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Investigou-se neste trabalho[1] quais ideias de Vygotsky estão sendo adotadas pelas pesquisas em Ensino de Física que abordam situações de sala de aula no Ensino Médio, publicadas nos anais do Encontro de Pesquisa em Ensino de Física (EPEF). Foi realizada uma revisão de literatura nos anais do EPEF dos últimos dez anos. Com base em Gaspar (2004), foram criadas cinco categorias de análise: (1) A linguagem como formadora do pensamento; (2) a imitação como processo cognitivo básico; (3) o papel da interação social; (4) a precedência da aprendizagem sobre o desenvolvimento e (5) Zona de Desenvolvimento Proximal. A partir dos pressupostos para revisão bibliográfica indicados por Gil (2008), resultados indicaram que dos cinco aspectos de Vygotsky mencionados por Gaspar (2004), a maior influência vygotskiana encontrada é a importância da interação social no processo de aprendizagem e desenvolvimento. Ao se apropriarem das ricas ideias de Vygotsky, escritas há quase um século, as pesquisas em Ensino de Física têm indicado um caminho frutífero para a ação dos professores em sala de aula. [1] O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Nesse trabalho analisamos como situações de argumentação dialogada presente em interações de aulas de Física do ensino superior podem favorecer o processo de construção de significado a conhecimentos científicos. Partimos da definição de argumentação no processo de construção do conhecimento segundo Leitão (2011) e dos pressupostos de Vygotsky acerca do processo e construção de significados. Foram feitas observações e registros de aulas de Física no Ensino Superior e selecionado um episódio para análise, utilizando a pragma-dialética desenvolvida por Eemeren et al. Dos resultados destacamos que a mobilização para o desenvolvimento da argumentação dialogada favoreceu o processo que leva à construção de significados nos seguintes aspectos: problematização sobre o conhecimento, análise crítica sobre pontos de vista convergentes e divergentes e construção coletiva de uma conclusão para uma situação problemática. Sobre os desafios ressaltamos a importância do olhar sobre as lógicas de interação presentes na realidade cotidiana da sala de aula, pois essas condicionam o desenvolvimento de situações argumentativas e muitas vezes compreendem elementos para além das ações imediatas do professor.

Estudos da literatura defendem a importância de práticas de leitura e escrita em aulas de Física, que podem assumir diferentes funções e finalidades na escola. Esta pesquisa analisa perspectivas de diferentes sujeitos, professor e estudantes de um contexto escolar, sobre as contribuições e dificuldades de considerar essas práticas para ensinar e aprender física em aulas da disciplina no Ensino Médio. Compreendendo leitura e escrita como práticas socioculturais e escolarizadas e adotando o conceito de cultura escolar, realizou-se o estudo em uma escola pública, em três turmas de terceiro ano. Os instrumentos utilizados foram observações de aulas, intervenção no contexto e entrevistas com 14 estudantes e com o professor, analisando-se as perspectivas desses diferentes sujeitos escolares sobre a temática, à luz do conceito de cultura escolar e da escola. A partir das análises, dentre vários elementos, evidencia-se que nas vozes desses sujeitos, a leitura permite melhor compreensão e ampliação dos olhares sobre os conceitos, enquanto a escrita auxilia na memorização e expressão do conhecimento. A intervenção evidenciou que é possível inserir tais práticas nas aulas de Física, de modo a ampliar as contribuições para o ensino-aprendizagem, explorando outros aspectos relacionados aos conceitos estudados. As dificuldades evidenciadas, por sua vez, referem-se principalmente à relação dos estudantes com essas práticas, à formação docente e a uma cultura escolar que influencia o seu uso, dentro de uma cultura já estabelecida nesta disciplina.