Compreender melhor os problemas relacionados ao uso de medicamentos por idosos, entre eles, a adesão ao tratamento medicamentoso, se faz necessário, uma vez que ampliar o conhecimento desta temática pode favorecer o sucesso do tratamento, o controle/cura/prevenção de doenças e a promoção da saúde. Assim, este estudo objetivou caracterizar os idosos atendidos em um Ambulatório Privado de Especialidades Médicas e que atende a duas Operadoras de Planos de Saúde, no interior do estado de São Paulo, segundo as variáveis sociodemográficas, condições de saúde e uso de medicamentos; descrever a capacidade cognitiva e o desempenho para as atividades básicas e instrumentais da vida diária destes idosos; identificar a adesão do idoso ao tratamento medicamentoso e analisar a associação entre a adesão ao tratamento medicamentoso e as variáveis sociodemográficas, as relacionadas ao uso de medicamentos e, o déficit cognitivo. Trata-se de um estudo seccional e correlacional, sendo utilizada amostra de conveniência. A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a setembro de 2009, no próprio Ambulatório. Utilizou-se uma readaptação do Older Americans Resources and Services (OARS), um questionário de avaliação sobre o uso de medicamentos, o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e uma Medida de Adesão ao Tratamento (MAT). Foram estudados 97 idosos com média de idade de 71,6 anos; 72,2% eram mulheres; 45,4% casados e 36,1% viúvos; média de 3,1 filhos por idoso; 47,4% com escolaridade entre um e quatro anos; 56,7% eram aposentados. Com relação à saúde, 44,3% a auto-avaliaram como \"Boa\"; observou-se em média 3,4 doenças por idoso; 42,3% avaliaram sua visão como \"Boa\", porém 43,3% indicaram dificuldade para leitura de bulas de medicamentos; 61,9% informam fazer uso somente de medicamentos prescritos. No que se refere ao uso de medicamentos, 44,3% tomam entre 1 e 2 medicamentos por dia, de forma contínua; 97,9% receberam orientação sobre o uso dos medicamentos; 56,7% obtinham os medicamentos por meio de recursos próprios; para 54,6% era indiferente tomar medicamentos diariamente; 54,6% negaram a presença de efeitos colaterais; 65,3% dos que referiram possuir dificuldade no seguimento à terapia medicamentosa citaram o fator financeiro como principal contribuinte e 70,1% não utilizam substitutos ao medicamento. Quanto ao desempenho para as AVDs, 65,6% realizam de 1 a 5 atividades com dificuldade. Na avaliação cognitiva pelo MEEM, 53,6% apresentaram déficit cognitivo e o escore médio foi de 24,1 pontos. O escore médio de adesão ao tratamento medicamentoso foi de 5,2 e 77% dos idosos apresentaram adesão ao tratamento. Não foram verificadas, neste estudo, associação da adesão com as variáveis sociodemográficas, de uso de medicamentos e déficit cognitivo. Dessa forma, o estudo revelou que a maioria dos idosos apresentou adesão ao tratamento medicamentoso, sendo que, as diferenças na prevalência da adesão com as variáveis sociodemográficas, as de uso de medicamentos e, o déficit cognitivo não foram estatisticamente significativas, porém são relevantes para discussões entre os profissionais da área da saúde, uma vez que, a identificação correta dos fatores que podem influenciar a adesão ao tratamento nesta faixa etária, pode tornar efetivas as práticas assistenciais voltadas ao uso de medicamentos pelo idoso. A better understanding of the problems related to the medication use by elderly people is necessary, including the adherence to medication treatment, once broadening the knowledge of this theme can favor the success of the treatment, disease control/cure/prevention and health promotion. Thus, this cross-sectional and correlational study aimed to characterize the elderly people receiving care in a Private Outpatient Clinic of Medical Specialties which delivery care to patients of two Health Insurance Companies, in the interior of the state of São Paulo, according to sociodemographic variables, health conditions and medication use; to describe the cognitive capacity and the performance of the elderly in daily instrumental and basic activities; to identify the adherence of elderly people to medication treatment and to analyze the association between adherence to medication treatment and sociodemographic variables, variables related to medication use and cognitive deficit. Convenience sample was used. Data collection was carried out between February and September 2009, in the Outpatient Clinic. A readapted version of the Older Americans Resources and Services (OARS), a questionnaire to evaluate the use of medications, the Mini Exam of the Mental State (MMSE) and a Treatment Adherence Measurement (TAM) were used. In total, 97 elderly individuals were studied, with average age of 71.6 years; 72.2% were women; 45.4% married and 36.1% widower; with average of 3.1 children per elderly person; 47.4% with educational level between one and four years of study; 56.7% were retired. With regard to health, 44.3% self-evaluated it as \"Good\"; on average 3.4 diseases were observed per person; 42.3% evaluated their vision as \"Good\", however 43.3% indicated having difficulty to read medicine package inserts; 61.9% reported using only prescribed medications. Regarding the medication use, 44.3% take between 1 and 2 medications per day, continuously; 97.9% received orientation about the use of medications; 56.7% obtained the medications through their own resources; for 54.6% of the subjects, taking medications every day was indifferent; 54.6% denied the presence of collateral effects; 65.3% of the subjects who reported having difficulty in following the medication therapy mentioned the financial factor as the main reason for that and 70.1% did not use substitutes to medication. Concerning the performance of the daily life activities (AVDs), 65.6% performed from 1 to 5 activities with difficulty. In the cognitive evaluation by the MMSE, 53.6% presented cognitive deficit and the average score was 24.1 points. The average score of adherence to medication treatment was 5.2 and 77% of the elderly people presented adherence to treatment. In the study, association between adherence and sociodemographic variables, medication use and cognitive deficit, were not verified. Thus, the study revealed that most elderly people presented adherence to medication treatment, and the differences in the prevalence of adherence with the sociodemograpic variables, medication use variables and cognitive deficit were not statistically significant. However, they are relevant for discussions among health professionals, once the correct identification of the factors that can influence the treatment adherence in this age group can make effective the care practices targeting the medication use by elderly people.