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INTRODUÇÃO: Há evidências ligando o estresse psicossocial à saúde cardiovascular. Em importante parcela da população adulta, o trabalho é uma fonte de estresse. Este estudo objetiva analisar as associações entre o estresse relacionado ao trabalho e o escore de saúde cardiovascular ideal sugerido pela Associação Americana de Cardiologia (AHA - American Heart Association) nos participantes do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) na linha de base. MÉTODOS: Foram analisados dados de 11 346 trabalhadores ativos com idade entre 35 e 74 anos (52,7% mulheres, média de idade 49,1 ± 7,2 anos), oriundos de seis centros de pesquisa em seis cidades brasileiras (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro e Vitória), sem antecedentes de doença cardiovascular. O estresse relacionado ao trabalho foi avaliado utilizando a versão brasileira do Questionário Sueco de Demanda-Controle- Suporte (Swedish Demand-Control-Support Questionnaire), analisando demanda, uso de habilidades, autoridade decisória e suporte social. Para avaliar o conflito trabalho-família foi utilizado um questionário validado derivado do modelo de Frone com 4 questões avaliando os domínios: interferência do trabalho na família em termos de tempo, interferência do trabalho na família em termos de intensidade, interferência da família no trabalho e falta de tempo para lazer e auto-cuidado. O escore de saúde cardiovascular ideal (ESCI) foi calculado considerando-se os mesmos parâmetros estabelecidos pela AHA e que consistem de 4 fatores comportamentais (dieta, atividade física, índice de massa corpórea e tabagismo) e 3 biológicos (pressão arterial, glicemia de jejum e colesterol total) com valores de 0 (pior escore) a 7 (escore máximo ideal). O ESCI global foi subdividido em comportamental (0 a 4) e biológico (0 a 3). Foram construídos modelos de quasi-Poisson, brutos e ajustados, para analisar as associações entre o estresse relacionado ao trabalho e o ESCI (global, comportamental e biológico). Para a análise da associação entre a presença de estresse relacionado ao trabalho e a frequência do perfil ideal de cada métrica componente do ESCI, foram construídos modelos de regressão de Poisson com variância robusta. RESULTADOS: Nos modelos principais, encontramos que o ESCI global predito foi menor na presença de frequente falta de tempo para lazer e auto-cuidado nas mulheres (diferença relativa no escore predito [DREP]: -4,68%; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: -7,43% a -1,86%). O ESCI comportamental foi o mais claramente associado ao estresse relacionado ao trabalho, tanto na amostra total quanto após estratificação por sexo. Nos homens, observamos associações negativas mais proeminentes com os domínios de estresse no trabalho (alta demanda [DREP: -3,85%; IC95%: -7,41% a -0,15%], baixa autoridade decisória [DREP: -4,19%; IC95%: -8,10% a -0,12%] e baixo suporte social [DREP: -4,33%; IC95%: -7,78% a -0,76%]). Nas mulheres, tanto domínios específicos de estresse no trabalho (baixo uso de habilidades [DREP: -4,40%; IC95%: -7,95% a -0,70%] e baixo suporte social [DREP: -4,13%; IC95%: -7,46% a -0,68%]) quanto de conflito trabalho-família (frequente interferência do trabalho na família em termos de intensidade [DREP: -5,00%; IC95%: -8,05% a -1,84%] e interferência da família no trabalho [DREP: -8,60%; IC95%: -13,46% a -3,47%]) mostraram associação negativa com o ESCI comportamental. A frequente falta de tempo para lazer e auto-cuidado mostrou associação negativa com o ESCI comportamental em ambos sexos (DREP: -6,12%; IC95%: -9,52% a -2,58% nos homens e DREP: -10,20%; IC95% -13,08% a -7,22% nas mulheres. O ESCI biológico mostrou associação positiva com o estresse relacionado ao trabalho em homens, o que pode ser explicado, ao menos parcialmente, por causalidade reversa. A atividade física foi a métrica mais associada ao estresse relacionado ao trabalho. CONCLUSÃO: Nesse estudo foram encontradas associações significativas entre o estresse relacionado ao trabalho e a saúde cardiovascular mensurada de acordo com o ESCI proposto pela AHA INTRODUCTION: Considerable data point to the influence of stress over cardiovascular health and work is a source of stress for many subjects. This study aims to analyse the association between job related stress and the Ideal Cardiovascular Health (ICH) score suggested by American Heart Association (AHA), in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) participants at baseline. METHODS: We analyzed data from 11,346 active workers aged 35 to 74 years (52.7% women, mean age 49.1 ± 7.2 years-old) from six centers in six Brazilian cities (Belo Horizonte, Porto Alegre, Sao Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, and Vitoria), without overt cardiovascular disease. Job strain was assessed using the Brazilian version of the Swedish Job Demand-Control-Support Questionnaire, which was divided in job psychological demands, skill discretion, decision authority and social support. Workfamily conflict was assessed using a questionnaire based on the Frone model and validated for Brazilian Portuguese, which comprises four questions evaluating each of those domains: time and strain-based work interference with family, family interference with work and lack of time for personal care and leisure. The ICH score was calculated according to AHA criteria considering lifestyle (diet, physical activity, body mass index and smoking) and clinical (blood pressure, fasting plasma glucose and total cholesterol) metrics and scored in a 0 (worst) to 7 (best) range. We subdivided the ICH score in lifestyle (0 to 4) and clinical (0 to 3) ones and built crude and adjusted quasi-Poisson regression models to analyze the associations between job related stress and ICH scores (global, lifestyle and clinical). To analyze the association between job related stress and the frequency of each ICH score metric we built Poisson regression models with robust variance estimator. RESULTS: In main models, we found that the predicted global ICH score was lower in the presence of frequent lack of time for leisure and self-care in women (relative predicted score difference [rPSD]: -4.68%; 95% confidence interval [95%CI]: -7.43% to -1.86%). Lifestyle ICH scores were most clearly associated with work-related stress, both in the total sample and after stratification by sex. In men, we observed more prominent negative associations with the domains of job strain (high demand [rPSD: -3.85%; 95%CI: -7.41% to -0.15%], low decision authority [rPSD: -4.19%; 95%CI: -8.10% to -0.12%] and low social support [rPSD: -4.33%; 95%CI: -7.78% to -0.76%]). In women, both job strain (low skill discretion [rPSD: -4.40%; 95%CI: -7.95% to -0.70%] and low social support [rPSD: -4.13 %; 95%CI: -7.46% to -0.68%]), and work-family conflict domains (frequent strain-based work interference in the family [rPSD: -5.00%; 95%CI: -8, 05% to -1.84%] and family interference in work [rPSD: -8.60%; 95%CI: -13.46% to -3.47%]) showed a negative association with lifestyle ICH scores. Frequent lack of time for leisure and self-care was negatively associated with lifestyle ICH scores in both sexes (rPSD: -6.12%; 95%CI: -9.52% to -2.58% in men and rPSD: -10.20; 95%CI -13.08% to -7.22% in women). Clinical ICH scores showed a positive association with work-related stress in men, which can be explained, at least partially, by reverse causality. Physical activity was the ICH metric most associated with work-related stress. CONCLUSION: We found significant associations between work-related stress and cardiovascular health, according to the ICH score proposed by the AHA