Introdução: A cirurgia bariátrica é o método mais eficaz para o tratamento da obesidade mórbida. No entanto, o desenvolvimento de psicopatologia alimentar e o aparecimento de comportamentos alimentares problemáticos têm sido relatados na literatura. Este estudo transversal teve como objetivo a caracterização da população pós-cirurgia bariátrica em termos da frequência de comportamentos alimentares problemáticos ao longo do tempo e a compreensão das características psicológicas associadas. Material e Métodos: A amostra foi constituída por 155 doentes sujeitos a cirurgia bariátrica que responderam a instrumentos de au-torrelato destinados a avaliar psicopatologia alimentar, comportamentos alimentares problemáticos, ansiedade, depressão e stress e comportamento impulsivo.Resultados: Os resultados mostram que o petisco contínuo, a ingestão alimentar compulsiva, a preocupação com o peso e com a forma e a urgência negativa são significativamente mais frequentes 24 meses após a cirurgia bariátrica (comparativamente com momentos pós-operatórios mais precoces). A psicopatologia alimentar e a presença de comportamentos alimentares problemáticos correlacionam-se significativa e positivamente com níveis de ansiedade, depressão, stress e urgência negativa. Este estudo reforça ainda o papel mediador da urgência negativa na relação entre tempo decorrido desde a cirurgia e distress psicológico, e comporta-mentos alimentares problemáticos, explicando 32,3% e 27,2% da variância, respectivamente.Discussão: Os resultados apontam para uma tendência crescente de doentes a reportar comportamentos alimentares problemáticos e níveis de impulsividade ao longo do tempo.Conclusão: Tendo em conta a evidência estabelecida do seu impacto na perda e aumento ponderal, a identificação precoce de comportamentos alimentares problemáticos e de doentes com tendência para agir impulsivamente em situações de emocionalidade negativa deve ser central no acompanhamento do doente sujeito a cirurgia bariátrica., Introduction: Bariatric surgery is the most effective method for the treatment of morbid obesity. However, the development of eating psychopathology and the emergence of problematic eating behaviours have been reported in the literature. The aim of this cross-sectional study was to characterize the post-bariatric population in terms of the frequency of problematic eating behaviours over time and to understand the related psychological features.Material and Methods: This sample was composed of 155 bariatric patients that responded to several self-reported instruments assessing eating psychopathology, problematic eating behaviours, anxiety, depression and stress and impulsive behaviour.Results: Results showed that grazing, binge eating, concerns about body weight and shape, and negative urgency are significantly more frequent at 24 months after bariatric surgery (when compared to earlier postoperative assessments). Correlational analyses showed that eating psychopathology and problematic eating behaviours were significantly and positively associated with levels of anxiety, depression, stress and negative urgency. This study also reinforces the mediating role of negative urgency in the relationship between time elapsed since surgery and psychological distress, and problematic eating behaviours, accounting for a total of 32.3% and 27.2% of its variance, respectively.Discussion: The results suggest a growing trend of problematic eating behaviours and levels of impulsivity being reported by bariatric patients over time.Conclusion: Given the established evidence that supports its impact on weight variability, early identification of problematic eating behaviours and of patients with a tendency to act impulsively in situations of negative emotionality should be a central concern in the follow-up of the bariatric population, Este estudo foi suportado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, um programa de financiamento da União Europeia COMPETE a Eva Conceição (IF/01219/2014) e bolsa de doutoramento (SFRH/BD/104159/2014) a Ana Pinto-Bastos, (SFRH/BD/104182/2014), Sofia Ramalho e (SFRH/BPD/94490/2013), Ana Vaz. Este trabalho foi conduzido no Centro de Investigação em Psicologia (UID/PSI/01662/2013), Universidade do Minho e parcialmente apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior através de fundos nacionais, tendo sido ainda co-financiado pelo FEDER através do COMPETE2020 sob o PT2020 Compro-misso para a Ciência (POCI-01-0145-FEDER-007653)