1. Efeito adjuvante da Lactococcus lactis NCDO2118 na indução de tolerância oral
- Author
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Juliana de Lima Alves, Ana Maria Caetano de Faria, Valbert Nascimento Cardoso, Cláudia Brodskyn, Adriana César Bonomo, and Angélica Thomaz Vieira
- Subjects
Lactococcus lactis ,Bioquímica e imunologia ,Tolerância imunológica - Abstract
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior A tolerância imunológica é um dos fenômenos pelos quais o organismo consegue tolerar autoantígenos ao invés de reagir de forma inflamatória contra eles. A tolerância oral (TO) é um mecanismo análogo à autotolerância e é definida como a supressão de respostas imunes humorais e celulares contra antígenos específicos, gerada pela administração prévia desses antígenos por via oral. A TO tem um grande potencial terapêutico para doenças inflamatórias intestinais, hipersensibilidades alimentares e doenças autoimunes, porém ainda existem algumas dificuldades para sua implementação na prática clínica tais como doses ideiais e redução da sua eficácia após a sensibilização. Para resolver essas dificuldades, é importante encontrarmos protocolos otimizados para potencializarmos a indução de TO pela ação de agentes adjuvantes como a Lactococcus lactis. O efeito adjuvante da L. lactis NCDO2118 na inibição de doenças inflamatórias tem sido estudado em alguns modelos pelo nosso grupo de pesquisa e por colaboradores, como encefalomielite autoimune experimental (EAE), artrite, colite e mesmo na inflamação induzida pela infecção por Leishmania quando esta bactéria é administrada juntamente com a proteína HSP65 e em modelo de GVHD quando ela é administrada juntamente com um aloantígeno. O objetivo do presente estudo foi avaliar os componentes da L.lactis envolvidos no efeito adjuvante da administração de L. lactis associada à ovalbumina (OVA) na indução de tolerância oral em camundongos C57BL/6. Usamos um protocolo subotimo de TO. Camundongos que ingeriram OVA associada à L. lactis NCDO2118 por via oral apresentaram níveis mais baixos de IgG1 e IgE anti-OVA no soro; frequência aumentada de células dendríticas tolerogênicas (CD11c+CD11b-CD103+), de macrófagos residentes CX3CR1+, de células Treg (CD4+LAP+) e de ILC2 na mucosa intestinal e nos linfonodos mesentéricos (MLNs) proximais. Observamos alteração no perfil da microbiota e de seus metabólitos produzidos no lumen intestinal, principalmente um aumento na produção de lactato, um ácido orgânico produzido em grande quantidade pela L. lactis. Sinergicamente houve um aumento na expressão de receptores de lactato no intestino, tais como GPR31 e principalmente GPR81 que, quando inibido por seu antagonista, gerou perda da TO. Em modelo de alergia alimentar à OVA, a L. lactis reduziu o número de eosinófilos melhorando parâmetros inflamatórios da doença. Concluímos que a L. lactis NCDO2118 desencadeou modulação da microbiota intestinal e mecanismos imunes inatos que melhoram a indução de TO a OVA, o que a torna essa bactéria um excelente adjuvante desse fenômeno.
- Published
- 2021