Search

Introdução/Objetivos: A neuropatia periférica (NP) é comum em pacientes com doenças associadas à deficiência de vitamina B12 (VitB12), como a gastrite atrófica, uso de medicamentos, toxinas como álcool e infecções virais, causando um processo de desmielinização que leva à deterioração da bainha de mielina. Os mecanismos podem envolver hipometilação, metabolismo fosfolipídico e efeitos neurotóxicos da homocisteína. Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática com meta-análise, dos anos de 2018 a 2022, sobre a relação entre a deficiência de VitB12 e NP, a fim de avaliar essa associação. Material e métodos: Pesquisa bibliográfica, em março de 2023, realizada nas bases de dados PubMed, SciELO, e LILACS. Os descritores selecionados nos Descritores em Ciência da Saúde foram: (“Anemia, Megaloblastic” OR “Vitamin B12 Deficiency” OR “Cobalamin”) AND “Neuropathy”. A coleta de dados foi baseada no protocolo PRISMA. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados de 2018 a 2022, com texto completo disponível, nos idiomas português, inglês e espanhol, e observacionais. Foram utilizados os programas Microsoft Excel para tabulação dos dados, e o RStudio para os cálculos estatísticos. Resultados: Foram encontrados 188 artigos, sendo excluído 1 repetido nas bases, 12 sem texto completo disponível, 8 em idiomas não selecionados, 159 estudos não observacionais, 3 por título ou resumo não correspondentes ao tema, restando 5 artigos para leitura na integra. A amostra final foi composta de 2.339 pacientes. O nível médio de corte considerado para deficiência de VitB12 foi de 214,43 ± 70,39 pg/mL. Os resultados da análise mostraram uma associação significativa entre a deficiência de VitB12 e a NP em comparação com o grupo sem deficiência (OR = 1,29, IC95% (1,04; 1,60), p < 0,01, I2 = 90%, τ2 = 0,7876. Discussão: Os estudos selecionados em sua maioria também demonstraram essa relação, como em pacientes com gastrite crônica atrófica, e diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em uso de metformina. Em um estudo selecionado, foram comparados pacientes com gastrite crônica atrófica associada à deficiência de VitB12, concluindo que a deficiência é um fator de risco para NP, e está correlacionada com a gravidade da NP. Os outros quatro estudos incluíram pacientes com DM2, destes, dois concluíram que a insuficiência de vitamina B12 foi frequentemente encontrada nessa população, sendo maior a NP nos pacientes DM2 com a deficiência de VitB12, além de estar associada à neuropatia em indivíduos em uso de metformina. No entanto, dois estudos foram discordantes, citando que esses pacientes podem estar em uso de outras medicações que também alteram o nível de VitB12, e não encontraram associação com maior NP nos pacientes com deficiência de VitB12. Os sintomas da deficiência de VitB12 e da neuropatia diabética se sobrepõem, com sensação de vibração e propriocepção prejudicadas, e parestesia. As limitações deste estudo são os fatores de confundimento. Além disso, houveram variados graus de corte para deficiência de B12 e discordância entre os estudos sobre o efeito da metformina nos níveis de VitB12 e sua relação com a NP. Conclusão: Este estudo evidencia que a deficiência de VitB12 está associada à NP. No entanto, mais pesquisas são necessárias para esclarecer as divergências encontradas e avaliar melhor os fatores de confusão envolvidos nessa relação.

Introdução/Objetivos: A hemofilia é um distúrbio hemorrágico causado pela deficiência de fatores de coagulação, associado a morbidade e mortalidade significativas. Ela pode ser dos tipos A, B e C, relacionados à deficiência dos fatores VIII, IX e XI, respectivamente. A maioria dos casos é hereditária, mas até um terço pode ocorrer por mutações espontâneas. A forma adquirida é rara. O grau de acometimento e a apresentação clínica variam de acordo com a atividade residual dos fatores de coagulação. O tratamento teve grandes avanços, mas ainda não estão amplamente disponíveis. O objetivo deste trabalho é descrever os dados de internações hospitalares no Brasil para tratamento de hemofilias nos últimos 5 anos. Material e métodos: Trata-se de um estudo ecológico, utilizando dados públicos referentes as internações para o tratamento de hemofilias no Brasil, coletados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), entre janeiro de 2018 a dezembro de 2022. As variáveis selecionadas foram: ano de atendimento, internações, caráter de atendimento e óbitos. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e cálculo das taxas dos dados. Resultados: Foram registradas 2.750 internações. Nos anos de 2018 e 2022 respectivamente: 578, 604, 493, 557 e 518. Sendo 83,9% de urgência (U), e 16,1% eletivas (E). A taxa de óbitos foi de 1,78%, desses 14,3% em internações E e 85.7% de U. Os anos de 2018 a 2022, registraram, respectivamente: 1,90% (18,2% E/81,2% U), 0,82% (40,0% E/60,0% U), 1,82% (11,1% E/88,9% U), 1,82% (8,3% E/91,7% U), e 2,15% (8,3% E/91,7% U). Discussão: O Brasil possui a quarta maior população de hemofílicos do mundo. Neste estudo o maior número de internações foram nos anos de 2019 e 2021, e 2020 teve o menor número, tendo como hipótese a influência direita ou indireta da pandemia de COVID-19. Segundo a World Federation of Hemophilia (WFH), em 2018 foram registradas em 21.1% internações no mundo, 8.8% em 2019, 14% em 2020, 9.4% em 2021, 8% em 2022, discordante da maioria dos nossos dados, exceto 2018. As taxas de óbitos encontradas neste estudo foram maiores em 2022 e 2018, e a menor em 2019, também tendo como hipótese a influência direta ou indireta da pandemia de COVID-19. Segundo a WFH, a taxa de óbitos mundial de 2018 a 2021 foi

Introdução/objetivos: O transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) de Medula Óssea (MO) é utilizado no tratamento de várias doenças sanguíneas, malignas e não malignas, hereditárias ou adquiridas. No TCTH alogênico, as células-tronco vêm de um doador, idealmente um familiar com uma composição genética semelhante. Se o paciente não tem um doador aparentado compatível, as células-tronco de uma pessoa não aparentada cadastrada em um bancos de MO que tenha compatibilidade total ou parcial pode ser usada. O objetivo deste trabalho os dados de internações hospitalares no Brasil para TCTH de MO aparentado e não aparentado nos últimos 5 anos. Material e métodos: Trata-se de um estudo ecológico, utilizando dados públicos referentes as internações para TCTH de MO alogênico aparentado, comparando com o TCTH alogênico de MO não aparentado no Brasil. Os dados foram coletados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), entre 2018 a 2022. As variáveis selecionadas foram: internações, e óbitos. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e cálculo das taxas dos dados. Resultados: Foram realizadas 1.823 internações para a realização TCTH alogênico de MO aparentado, e para não aparentado foram registradas 663 internações. A taxa de óbitos foi de 6,5% no TCTH alogênico de MO aparentado. No não aparentado a taxa de óbito foi de 6,8%. Discussão: Segundo a Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea (SBTMO), de 2018 a 2022 foram realizados no Brasil 2.531 TCTH alogênicos de MO, desses 76,1% de doador aparentado. Segundo os dados deste estudo, houve um número maior de internações para TCTH alogênicos aparentados comparando com o os não aparentados, corroborando com a literatura. Porém, nossos números de internações para realização do procedimento foram bem menores, isso se deve provavelmente aos casos registrados neste estudo serem somente os realizados pelo setor público. Quanto a taxa de óbitos, na literatura é descrito que os casos dos TCTH alogênicos, quando a medula utilizada é oriunda de um familiar ou do banco de medula óssea, o índice de mortalidade hospitalar é inferior aos 15%, corroborando com nossos dados. O sucesso do TCTH depende de fatores como idade, estado de saúde e doença de base do paciente. O ideal é um doador irmão com HLA (Human Leucocyte Antigen) idêntico. A disponibilidade de doadores familiares compatíveis é um fator limitante, e os não aparentados frequentemente são utilizados. Mas suas taxas de sobrevida a longo prazo podem ser inferiores. Apesar da pequena diferença, os transplantes aparentados neste estudo apresentaram uma mortalidade menor, como descrito na literatura. As limitações incluem o fato de o estudo se basear apenas em dados do sistema público de saúde, não fornecendo informações sobre a doença de base ou comorbidades associadas, e compatibilidade do HLA, sendos esses fatores que impactam na sobrevida do paciente. Conclusão: Observou-se neste estudo um maior número muito de internações para TCTH alogênico de MO aparentado. Quanto a taxa de óbitos, foi maior no não aparentado, mas similar ao aparentado. Este estudo ressalta a necessidade de aumentar a disponibilidade de doadores compatíveis e promover a conscientização sobre a importância da doação da MO para melhores resultados do TCTH.

Aspergillus infectious endocarditis (IE) is a rare cause of culture-negative endocarditis. The main risk factors are severe immunosuppression and prosthetic heart valve. We describe a case of Aspergillus fumigatus IE on a native mitral valve in a patient with autoimmune hepatitis in remission while on low dose corticosteroids. The case is unique due to the patients’ low initial risk for invasive fungal disease, its clinical presentation and successful management with emergency surgery and antifungal therapy. After literature review we have not found a similar case report. The patient presented with right-sided eyesight deterioration due to endophthalmitis. Vitrectomy was performed and Aspergillus fumigatus grew on culture. IE on a native mitral valve was confirmed with echocardiography. The patient developed signs of acute heart failure soon after hospital admission and was diagnosed with several septic emboli (kidney, spleen, thumb, right common femoral artery). He was initially treated with surgical valve replacement, dual antifungal therapy with liposomal amphotericin B (LAmB) and voriconazole and vitrectomy, including intravitreal amphotericin B application. Long-term triazole therapy was not possible due to hepatotoxicity. The patient was maintained on intermittent LAmB for 12 months and is without signs of recurrence ten months after therapy was discontinued. Aspergillus can cause invasive infection in patients with autoimmune hepatitis on low dose corticosteroids. Early diagnosis followed by emergency surgical valve replacement and systemic antifungal therapy can improve prognosis. Additional studies are needed to evaluate alternative methods and duration of antimicrobial therapy following Aspergillus IE.

The interaction between various neuroleptics and antiparkinsonian drugs was analyzed by measuring the neuroleptic plasma level before and after withdrawal of antiparkinsonian drugs. The population completing the study consisted of 32 chronic schizophrenics treated with chlorpromazine (8), levomepromazine (14), thioridazine (6), or haloperidol (4). Twenty-five were also receiving benztropine; 4, trihexyphenidyl; and 3, procyclidine. During the first 4 weeks patients remained on neuroleptics and antiparkinsonians, the latter being withdrawn during the 5th week, and the neuroleptics alone being administered during 16 following weeks. The plasma level of neuroleptics was assayed by gas liquid chromatography, once weekly in the morning at two different times. The analysis of variance showed a significant difference in neuroleptic plasma level when patients took neuroleptics only versus the period they had received neuroleptics and antiparkinsonians. The multiple comparison based on Studentized range Q0-05 revealed a significant progressive increase of neuroleptic plasma level during 12 weeks after withdrawal of antiparkinsonian drugs after which a plateau was reached. The hypothetical mechanisms of action of antiparkinsonians on neuroleptic plasma level are discussed.

The authors made a polygraphic registration of the night sleep in a sample of 14 chronic schizophrenic patients who for several months (mean 8 months) have been on a stable, relatively low maintenance dosage of neuroleptics administered according to the drug-free weekend schedule (two consecutive drug-free days at the weekend). During this treatment none of them showed a relapse or deterioration (BPRS, CGI, and NOSIE rating scales were applied periodically). Their only complaint was of sleep deterioration during the drugfree weekend nights, especially during the second night. The polygraphic night-sleep pattern of each patient was studied during two consecutive weeks. No difference was found between the adaptation night on medication and the consecutive night on medication during the first week, and between the adaptation and readaptation nights on medication during two consecutive weeks. There was no difference in any sleep parameters between the nights on medication and the first drug-free nights. There was a signifcant difference in the total sleep time between the nights on medications and the second drug-free nights. No difference was found in any other sleep parameters in nights analysed as a blocks and in the distribution of NREM and REM stages in the first vs. the second half of the night when B3 was compared with A2. The practical implication is, that to avoid any change in nocturnal behavior it is preferable to withdraw the medication on two nonconsecutive days in the week. The evaluation of both daily and nocturnal behavior seems to be a useful tool in evaluating the first sign of the drug-withdrawal syndrome.

Of 23 hospitalized chronic schizophrenic patients, all under neuroleptic medication, hypnotics taken previously for a long time could be totally withdrawn in 16 cases, and in 7 cases, the dosage was diminished by 30%, without any sleep impairment. The gradual reduction of hypnotics was accompanied by a shift of neuroleptic dosage to the evening and bedtime, with reduction of the morning and midday dose, without change of the total daily dose. A significant improvement in the psychic state was observed in 16 patients after withdrawal of the hypnotic; 7 patients showed a slight improvement after reduction of the hypnotic. Monthly or bimonthly reassessment of insomnia in the hospitalized population of chronic schizophrenics is indispensable to avoid the deleterious effects and abuse of hypnotic drugs.

This study was performed on two groups of schizophrenic patients. One group consisted on nine nonlobotomized patients and the other of nine lobotomized ones. The groups were matched for age, sex, duration of illness, clinical symptoms, type and dose of psychopharmacological treatment. The patients of both groups were administered 1 mg of reserpine half an hour before bedtime, for three successive days. Before reserpine administration the mean percentage time of the NREM stage 4 was significantly higher in the lobotomized group. There was no significant difference in the REM parameters. After three days of reserpine administration in the nonlobotomized group, there was no significant difference in the mean percentage of the NREM stage 4, whereas the mean REM percentage significantly increased and REM latency decreased. In the lobotomized group the same procedure, i.e., three days of reserpine administration, provoked a significant decrease in the mean percentage of the NREM stage 4 and no significant changes in the REM parameters. This difference in reserpine action on sleep in the lobotomized group is discussed.