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Objetivo: Avaliar a associação dos índices hematológicos com a mortalidade por todas as causas e transferência para hemodiálise (HD) em pacientes submetidos à diálise peritoneal (DP). Materiais e métodos: Uma coorte prospectiva foi realizada com 43 pacientes submetidos à DP acompanhados por 18 meses. Foram calculados os índices hematológicos a partir dos dados do hemograma coletados nos prontuários dos pacientes, a saber: Razão Neutrófilo-Linfócito (RNL), Razão NeutrófiloLinfócito Derivada (dRNL), Razão Plaqueta-Linfócito (RPL), Razão Monócito-Linfócito (RML), Índice Agregado de Inflamação Sistêmica (AISI), Índice Inflamatório Sistêmico (SII) e o Índice de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRI). Análises de correlação foram utilizadas para avaliar a associação entre estes índices hematológicos e marcadores inflamatórios clássicos (ferritina, global de leucócitos, IL-6 e IL-10). Os índices hematológicos foram categorizados por suas respectivas medianas, a sobrevivência dos pacientes foi estimada pelo método Kaplan Meier (K-M) e as curvas de sobrevivência comparadas pelo teste Logrank. O modelo de Cox para riscos competitivos foi utilizado para avaliar a influência dos índices na sobrevida. Resultados: Os índices AISI e SIRI tiveram uma correlação alta, positiva e estatisticamente significativa com a global de leucócitos (r = 0,74 e r = 0,71, respectivamente, p < 0,001). Apenas AISI e SII apresentaram estimativas de K-M estatisticamente significativas indicando maior sobrevida para AISI ≤ 149,61 (p = 0,01) e SII ≤ 722,80 (p = 0,02) e mantiveram associação estatisticamente significativa após ajuste de Cox. Pacientes que apresentaram AISI acima de 149,6 possuem 9,38 vezes mais risco de óbito ou de transferência para HD que pacientes com AISI em até 149,6. Os pacientes que possuem SII acima de 722,80 apresentam um risco de óbito ou de transferência para HD 4 vezes maior que os demais pacientes. Discussão: Os papéis distintos que as células de AISI e SII desempenham na resposta imune podem contribuir para a capacidade de identificar o risco de mortalidade e demais estados patológicos. Os índices hematológicos obtidos por uma maior combinação de células como AISI e SII podem ser mais úteis em avaliar o estado inflamatório e imunológico dos pacientes com DRC. Logo, supõe-se que AISI e SII tenham um desempenho melhor do que índices mais restritos para predição do risco de desfechos desfavoráveis nos pacientes em DP. Múltiplas populações de células sanguíneas participam da inflamação sistêmica, portanto, a inclusão dessas células no cálculo de um índice refletem melhor o estado inflamatório e melhora sua habilidade preditiva. Conclusão: O presente estudo demonstrou que AISI > 149,61 e SII > 722,80 foram independentemente associados ao risco de óbito ou de transferência para HD em pacientes em DP. Este é o primeiro estudo realizado no Brasil que investigou a associação entre os índices hematológicos e desfechos desfavoráveis nesse grupo de pacientes, contribuindo para gerar evidências importantes em relação ao uso de ferramentas práticas e mais acessíveis para detecção de riscos nessa população.