Introdução: O grupo de homens que fazem sexo com homens (HSH) é fundamental para o controle da epidemia da Aids. Apesar de inovações biomédicas, o uso consistente do preservativo masculino nas relações sexuais é considerado o método preventivo mais eficiente e acessível para reduzir a transmissão sexual do HIV. Objetivos: Avaliar fatores associados ao uso inconsistente do preservativo com parceiros casuais em uma população HSH no Brasil. Métodos: Os dados analisados são provenientes de uma pesquisa com delineamento transversal e método de amostragem Respondent Driven Sampling (RDS). O estudo contempla 4.176 HSH avaliados em doze capitais do Brasil. Foram considerados os participantes que relataram relações sexuais com parceiros casuais. O uso inconsistente foi construído verificando-se o uso do preservativo nas relações anais (insertiva e receptiva) dos últimos 6 meses e na última relação sexual. As estimativas foram calculadas utilizando delineamento de amostra complexa com ponderação. Resultados: Do total de participantes, 2.171 reportaram parceiros casuais nos últimos 6 meses. O uso inconsistente do preservativo com este tipo de parceria foi reportado por 48,8% dos participantes. A amostra estudada é jovem (média de 24,7 anos), predominantemente parda (39,8%), com renda mediana de R$880,00 e com alta escolaridade. Estiveram significativamente associados ao uso inconsistente do preservativo a baixa escolaridade (RC: 1,93, IC 1,22-3,06), o não uso do preservativo na primeira relação sexual (RC: 3,14, IC 2,14-4,61), e a percepção de risco para o HIV moderada ou alta (RC: 1,62, IC 1,11-2,36). Um fator de proteção para o uso inconsistente foi a maior idade (RC: 0,84, IC 0,72-0,98). Conclusões: Nossos resultados indicam que os jovens HSH não estão utilizando o preservativo como forma de prevenção para o HIV, mesmo com parceiros casuais. Estes dados contribuem para o entendimento da epidemia do HIV/Aids no Brasil, indicando a necessidade de novas estratégias de prevenção específicas para esta população. Introduction: Men who have sex with men (MSM) are considered one of the key groups to control the AIDS epidemic, since they have higher prevalence and incidence rates than the rest of the general population. Although biomedical innovations have contributed to increasing the options available for HIV/AIDS prevention, consistent use of the male condom in sexual intercourse is considered the most efficient and accessible preventive method to reduce sexual transmission of HIV and other sexually transmitted infections. Objective: To evaluate factors associated to inconsistent condom use with casual partners in an MSM population in Brazil. Methods: The data analyzed in this study come from a cross-sectional survey using the Respondent Driven Sampling (RDS) method. The study includes 4.176 men who have sex with men in 12 Brazilian capitals. Estimates were calculated using a weighted complex sample design. The inconsistent use was constructed by checking condom use in anal intercourse (insertive and receptive) during the past 6 months and in the last sexual intercourse. Estimates were calculated using a weighted complex sample design. Results: Of the total number of participants, 2.171 reported having had at least one casual partner in the last 6 months. Inconsistent condom use with casual partners was reported by 48.8% of the participants. The sample studied was young (mean 24.7 years), predominantly brown or black (39.8% and 21.7, respectively), with a median income of R$880.00 and high schooling. They were significantly associated with inconsistent condom use low schooling (OR: 1.93, CI 1.22-3.06), non-use of the condom at the first intercourse (OR: 3.14, CI 2.14-4.61), and the perception of risk for HIV as moderate or high (OR: 1.62, CI 1.11-2.36). Being older was significantly associated with a lower chance of inconsistent use (OR: 0.84, CI 0.72-0.98). Conclusions: Our results indicate that young MSM are not using condoms as a form of HIV prevention, even with casual partners. These data contribute to the understanding of the HIV/AIDS epidemic in Brazil, indicating the need to think about new HIV prevention strategies specific to this population.