RESUMO A fitoterapia, abrangendo o uso popular e empírico de plantas medicinais no combate e prevenção de doenças, deve ser aliada a estudos científicos que comprovem a eficácia e segurança desses compostos. No Brasil, a ampla biodiversidade vegetal da região nordeste favorece o uso e estudo de plantas com potenciais terapêuticos. A Aroeira do Sertão (Myracrodruon urundeuva Allem.) é uma espécie pertencente à família Anacardiaceae, comum no semiárido, desde o Piauí até Minas Gerais. Seu uso é diverso e disseminado por todo o País, sendo indispensáveis estudos de suas potencialidades e riscos. Devido à ampla utilização da Myracrodruon Urundeuva de forma empírica, este trabalho tem por objetivo a pesquisa de efeitos tóxicos com doses repetidas do extrato etanólico de Myracrodruon urundeuva Allem. (EEMU) e sua influência no ciclo estral de ratas Wistar. No protocolo de toxicidade subaguda foram utilizadas 25 ratas Wistar, divididas em 5 grupos (n=5), tratadas com diferentes doses do EEMU (125, 250, 500 e 1000 mg/kg) e água destilada (controle) por um período de 28 dias. Nesse período foram realizadas mensurações do consumo de água e ração e avaliação comportamental. Esses animais foram avaliados diariamente quanto a fase do ciclo estral, por meio de esfregaço vaginal a fresco, sendo observada a frequência de cada fase bem como o intervalo interestro. As ratas foram anestesiadas e o sangue foi coletado para a realização dos ensaios bioquímicos. Em seguida, foram eutanasiadas para coleta e avaliação dos órgãos internos. Durante o período de avaliação, não foram observadas alterações de comportamento, nem de consumo de água ou ração. A evolução ponderal dos animais não diferiu entre os grupos tratados. A concentração sérica de ALT foi maior nos animais tratados com EEMU 1000 mg/kg. As ratas tratadas com o extrato não apresentaram alterações significativas na frequência das fases do ciclo estral bem como duração do estro e intervalo entre estros, quando comparadas ao grupo controle. Os resultados obtidos neste estudo não apontam alterações tóxicas significativas, sistêmicas ou sobre o ciclo estral, de ratas Wistar tratadas com o extrato, nas doses avaliadas, por um período de 28 dias. ABSTRACT The herbal medicine, comprising the popular and empirical use of medicinal plants in combating and preventing diseases, should be combined with scientific studies that prove the effectiveness and safety of these compounds. In Brazil, the vast plant biodiversity of the Northeast favors the use and study of plants with therapeutic potential. Aroeira (Myracrodruon urundeuva Allem.) is a species of the Anacardiaceae family, common in the semiarid region, from Piauí to Minas Gerais. Its use is diverse and widespread throughout the country, making studies of its potential and risks necessary. Due to the wide use of Myracrodruon urundeuva in an empirical form, this paper aims to research toxic effects with repeated doses of Myracrodruon urundeuva Allem.ethanol extract (EEMU) and its influence on the estrous cycle of female Wistar rats. In a subacute toxicity protocol 35 female Wistar rats were used, divided into 5 groups (n=5) treated with different doses of EEMU (125, 250, 500 and 1000 mg/kg) and distilled water (control) for 28 days. In this period measurements of water intake, feed consumption were carried out and a behavioral assessment was performed. The estrous cycles of these animals were evaluated daily by fresh vaginal smear, it the frequency of each phase as well as the inter-estrus intervals were observed. The rats were anesthetized and blood was collected for the biochemical assays. Then they were euthanized for the collection and evaluation of internal organs. During the evaluation period, there were no observed behavioral changes nor were the water or food consumption variations. The weight gain of the animals did not differ between treatment groups. The serum ALT was higher in animals treated with EEMU 1000 mg/kg. The rats treated with the extract showed no significant changes in the frequency of the phases of the estrous cycle, estrus duration and estrus interval when compared to the control group. The results of this study do not indicate significant toxic alterations, neither systemic nor on the estrous cycle in female rats treated with the extract, at the evaluated doses, over a period of 28 days.