Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Bibliografia: f. 168-174 Resumo: Este estudo parte da pergunta sobre a possibilidade de ler as atuais manifestações do fundamentalismo religioso a partir da noção freudiana da pulsão de morte. Para responder a este questionamento, traçou-se o objetivo geral de pesquisar as formalizações de Freud acerca da pulsão de morte e tomá-las como aporte teórico para ler as manifestações do fundamentalismo. Como objetivos específicos, estabeleceram-se: circunscrever o que é a pulsão de morte a partir das formalizações freudianas; abordar o fundamentalismo; lê-lo de forma crítica, relacionando a abordagem feita sobre esse fenômeno religioso com o estudo sobre a pulsão de morte. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, articulando a psicanálise freudiana com estudiosos do fundamentalismo. Como resultado, apresenta-se uma reflexão segundo a qual o despontar do movimento fundamentalista pode ser visto como fruto da necessidade de reintegrar os traços do pai onipotente à tradicional figura de Deus, que, com o advento da modernidade, perdeu sua importância na sociedade, através do declínio da capacidade da religião organizar a vida social e dos questionamentos a seus dogmas. Desse modo, através de ditames morais rigorosos e condenatórios e de uma palavra norteadora e inquestionável contida num livro sagrado, o fundamentalismo traz à tona o pai divino que, à semelhança do chefe da antiga horda, impõe-se aos filhos como único, não tolerando qualquer diferença que faça frente a sua vontade e sua verdade. A pulsão de morte ganha então amplo campo na religião, pois a imposição de uma só concepção de Deus, de uma só verdade religiosa, de uma só moral rígida, junto com a condenação de tudo que destoe dessa unidade, só pode ser buscada através da agressão e da tentativa de destruir a diversidade que constitui a comunidade humana. Por isso, a intransigência, a intolerância e a violência, que caracterizam o comportamento de alguns grupos fundamentalistas, podem ser consideradas como formas de expressão da pulsão de morte na religião. Há pouco material acadêmico que vincule o fundamentalismo religioso com o tema da pulsão de morte. Por esse motivo, esta pesquisa se apresenta como subsídio para interessados, no campo religioso ou acadêmico, que desejam refletir sobre a prática fundamentalista a partir da perspectiva da teoria freudiana. Abstract: This study starts from the question about the possibility of reading the present manifestations of religious fundamentalism from the Freudian notion of the death drive. To answer this question, we drew up the overall goal of researching the formalization of Freud about the death drive and take them as theoretical support to read the expressions of fundamentalism. As specific objectives, they established themselves: to circumscribe what the death drive is from the Freudian formalizations; address fundamentalism; to read it in a critical way, and to relate the approach made on this religious phenomenon with the study about the death drive. The methodology used was bibliographic research, articulating Freudian psychoanalysis with fundamentalism's scholars. As a result, there is a reflection according which the emergence of the fundamentalist movement can be seen as the fruit of the need to reintegrate the traits of the omnipotent father to the traditional figure of God, who, with the advent of modernity, lost its importance in society, through the decline of the capacity of religion to organize social life and questioning its dogmas. Thus, through rigorous and condemnatory moral dictates, a guiding and unquestioned word contained in a sacred book, fundamentalism brings to light the divine father who, like the resemblance of ancient horde, imposes on its children as unique, not tolerating any difference that confronts his will and his truth. The death drive gains broad field in religion, for it is an imposition of a single conception of God, of one religious truth, of one rigid morality, along with the condemnation of everything that destroys unity, can be sought through aggression and the attempt to destroy the diversity that constitutes a human community. Therefore, an intransigence, an intolerance and a violence, which characterizes the behavior of some fundamentalist groups, can be considered the expressions of the death drive in religion. There is little academic material linking religious fundamentalism with the theme of the death drive. For this reason, this research presents itself as a subsidy for those who are interested in the religious or academic field, who wish to reflect on fundamentalist practice from the perspective of Freudian theory. O CD-ROM encontra-se no Setor de Coleções Especiais