Dissertação de mestrado em Biologia Molecular, Biotecnologia e Bioempreendedorismo em Plantas, Como principal produtor de pasta de madeira de eucalipto (Eucalyptus globulus Labill.) no mercado da UE, Portugal processa anualmente milhares de toneladas de toros enquanto os resíduos rejeitados de eucalipto são deixados a decompor-se nas florestas. O perfil rico em terpenóides das folhas de eucalipto torna-as numa matéria-prima abundante que pode ser transformada em produtos químicos de elevada qualidade. A exploração deste recurso contribui, ao mesmo tempo, para uma melhor e mais eficiente gestão dos resíduos florestais. O potencial biotecnológico das folhas pode ser explorado recorrendo a enzimas especializadas de microrganismos terpeno-catabolizantes tais como a Pseudomonas sp. estirpe M1, que é capaz de biotransformar alguns terpenos (como o β-mirceno) e de utilizar plenamente vários compostos tóxicos e/ou recalcitrantes, como por exemplo citral, citronelol, fenol, clorofenóis e benzeno como fontes únicas de carbono e energia. Esta poderosa ferramenta biológica deverá ser também capaz de catabolizar outros monoterpenóides que são relatados em extratos de folhas de eucalipto. Sendo este um estudo altamente exploratório, o presente trabalho visa estabelecer e padronizar protocolos para futuras experiências de biotransformação, bem como fornecer uma base para novas experiências. Foi concebido um protocolo fácil e eficiente para a colheita e amostragem das folhas de eucalipto considerando fatores tais como: a espécie de eucalipto, tamanho do tronco e parâmetros das folhas, facilidade de extração e, por último, reprodutibilidade da experiência. Além disso, foi testado e ajustado um protocolo de extração de gDNA baseado em CTAB, a fim de extrair ADN de folhas mais jovens de eucalipto com sucesso. As árvores das quais o material biológico foi recolhido foram genotipadas com sucesso, e foi determinado que a espécie de eucalipto é de facto E. globulus. Extrações aquosas e orgânicas (experiências com a M1 demonstraram que o n-hexadecano selecionado era o solvente orgânico mais adequado para extração) foram testadas, e os resultados revelaram que o eucaliptol é o composto principal de todos os extratos, sendo eficientemente extraído por ambos os métodos testados. As análises de caracterização de extratos mostram que os extratos orgânicos (EOs) são presumivelmente os mais diversos e ricos em terpenóides. Os compostos comuns a todos os extratos, tanto aquosos como orgânicos, são: 1,8-cineole e 4-terpineol. Todos os extratos são dominados por monoterpenos e monoterpenóides (e seus derivados), no entanto, também apresentam a presença de sesquiterpenos e diterpenos (sendo os últimos são exclusivos das amostras EO). As experiências de crescimento em M1 utilizando eucaliptol, outros terpenos e EOs/EAs revelaram complicações no processo de biotransformação com base em baixos valores de absorção acoplados a uma resposta de GFP relativamente baixa que mede indiretamente a ativação da codificação do promotor P5 para uma hidroxilase de β-mirceno (myrH). Por último, através de uma análise de GC-MS, nenhum dos metabolitos específicos do β-mirceno (controlo) e do eucaliptol foram identificados em sobrenadantes de culturas que cresceram no substrato, explicações para estes resultados foram então hipotetizadas. Numa abordagem mais futura, propõe-se a realização de mais experiências relativamente à interação entre M1- eucalyptol com o fim de afinar e melhorar o catabolismo celular em relação a este composto proeminente dos extratos., As a leading producer of wood pulp from eucalyptus trees (Eucalyptus globulus Labill.) in the EU market, Portugal processes thousands of tons of wood logs each year while rejected eucalyptus’ wastes are left to decompose on woodlots. Terpenoid rich profile of eucalyptus leaves makes them an abundant raw material that could be transformed into fine chemicals. The exploration of this resource contributes, at the same time for an improved and more efficient forest waste management. Leaves’ biotechnological potential could be explored by resorting to specialized enzymes of terpene catabolizing microorganisms such as the Pseudomonas sp. M1, which is able to biotransform some terpenes (such as β-myrcene) and to fully utilize several toxic and/or recalcitrant compounds, such as citral, citronellol, phenol, chlorophenols and benzene as sole carbon and energy sources. This powerful biological tool should also be capable of catabolize other monoterpenoids that are reported to compose extracts of eucalyptus leaves. As a highly exploratory study, this work aims to establish and standardize protocols for future biotransformation experiences as well as providing a base for further experiments. It was designed an easy and efficient protocol for the harvest and sampling of eucalyptus’ leaves considering factors such as: the eucalyptus’ species, tree trunk size and leaves’ parameters, ease of extraction methods and lastly reproducibility of the experience. Additionally, a CTAB based gDNA extraction protocol was tested and adjusted in order to successfully extract DNA from younger eucalyptus leaves. Trees from which the biological material was collected were successfully genotyped, and eucalyptus species was ascertained to be E. globulus. Aqueous and organic extractions (M1 experiments demonstrated the selected n hexadecane was the most adequate organic solvent for extraction) were assayed, and results revealed eucalyptol is the major compound of all extracts, being efficiently extracted by both methods tested. Extract characterization analysis showcased organic extracts (EOs) are presumably the most diverse and terpenoid rich extracts. Compounds common to all extracts, both aqueous and organic, are: 1,8-cineole and 4-terpineol. All extracts are dominated by monoterpenes and monoterpenoids (and their derivates), nonetheless they also showcase the presence of sesquiterpenes and diterpenes (exclusive to EO samples for the latter). M1 growth experiments using eucalyptol, other terpenes and EOs/EAs revealed complications on the biotransformation process based on low absorbance values coupled to relatively low GFP response that measures indirectly the activation of the P5 promotor encoding for a β-myrcene hydroxylase (myrH). Ultimately, none of β-myrcene (control) and eucalyptol specific metabolites were identified on supernatants from cultures growing on the substrate and analysed under GC-MS. Explanations for these results are then hypothesized. In a more future approach, it is proposed more experiments should be done regarding interaction between M1-eucalyptol in order to tune and enhance cells catabolism in relation to this extracts’ prominent compound.