Introdução: Ao longo dos últimos dois anos, o Sars-Cov-2 sofreu diversas mutações, em decorrência tanto de sua evolução natural, como devido às campanhas de vacinação. Tais mutações geraram variantes preocupantes, dentre elas a Ômicron. Identificada em Botswana (África), ela caracteriza-se por elevada transmissibilidade e baixa capacidade de gerar anticorpos neutralizantes, pondo em xeque os efeitos que a vacinação pode exercer sobre essa variante. Objetivo: Avaliar os efeitos das atuais vacinas sobre a variante Ômicron. Metodologia: Revisão de literatura que incluiu estudos em língua inglesa e portuguesa, publicados no último ano, envolvendo os efeitos das vacinas sobre a Ômicron, e indexados nas bases de dados PubMed e SciELO. A estratégia de busca foi: “Omicron and Vaccination”. Foram incluídos artigos gratuitos, que continham dados no título ou no resumo sobre essa associação. Resultados: A maioria dos artigos da literatura, inicialmente, classifica a variante Ômicron quanto às suas características virais. No geral, ela apresenta alta infectividade, porém com pouca gravidade. Ademais, apresenta elevada taxa de transmissibilidade, além de ter seis vezes mais chance de causar reinfecção. Sobre a vacinação, a literatura foi unânime em afirmar que o esquema vacinal com duas doses é insuficiente para produzir anticorpos neutralizantes contra a Ômicron, com uma efetividade de cerca de 33%, comparada aos 80% contra a Delta. Contudo, a aplicação de uma dose de reforço ainda é motivo de controvérsia. Por um lado, a aplicação parece ser efetiva no desenvolvimento da proteção imunológica contra a Ômicron. Por outro lado, alguns autores questionam se ela de fato é necessária, principalmente ao se comparar a situação de doença de países como Estados Unidos, já em aplicação de terceira dose, e África do Sul, pequeno quociente com as duas vacinas. Conclusão: Diferentemente do que ocorre com a variante ancestral do Sars-Cov-2, o esquema de duas doses de vacina para a Ômicron acarreta uma produção insuficiente de anticorpos neutralizantes. Contudo, a associação de uma dose de reforço ao esquema vacinal prévio permanece controversa, uma vez que o efeito que esse “booster” pode exercer sobre a variante ainda é indeterminado, apesar do inegável papel da vacinação no controle da COVID-19.