The present article aims to explore some assumptions about how complexity operates more flexible approaches to urbanism. To this end, were analyzed theoretical productions and contemporary design strategies that eschew very deterministic and generalizing logics, thus admitting the possibility of characterizing cities as a system far-from-equilibrium. After characterizing such condition, some properties inherent to the complex nature of cities were defined, without very clear outlines. An indication – or arrangement - that makes possible to understand some alternatives of acting in the city, not in an imperative way, but recognizing its indeterminacies as project tools. They are: Interactions, which operate and engender dynamics, establishing constructive relations of new realities; Becoming, as an expression of the creative force, the possibilities of multiple and mutual fecundations; and Entropy, which reveals our ability to recognize the possibilities of a system facing off unpredictability and new arrangements. Keywords: Complexity, Urban Design, Cities. O urbanista italiano Bernardo Secchi (1934-2014), em diversas ocasiões, enfatiza sua preocupação com a simplificação do funcionamento urbano própria do Movimento Moderno e levanta a necessidade sobre um novo olhar para a cidade contemporânea que, ao mesmo tempo, opera maiores níveis de abstração e de precisão (SECCHI, 2006). As questões que orientam essa pesquisa estão relacionadas às contribuições das teorias sobre Complexidade, que, assim como para as ciências exatas e biológicas, apresentam para o campo das sociais um importante ferramental para a revisão de paradigmas deterministas e que enriquece as concepções de fenômenos considerados caóticos ou aleatórios. Buscamos investigar com quais pressupostos a Complexidade opera, analisando abordagens mais flexíveis, produções teóricas e estratégias projetuais contemporâneas que escampam das lógicas muito deterministas e generalizantes, admitindo assim a possibilidade de caracterizar as cidades como um sistema que não tende ao equilíbrio. A noção de equilíbrio e a imagem da cidade-máquina e do planejamento controlador, desviaram o debate sobre as questões críticas essenciais e ajudou a manter a ilusão de um falso controle sobre a morfologia urbana e suas dinâmicas. A imagem de uma “boa” cidade – equilibrada – era, nessa ilusão, aquela que se apresentava homogênea, onde todas suas variações e diversidades pudessem ser controladas através, por exemplo, do zoneamento e da hipercodificação, ideia também refutada por Jane Jacobs em 1961. Com isso, a percepção de que o Planejamento Urbano deveria trabalhar buscando uma cidade estável e funcional começou a sobrecarregar não só sua teoria e prática, mas também a noção de que as cidades eram compreensíveis através de analogias com a ciência reducionista e as tecnologias industriais do passado. Após os anos 70, quando os objetivos do Planejamento Urbano passaram a ser refutados e as incertezas sobre as possíveis transformações teóricas e práticas que deveriam ser propostas para pensar as cidades, o mundo mudou (BATTY, 2012). O químico Ilya Prigogine, ao propor sua tese sobre estruturas dissipativas e auto-organização de sistemas longe do equilíbrio, indica os problemas relacionados ao reducionismo, abrindo possibilidades para novos níveis de descrição e análise de diversos fenômenos do universo, chama a responsabilidade da física para além de comportamentos analisados em ambientes perfeitamente controlados, estáveis e previsíveis. Anuncia assim uma “nova ciência” capaz de interpretar os comportamentos evolutivos que escorregam entre as “malhas da rede científica” e leva em conta as incertezas e diversidades da natureza e seus eventos complexos, por vezes considerados, aos olhos deterministas, transitórios e sem importância. Interessa então entender concepções teóricas que permitem possibilidades menos duras, fechadas e estáticas de percepção dos espaços e suas dinâmicas. Para tal, é preciso considerar que, em sistemas longe do equilíbrio como as cidades, sua evolução apresenta comportamentos e estados variados, de previsibilidade limitada. Como Prigogine insiste em dizer, nada mais natural, uma vez que estamos falando de um mundo real onde a “natureza apresenta-nos, de fato, a imagem da criação, da imprevisível novidade. Nosso universo seguiu um caminho de ramificações sucessivas: poderia ter seguido outros” (PRIGOGINE, 1996). Dada a impossibilidade de controlar seus desdobramentos, nos é disponível entender tal sistema através de seus “eventos e qualidades – transições de fase – resultantes de fluxos de matéria e energia que passam por eles. ” (BRISSAC, 2010). Para a análise das estratégias projetuais proposta nessa pesquisa, viu-se a necessidade de definir algumas propriedades que oferecessem bases comparativas, reconhecer indícios pela qual algo prova pertencer a categorias não estabelecidas aqui. Tal definição não pretendem ter um contorno muito claro com função de predicados para esses projetos, muito menos uma lista fechada, mas uma indicação, um certo agenciamento/ agrupamento ou um reconhecimento de como “ se relacionar com a matéria - através de suas próprias tendências e não pela imposição de uma forma preestabelecida. ” (BRISSAC, 2010). Considerando as características atribuídas aos sistemas complexos, definimos as seguintes propriedades: Interações, que operam, engendram – e são engendradas por – dinâmicas, influencias, perturbações, disputas e articulações, estabelecem relações construtivas de novas realidades, são linhas de forças que agem como combustível para trajetórias não-lineares de futuros incertos, trata-se, portanto de estratégias que entendam o projeto como síntese resultante das interações de múltiplos fatores, internos e externo; Devir, o "jorro efetivo de novidade imprevisível” (PRIGOGINE, 2009), de força criativa, o que está em vias de ser (vínculo com o futuro incerto), estratégias que, de uma forma ou de outra, tem como pressupostos a função de palco (que também faz parte do espetáculo) para possibilidades de fecundações múltiplas e mutuas, da força “comunicativa e contagiosa” – colocada por Deleuze e Guattari – que, sem códigos precedentes, constrói; e Entropia, a medida da probabilidade da ocorrência de eventos e da nossa habilidade em reconhecer possibilidades de determinado sistema face à imprevisibilidade de interações e novos arranjos resultantes, estratégias que assumem o carácter evolutivo das cidades, de configurações de “ajustes soltos” (ALLEN, 1999), menos codificada – ou de codificações muito abstratas – mas que de certa maneira apresentam condições para assimilar eventos, transformando-se, que assumem como premissa a tensão entre ordem e desordem e seu “ caráter provisório, instável e de sobreposições contínuas” (MEYER, 2003). Palavras-chave: Complexidade, Projeto Urbano, Cidades.