Jelson Oliveira, Inara Zanuzzi, Hernán Neira, Étienne Bimbenet, Diana Aurenque, Eduardo Ribeiro da Fonseca, Silvestre Grzibowski, Angela Guida, Camila Freitas, José Luis Villacañas Berlanga, Lucas Piccinin Lazzaretti, Regina Schöpke, Wendell E. Soares Lopes, Marta Luciane Fischer, Renata Bicudo Molinari, Anor Sganzerla, Geovani Viola Moretto Mendes, Michael Hauskeller, Jelson Oliveira, Inara Zanuzzi, Hernán Neira, Étienne Bimbenet, Diana Aurenque, Eduardo Ribeiro da Fonseca, Silvestre Grzibowski, Angela Guida, Camila Freitas, José Luis Villacañas Berlanga, Lucas Piccinin Lazzaretti, Regina Schöpke, Wendell E. Soares Lopes, Marta Luciane Fischer, Renata Bicudo Molinari, Anor Sganzerla, Geovani Viola Moretto Mendes, and Michael Hauskeller
A urgência de pensar o animal é a mesma que obriga a refletir criticamente sobre a crença milenar na primazia ontológica do ser humano e em sua superioridade diante das outras espécies, contra as quais ele implementa lancinantes expedientes de exploração, experimentação e consumo que não só têm produzido todo tipo de sofrimento (o que já é terrível e condenável por si só) como têm contribuído para a extinção de muitas formas de vida que povoam ares, terras e águas. Esse primeiro contrassenso, de cunho ontológico, fechou o animal em seu círculo próprio pretensamente intransponível (porque sem mediação linguística) e se desdobrou em um embuste moral que levou o homem a negar a própria animalidade em vista do presumido melhoramento fundado na racionalidade, cujo resultado foi o adoecimento, o enfraquecimento e o fastio do homem consigo mesmo. Não é por outro motivo que a filosofia contemporânea tem se dedicado a rever a condição ontofenomenológica e a relação ética entre animais humanos e não humanos, tendo como fio condutor a própria animalidade que os unifica ontologicamente: em seu sentido mais complexo, esse se tornou um dos temas centrais do pensamento filosófico, especialmente a partir da segunda metade do século passado, cujo empenho tem sido desconstruir as prejudiciais hierarquias no plano geral da vida e repensar o animal humano em sua íntima relação com o inteiro mundo da vida. Em tempos de um anti-humanismo que anunciou o fim do homem, abrindo caminho para muitas quimeras do pós e do transumanismo, pensar o animal pode ser um caminho para a renovação cultural e a afirmação de uma nova atitude dos seres humanos diante de si mesmos e diante do reino extra-humano, por onde vagam as vítimas silenciosas da nossa atual civilização urbano-tecnológica. Por isso, com a questão animal, a filosofia se reaproxima de seus grandes temas, do ponto de vista ontológico, epistemológico, antropológico e ético.