Esta pesquisa tem como principal objetivo problematizar as ideologias de linguagem emergentes em metadiscursos mobilizados por docentes indígenas em formação superior no curso de Licenciatura em Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás, como forma de evidenciar o que esses sujeitos, historicamente marginalizados e subalternizados, pensamsobre língua e de refletir sobre as próprias bases epistemológicas dos estudos linguísticos e do referido curso. Este estudo parte de um direcionamento qualitativo de cunho etnográfico, em um esforço de situar os sujeitos participantes em tempos e espaços específicos para pensar sobre as ideologias de linguagem acionadas e conectá-las a um macrocontexto histórico, político e social mais amplo. Os dados desta pesquisa são compostos de enunciados orais e escritos gerados em contexto de sala de aula, durante etapas que ocorreram na universidade, em temas relativos à formação para o ensino de línguas em contextos interculturais e, consequentemente, à metarreflexão. Partimos de pressupostos teóricos da sociolinguística contemporânea e suas intersecções com a linguística antropológica e áreas afins e enquadramos nosso estudo no paradigma do pensamento decolonial latino-americano, reconhecendo a herança moderna/colonial das concepções hegemônicas de língua e procurando problematizar como essa herança impacta as ideologias de linguagem acionadas pelos docentes indígenas e, ao mesmo tempo, como ela pode ser ressignificada ou desafiada nessas mesmas ideologias e ainda nas práticas de linguajamento observadas. Pretendemos, a partir dos dados gerados, estabelecer um diálogo interepistêmico com esses docentes indígenas em formação, compreendendo-os como sujeitos pensantes, formuladores de teorizações sobre língua, intelectuais que problematizam suas realidades. This research seeks to problematize language ideologies present in metadiscourses mobilized by indigenous teachers in training at University of Goiás Intercultural Education program as a way of: drawing attention to what these historically marginalized subjects think about language; and reflecting upon Linguistic Studies' and the program's own epistemological bases. This study stems from a qualitative ethnographic orientation, in an effort to situate its subjects in specific times and spaces in order to think about language ideologies enacted and to connect them to a broader historical, political and social macrocontext. The data are composed of oral and written statements generated in classroom activities, during stages that took place in the university, related to training for language teaching in intercultural contexts and, consequently, meta-reflection. The analysis was based on theoretical postulates of contemporary sociolinguistics and their intersections with anthropological linguistics and related areas, framed in the paradigm of Latin American decolonial thinking. It aims at recognizing the modern/colonial heritage of hegemonic language conceptions and trying to problematize how this heritage impacts language ideologies enacted by indigenous teachers and, at the same time, how it can be redefined or challenged in these same ideologies and in the language practices observed. The goal is to, from the data generated, establish an inter-epistemic dialog with theses indigenous teachers in training, understanding them as thinking subjects that theorize about language and problematize their realities.