Descendre, Romain, Triangle : action, discours, pensée politique et économique (TRIANGLE), Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS)-Sciences Po Lyon - Institut d'études politiques de Lyon (IEP Lyon), Université de Lyon-Université de Lyon-Université Jean Monnet [Saint-Étienne] (UJM)-Université Lumière - Lyon 2 (UL2)-École normale supérieure - Lyon (ENS Lyon), and ANR-11-IDEX-0007,Avenir L.S.E.,Constitution de la modernité : raison, politique, religion(2011)
International audience; Considered a project of many stages, this essay presents the first stage in which we question the semantics of the word discovery in its institution as a concept and as an edifying historiographical report. Based on a philological perspective applied to the text, we conceive the meaning of this word concerned to the Iberian explorations and navigations during the 15th and 16th century described in the first authors reports, to a genealogy of the ideia of discovery that became a paradigm to think about knowledge, research and scientific progress in the modern ages. The uses of the word discovery give us two lessons: for semantics and historical reasons, to discover is not used to mean that unknown lands were found: when the verb acquires this meaning, it is somehow by an adding process, as an effect of the exploration; it is also necessary to understand that one of the effects of voluntary politics and endeavours of long distance navigations and search for new routes towards Asian lands was the modification, insensible at the beginning, but decisive afterwards, of what is designated as discovery – a result, particularly important in a cognitive and epistemological point of view, obtained in a process of searching.; Considerado um projeto em várias etapas, este ensaio apresenta um primeiro momento, no qual se busca interrogar a semântica da palavra descoberta na sua instituição, como conceito e como relato historiográfico edificante. Dessa forma, tendo como base uma perspectiva filológica aplicada ao texto, parte-se do sentido desta palavra concernente às explorações e navegações ibéricas dos séculos XV e XVI, presentes nos relatos dos primeiros autores, para uma genealogia da ideia de descoberta, que se tornou paradigmática para pensar o conhecimento, a pesquisa e o progresso científico na época moderna. Assim, neste estudo, os usos da palavra descoberta permitem tirar dois ensinamentos: por razões ao mesmo tempo semânticas e históricas, descobrir não serve para significar que se encontraram terras desconhecidas, e quando o verbo adquire esse sentido é de certo modo por acréscimo, enquanto efeito da exploração; e que é preciso também tomar consciência do fato de que um dos efeitos das políticas e dos empreendimentos voluntaristas de navegações de longo alcance e de busca de novas rotas em direção às terras asiáticas foi justamente o de modificar, de início insensivelmente e depois, a longo prazo, de modo decisivo, o que vem a ser designado como descoberta – a saber, um resultado, particularmente importante do ponto de vista cognitivo e epistemológico, atingido no decorrer de um processo de busca.