Tese apresentada no Ispa - Instituo Universitário para obtenção do grau de Doutor em Psicologia na área de especialização de Psicologia Educacional ABSTRACT: Every year, many students need help to meet the academic standards and expectations required for the different academic subjects and grade levels. For these students, grade retention would be the most likely scenario at the final of the school year. Grade retention is one of the most debated educational measures, with researchers questioning for decades whether it would be an effective or detrimental practice for students. This ongoing debate results from the little consensus obtained from the empirical studies investigating grade retention effects on students’ academic and non-academic outcomes, either in the short or long term. Particularly, mixed findings were obtained considering students' affective components of learning that constitute a valuable aspect of students’ academic success and adjustment. The consequences of grade retention on this group of variables, such as students’ self-concept, self-esteem, motivation, or engagement, have greatly concerned educators. Some advocate that grade retention would help students improve their self-beliefs and motivation because it would allow them more time to learn the academic content they were struggling with. Others claim that grade retention is a stressful, demotivating, and stigmatising event that would undermine students’ affective experiences. Thus, a clear answer regarding the effectiveness of grade retention is still needed through more clarity provided by research investigating the effects of grade retention on students’ academic and non-academic outcomes. In this dissertation, we aimed to contribute to that answer. For that purpose, we conducted a meta-analysis summarising the findings of studies conducted during the last two decades the on the effects of grade retention on students’ achievement, psychosocial variables, academic career, and professional career. In addition, given the inconclusive findings regarding the impact of grade retention on students’ affective components of learning, our second aim of this dissertation was to investigate the effects of grade retention on students’ self-concept, self-esteem, goal orientations, sense of school belonging and sense of school valuing. For this purpose, we conducted a cross-sectional study using the Portuguese data from PISA 2018 assessment and a longitudinal study following students initially in the 7th grade for 3 to six years. Finally, we aimed to investigate the moderating effects of school retention composition on the relationship between grade retention and those affective components, considering the PISA 2018 data. The rationale behind this final aim was that students’ experiences are shaped within the context, in this case, the school, where they pertain. Thus, grade retention experiences may differ whether students are retained in a school with more or few students in the same circumstances. Our findings provided little support for the effectiveness of grade retention, given that the negligible or adverse effects on students’ outcomes outweigh the small benefits that have emerged, particularly on students’ affective components of learning and in the long term. Moreover, our results revealed spillover effects of grade retention, affecting non-retained students. Based on the findings of this dissertation, we advise against the use of grade retention or, at least, caution in its application. Todos os anos, um número considerável de alunos apresenta dificuldades em cumprir com as expectativas e metas académicas estabelecidas para as diferentes disciplinas e para o nível de ensino. Para estes alunos, a retenção escolar será o cenário mais provável no final do ano lectivo. A retenção escolar é uma das medidas educativas mais debatidas, sendo que os investigadores durante décadas os investigadores têm questionado sobre os seus benefícios ou malefícios para os alunos. Este debate em parte é alimentado pelos resultados menos consensuais dos estudos investigando os efeitos da retenção escolar em componentes académicas e não académicas e tanto a curto como a longo-prazo. Especificamente, considerando as componentes afectivas da aprendizagem que constituem um aspecto muito importante para o sucesso e ajustamento académicos, os resultados dos estudos têm apresentado alguma controvérsia. Ainda assim, as consequências da retenção em variáveis como o autoconceito, a auto-estima, a motivação ou o envolvimento dos alunos têm suscitado muitas preocupações por parte dos agentes educativos. Alguns argumentam que a retenção escolar poderá ajudar os alunos a sentirem-se mais confiantes e motivados, uma vez que lhes é concedido mais tempo para as aprendizagens escolares. Outros, afirmam que a retenção constitui um acontecimento bastante stressante, desmotivador e estigmatizante e que abala as experiências afectivas dos alunos. Desta forma, está ainda em aberto uma resposta precisa à questão da eficácia da retenção. Nesta dissertação pretendemos contribuir para essa resposta, através da realização de uma meta-análise dos estudos efectuados nas últimas duas décadas investigando os efeitos da retenção escolar no rendimento académico, ajustamento psicossocial, percurso académico e percurso profissional dos alunos. Adicionalmente, devido aos resultados inconclusivos relativos aos efeitos da retenção escolar nas componentes afectivas da aprendizagem, o nosso segundo objectivo foi o de investigar os efeitos da retenção escolar no autoconceito, auto-estima, orientações motivacionais, sentimento de pertença e sentimento de valorização da escola. Nesse sentido, realizámos um estudo transversal com recurso aos dados portugueses do PISA 2018 e um estudo longitudinal que acompanhou durante três a seis anos alunos inicialmente a frequentar o 7º ano de escolaridade. Finalmente, pretendemos investigar o efeito moderador das taxas de retenção ao nível da escola, utilizando os dados do PISA 2018. Este objectivo fundamentou-se na ideia de que o contexto, neste caso o contexto escolar, é determinante na formação das auto-representações e experiências académicas dos alunos. Neste caso, a experiência da retenção escolar poderá ser diferente consoante o aluno frequente uma escola com mais ou menos alunos nas mesmas circunstâncias. Os resultados desta dissertação contrariam a ideia de que a retenção escolar é uma prática eficaz, uma vez que os efeitos nulos ou negativos da retenção ultrapassam os pequenos benéficos encontrados, particularmente nas componentes afectivas da aprendizagem e a longo-prazo. Mais ainda, verificámos que a retenção não afecta apenas os alunos repetentes, mas também os seus pares a frequentar a mesma escola. Considerando estes resultados, recomendamos que sejam consideradas medidas alternativas à retenção, ou o seu uso moderado. Fundação para a Ciência e Psicologia - FCT