O tempo de gestação dos equinos é bastante variável, tendo um intervalo aproximado entre 320 e 360 dias e aproximadamente 370 dias nas gestações de asininos. Para os híbridos muares, há divergências na literatura, com alguns relatos de períodos superiores, semelhantes e inferiores ao de gestações de produtos equinos. Nas gestações de produtos clones não encontramos relatos publicados de tempo gestacional. Uma particularidade dos equídeos é que a maioria dos partos ocorrem no período noturno, momento este de maior tranquilidade ambiental e de menor atividade em uma propriedade. Desta forma, existe uma grande dificuldade no monitoramento dos partos, atividade esta tão importante para os equídeos, tornando a prática desafiadora e onerosa. Deste modo, uma maior exatidão na previsão da data do parto minimizaria o período de monitoramento, a mão de obra e consequentemente os custos despendidos neste processo. Usualmente, alguns métodos são empregados na previsão do parto, como avaliação de mudanças físicas em éguas periparturientes e o tempo de gestação. Ambos os métodos se mostram pouco confiáveis, já que há uma grande variação racial e individual. Estudos com alteração do pH, índice BRIX e das concentrações de eletrólitos das secreções da glândula mamária, em éguas próximas do momento do parto apresentam resultados consistentes, embora não haja relatos do uso destas técnicas em gestações de produtos híbridos e de clones equinos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar parâmetros que auxiliem na busca da predição da parição de éguas gestantes de produtos muares e produtos clones equinos, estabelecendo um controle comparativo com as gestações de produtos espécie-específicos equinos não clones, com base nos parâmetros físicos de relaxamento vulvar e relaxamento dos ligamentos sacroisquiáticos e pH, índice BRIX e concentração de cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio nas secreções mamárias dos seis dias que antecedem o parto até a data do parto. Foram utilizadas 60 éguas divididas em 3 grupos distintos: 25 éguas gestantes de produtos muares (GM), 20 éguas gestantes de produtos equinos clones (GCL) e 15 éguas gestantes de produtos equinos (GE). Todos os animais foram avaliados diariamente desde os 325 dias de gestação até o dia do parto, que foi supervisionado. Foram avaliados os relaxamentos dos ligamentos sacroisquiáticos e vulvares, aos quais foram atribuídos escores que variavam de 0 (sem relaxamento) a 3 (relaxamento intenso), e as secreções mamárias quanto ao pH em fitas colorimétricas e em pHmetro, índice BRIX e concentração de eletrólitos. Para a análise laboratorial e estatística, foram selecionados apenas os dados e amostras a partir do 6º dia pré-parto (D-6) até o dia do parto (D0), totalizando 7 dias avaliados por égua (D-6, D-5, D-4, D-3, D-2, D-1 e D0). Os parâmetros físicos de relaxamento avaliados tiveram um aumento gradativo no escore com a aproximação do dia do parto, com escores de 2,81, 2,79 e 2,68 para o GE, GM e GCL no dia do parto, respectivamente. Apenas no grupo de GM obteve-se um relaxamento maior no dia do parto quando comparado aos outros dias avaliados. A utilização das fitas colorimétricas para a mensuração do pH in vivo se mostrou válida por ter demonstrado diminuições expressivas do pH no dia do parto (D0). Foram detectadas diferenças entre grupos para o pH em fitas colorimétricas antes da congelação das amostras, com o pH menor nas gestações dos grupos GCL e GM. Na mensuração realizada com o pHmetro após a descongelação das amostras, apenas o grupo GCL obteve médias maiores de pH. Notavelmente, a congelação das amostras das secreções mamárias afetou diretamente seu pH. A avaliação do índice BRIX não mostrou diferenças entre os grupos estudados, mas sim entre os tempos. Todos os eletrólitos estudados tiveram relação positiva na predição do parto devido às alterações em suas concentrações na proximidade do parto, mas sem diferenças entre os grupos analisados. Assim, conclui-se que os parâmetros físicos avaliados foram insuficientes para a busca da predição do parto na espécie equina devido a sua grande variação, e que o pH em fitas colorimétricas compreende em um método eficaz e prático para esta finalidade. Além disso, o índice BRIX não demonstrou bom preditor do parto em nenhum grupo avaliado devido a grande variabilidade entre as éguas. As mensurações das concentrações de eletrólitos demonstraram ser bons preditores do parto, embora oneroso e pouco acessível pela metodologia utilizada. Desta forma, testes rápidos para mensuração de eletrólitos poderiam ser incluídos na rotina para que essas mensurações pudessem ser utilizadas com maior praticidade, incluindo a mensuração de fósforo, eletrólito relatado pela primeira vez neste trabalho como preditor do parto na espécie equina. Gestational length in horses is very variable, having an approximate interval of 320 and 360 days and approximately 370 days in donkey pregnancies. For mule hybrids, there are divergences in the literature, with some reports superior, similar and inferior periods than equine product pregnancies. In pregnancies with clone foals, we did not find published reports of gestational length. A peculiarity of equine is that most births occur at night, a time of greater environmental tranquility and less activity on a property. Thus, there is great difficulty in monitoring births, an activity that is so important in the equids, making the practice challenging and costly. Thus, greater accuracy in predicting the foaling date would minimize the monitoring period, the labor and, consequently, the costs incurred in this process. Usually, some methods are used to predict parturition, such as the assessment of physical changes in periparturient mares and the length of gestation. Both methods prove to be unreliable, as there is great breed and individual variation. Studies with changes in pH, BRIX index and electrolyte concentrations of mammary gland secretions in mares close to the time of parturition have shown consistent results, although there are no reports on the use of these techniques in pregnancies of hybrid foals and equine clones. Thus, the objective of this study was to evaluate parameters that help predicting foaling of pregnant mares of mule and equine clone foals, establishing a comparative control with the pregnancies of no clone species-specific equine foals, based on physical relaxation parameters vulvar and sacroischiatic ligament relaxation, and pH, BRIX index and concentration of calcium, phosphorus, magnesium, sodium and potassium in mammary gland secretions from the six days prior to parturition until foaling. Sixty mares were used, divided into 3 groups: 25 mares in the pregnant mule foal group (GM), 20 mares in the pregnant clones equine foal group (GCL) and 15 mares in the pregnant equine foal group (GE). All animals were evaluated daily from 325 days of gestation until the day of foaling, which was monitored. Relaxation of the sacroischiatic and vulvar ligaments, which were assigned scores ranging from 0 (no relaxation) to 3 (intense relaxation), and mammary gland secretions according to pH in colorimetric strips and pH meter, BRIX index and electrolyte concentration were evaluated. For laboratory and statistical analysis, data and samples were selected from the 6th pre-partum day (D-6) until the day of foaling (D0), totaling 7 days evaluated per mare (D-6, D-5, D-4, D-3, D-2, D-1 and D0). The physical relaxation parameters evaluated had a gradual increase in the score as the day of foaling approached, with scores of 2.81, 2.79 and 2.68 for the GE, GM and GCL on the day of delivery, respectively. Only in the GM group was there a greater relaxation on the day of delivery when compared to the other days evaluated. The use of colorimetric tapes to measure the pH in vivo proved to be valid having shown significant decreases in pH on the day of delivery (D0). Differences between groups were detected for pH on colorimetric strips before freezing the samples, with the lowest pH in pregnancies in the GCL and GM groups. In the measurement performed with the bench pH meter after thawing the samples, only the GCL group had higher pH means. Notably, freezing the mammary gland secretion samples directly affected their pH. BRIX assessment did not show differences between the groups studied, but between times. All electrolytes studied had a positive relationship in predicting delivery due to changes in their concentrations near delivery, but without differences between the analyzed groups. Thus, it is concluded that the physical parameters evaluated were insufficient to predict parturition in equine species due to its wide variation, and that the pH in strip test is an effective and practical method for this purpose. Furthermore, the BRIX index did not show a good predictor of parturition in any group evaluated due to the great variability between mares. Measurements of electrolyte concentrations have been shown to be good predictors of foaling, although costly and inaccessible by the methodology used. Thus, rapid tests for measuring electrolytes could be routinely included so that these measurements could be used with greater practicality, including the measurement of phosphorus, an electrolyte that was reported for the first time in this work as a predictor of parturition in the equine species.