differences in any of the parameters analysed in the group A, and in group B there was a decrease in most parameters at the end of that period - Schirmer test (p = 0.005), lacrimal film (p = 0.022), keratitis (p0.001), conjunctival lesion (p = 0.005) and fatigue score (p0.001).It was thus possible to show the appearance of ocular fatigue and ocular surface changes with prolonged use of computers (2 hours) as well as a significant improvement in symptomatology (subjective assessment) as well as of ocular surface changes (objective evaluation) with the implementation of postural measures, regular breaks and use of lubricants. This is the first study, to the best of our knowledge, of digital asthenopia in which, in addition to the subjective evaluation, the presence of ocular surface modifications (objective assessment) were evaluated and the respective improvement with the aforementioned ergophthalmological measures were evaluated.This survey highlights the increased overall level of awareness that we need to have to face the rapid and wide-scale changes driven by the emergence of digital technology and, more particularly, its impact on user's vision and posture. We concluded that the longer we use the electronic devices (more than two hours) the more severe the complaints and rates of ocular surface changes are. Environmental and ocular strategies can attenuate or even eliminate the discomfort caused by this syndrome, and increase professional performance and quality of life.Introdução: Atendendo ao uso crescente dos dispositivos eletrônicos, e o consequente aumento de queixas oftalmológicas com o seu uso, pretendemos com este estudo avaliar a prevalência de manifestações de olho seco e fadiga ocular numa população de indivíduos, de uma empresa de ‘outsourcing services’ e que utilizam o computador diariamente para realizar todas as suas tarefas. Material e Métodos: Um total de 77 indivíduos (154 olhos) foram avaliados em dois dias separados por um intervalo de um mês. Completaram dois questionários: OSDI e GPE Fadiga Ocular. Foi realizada uma avaliação objetiva da superfície ocular: teste de Schirmer sem anestesia, DR-1a Dry Eye Monitor™, avaliação hiperémia, rotura lacrimal, presença de queratite e lesões da conjuntiva, bem como avaliação do ponto próximo de acomodação e ponto próximo de convergência. Após a primeira avaliação, dividiu-se a amostra em dois grupos: grupo A (2 horas de trabalho no computador) e grupo B (2 horas de trabalho no computador). Ao grupo B foram explicadas algumas medidas ambientais para reduzir as queixas de astenopia digital e recomendou-se uso de lágrima artificial de acordo com as necessidades. Resultados: Observou-se uma diferença estatisticamente significante na maioria dos parâmetros avaliados no grupo B, quando comparado com o grupo no período da manhã (grupo A) - filme lacrimal (p = 0,032), hiperémia (p0,001), BUT (p0,001), queratite (p0,001), lesões da conjuntiva (p = 0,002) e ponto próximo de acomodação (p0,001). Na avaliaçã o - um mês depois - não houveram diferenças estatisticamente significativas em nenhum dos parâmetros analisados no grupo A, enquanto que no grupo B houve redução na maioria dos parâmetros ao final desse período - teste de Schirmer (p = 0,005), filme lacrimal (p = 0,022), queratite (p0,001), lesões da conjuntiva (p = 0,005), ponto de convergência próximo (p = 0,001) e score de fadiga (p0,001). Discussão: Foi assim possível objetivar o aparecimento de fadiga ocular e alterações da superfície ocular com o uso prolongado de computadores (2 horas) bem como uma melhoria significativa da sintomatologia (avaliação subjetiva) e melhoria da superfície ocular (avaliação objetiva) com a implementação de medidas posturais, pausas regulares e uso de lubrificantes. Este é o primeiro estudo, tanto quanto temos conhecimento, de astenopia digital em que para além da avaliação subjetiva se avalia a presença das referidas alterações da superfície ocular e a sua melhoria com as medidas ergoftalmológicas mencionadas. Conclusão: Este estudo realça a necessidade de estarmos alerta para as constantes e rápidas mudanças relacionadas com o uso crescente dos diferentes dispositivos digitais, bem como com o seu impacto oftalmológico e postural. Concluímos desta forma que quanto mais tempo usamos os dispositivos eletrónicos (2 horas), maiores são a probabilidade de desenvolver queixas e alterações da superfície ocular. As estratégias ambientais e oculares podem atenuar ou até mesmo eliminar o desconforto causado por esta síndrome e melhorar a qualidade de vida e o desempenho profissional.