Tese de Doutoramento, Ciências Económicas e Empresariais, especialidade de Gestão, 23 de junho de 2017, Universidade dos Açores. O impacto das empresas familiares na economia mundial é amplamente reconhecido, estas empresas assumem-se como responsáveis por uma parte considerável da geração de riqueza e da criação de postos de trabalho na maioria dos países. Estas organizações reclamam um papel central, não só na economia de uma nação, como no seu desenvolvimento social. As empresas familiares são particularmente dominantes em zonas e regiões rurais e remotas, dada a incapacidade dos grandes grupos empresariais operarem em contextos socioeconómicos com características tão particulares. A presente tese tem como principal objetivo contribuir para a investigação em empresas familiares sediadas em contextos socioeconómicos ultraperiféricos, focando, em particular, o caso das empresas familiares localizadas na Região Autónoma dos Açores. No curso desta tese são abordadas três das principais, e mais atuais, temáticas na investigação em empresas familiares: (1) caracterização e perfil das empresas familiares, (2) processos e estilos de tomada de decisão, e (3) empreendedorismo, neste caso, explorando o conceito de orientação empreendedora. Deste trabalho resultaram três artigos científicos, que contaram com uma amostra de 152 empresas privadas, 82 empresas familiares e 73 empresas não familiares. O primeiro artigo analisa os principais aspetos caracterizadores das empresas familiares, como a propriedade e governança, a gestão e experiência, e a cultura organizacional. Outros indicadores são ainda tidos em conta, como o sector de atividade, anos em atividade, número de colaboradores, e o volume de negócios do último ano. Ao traçar o perfil destas empresas, num contexto socioeconómico ultraperiférico, este artigo apresenta um conjunto de dados relevantes que permitem aumentar o conhecimento sobre os diversos aspetos que caracterizam estas empresas. No segundo artigo são examinados os padrões tomada de decisão em empresas familiares, procurando entender que estilo de tomada de decisão, experiencial ou racional, é mais comum nestas empresas. É ainda avaliado se o estilo de tomada de decisão difere entre empresas familiares e não familiares. O presente artigo procura, de igual modo, explorar de que forma a participação e influência da família nos negócios impacta os estilos de tomada de decisão utilizados. Os resultados mostram que as empresas familiares, em geral, tomam decisões de forma racional, e que existem diferenças entre empresas familiares e não familiares relativamente à forma como decidem. É ainda demonstrado que a participação da família no negócio desempenha um papel crítico na condução do processo de decisão, levando à promoção de decisões experienciais, e à supressão de processos racionais de tomada de decisão. Finalmente, no terceiro artigo, são analisadas as diferenças entre empresas familiares e não familiares em relação à orientação empreendedora. A relação entre a participação da família e este constructo é igualmente explorada. Os resultados revelam a existência de diferenças entre empresas familiares e não familiares em relação à orientação empreendedora e, em particular, no que diz respeito a duas das três dimensões que compõem este constructo (inovação, propensão ao risco e pro-atividade). Em suma, as empresas familiares tendem a apresentar níveis inferiores de orientação empreendedora e inovação, e níveis superiores de aversão ao risco, quando comparadas com empresas não familiares. No entanto ambos os tipos de empresa não diferem nos níveis de pro-atividade. Os resultados mostram, ainda, que a participação da família nos negócios está negativamente associada com os níveis de orientação empreendedora e dos três componentes. Esta tese apresenta um conjunto de dados que visam contribuir para uma melhor compreensão das empresas familiares nos Açores, oferecendo importantes implicações teóricas e práticas, e contribuindo para a criação de pontes entre académicos e profissionais. ABSTRACT: Family firms have a major impact on any economy, being responsible for the largest portion of wealth generation, along with the creation of the majority of jobs in most countries, therefore, playing a central role not only in nations’ economy but also in social growth. These firms are particularly dominant in rural and remote areas, given the inability of large enterprises to operate in such singular socioeconomic settings. This thesis aims to increase the success of family business research in an outermost, ultra-peripheral socioeconomic context, in this case by looking at firms located and operating in the Autonomous Region of the Azores, Portugal. In the course of this thesis three important topics in the family business research are addressed: (1) profile and characterization of family firms, (2) decision making processes, by centering in dual-process theories and (3) entrepreneurship, by focusing on a key construct from the entrepreneurship field - entrepreneurial orientation, resulting in three original research papers. The three papers were developed using a sample of 152 privately held firms family firms (82) and nonfamily (73) firms operating in the Azores. The first paper looks at family firms’ relevant profiling aspects such as ownership and governance, experience and management, and corporate culture. While other demographic indicators are also taken into account, such as, sector of activity, years in business, number of employees, and last year’s turnover. By drawing an initial profile of these companies, in an outermost socioeconomic context, this paper aims to provide an early dataset on family firms in this particular context and shed some light on critical aspects that characterize these companies. In the second paper an effort is made to examine patterns of decision making in family firms, by understanding which decision making style, experiential or rational, their owners and/or managers rely in, while assessing if decision making style in family business is different from nonfamily companies. Furthermore, this paper seeks to explore how family participation and influence in the business relates to the use of experiential or rational decision making styles. Results show that family firms mainly rely in rational decision making, and that family and nonfamily companies differ in the way they make decisions, and that family participation plays an important role in guiding the decision process, by promoting experiential decisions, and suppressing the use of a more rational decision making processes. Finally, in the third paper, we analyze differences between family and nonfamily firms in regards to their entrepreneurial orientation, and the influence of family participation in this construct is also explored. Results suggest that that there are differences between family and nonfamily firms in regards to entrepreneurial orientation, and in two of its three components (innovativeness, risk taking and proactiveness). In short, family firms tend to be less entrepreneurially oriented and innovative, but more risk averse than nonfamily firms, however both types of companies do not differ in terms of proactiveness. Furthermore, the findings show that family participation is negatively associated with entrepreneurial orientation and its three components. This thesis provides a set of findings that contribute to an improved understanding of family firms in outermost socioeconomic contexts, offering important theoretical and practical implications, thus bridging academics and practitioners.