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Paleoparasitological findings about human occupation and their domestic animals, from Gallo-Roman period up to recent times, were described at the archaeological site of "Place d'Armes", Namur, Belgium, by preventive archaeological excavations. Organic sediment samples from cesspools, latrines and structures-like were analyzed and revealed intestinal parasite eggs (helminthes) in all of the different archaeological contexts. The parasitic association Ascaris sp. and Trichuris sp. was found although it is not easy to determinate the specific parasite species. Trichurids were described inboth New and Old Worlds since the prehistorical time. To elucidate the zoological origin of the organic remains, the parasites and the prior function of the sanitary structures Trichuris eggs were statistically analyzed for morphometric parameters, and suggest that it could be an important tool to help the whole paleoparasitological diagnosis.Achados paleoparasitológicos sobre a ocupação humana e seus animais domésticos, desde o período Galo-Romano até períodos recentes, foram registrados no sitio arqueológico da "Praça das Armas", em Namur, Bélgica, através de excavações de salvamento arqueológico. Amostras de sedimentos orgânicos coletados de fossas, latrinas e estruturas semelhantes foram analisadas e revelaram ovos de helmintos intestinais, em todos os diferentes contextos arqueológicos. A associação parasitária Ascaris sp. e Trichuris sp. foi encontrada, sem identificação de espécie. Tricurídeos foram descritos em ambos, Novo e Velho Mundo, desde tempos pré-históricos. Para contribuir na elucidação da origem zoological dos vestígios orgânicos, dos parasitos e a função primárias das estruturas sanitárias, ovos de Trichuris foram analisados estatisticamente através dos seus parâmetros morfométricos, e sugerem que esta pode ser uma importante ferramenta para o diagnóstico paleoparasitológico.

O encontro de parasitos em material arqueológico tem permitido o acompanhamento da dispersão de agentes infecciosos e seus hospedeiros humanos no passado. Através desses achados, pôde-se retomar teorias propostas no início do século sobre contatos transpacíficos de populações asiáticas com a América do Sul. Assim foi feito, por exemplo, no caso do encontro de ovos de ancilostomídeos em material arqueológico datado de até sete mil anos antes do presente. O aumento da produção científica na área torna necessária, agora, a realização de trabalhos de síntese que avaliem o estado da arte e proponham modelos paleoepidemiológicos compreensíveis para a dispersão pré-histórica das parasitoses humanas. Nesse sentido, foi feito o presente trabalho, a partir dos recentes achados de ovos de Enterobius vermicularis em material arqueológico nas Américas. Diferentemente da infecção por ancilostomídeos, a oxiuríase não necessita de passagem pelo solo para a transmissão de um hospedeiro a outro, logo, sua persistência em uma dada população humana independe das condições climáticas. Poderia, portanto, ter sido trazida do velho para o novo continente, inclusive pelas migrações humanas que atravessaram o estreito de Bering. Tal fato pode explicar a maior dispersão geográfica dos achados e sua disseminação na América do Norte, desde dez mil anos até os tempos atuais. Na América do Sul, por outro lado, os achados arqueológicos só confirmaram sua existência ao longo da região andina, com achados no Chile e no Norte da Argentina. No Brasil, apesar do grande número de amostras examinadas, não foram encontrados ovos de Enterobius vermicularis em coprólitos. No presente trabalho, discutem-se modelos explicativos para a distribuição conhecida dessa parasitose em populações pré-históricas.Parasite findings in archeological material have made it possible to trace the dispersion of infectious agents and their human hosts in ancient times. These findings allow us to re-examine theories proposed at the beginning of the century concerning transpacific contacts that Asian populations may have had with South America. This has been the case, for example, with hookworm eggs found in archeological material dating up to 7,000 years before present. Because of the increase in scientific production in this area, it has now become necessary to undertake syntheses that assess the state of the art and propose workable paleoepidemological models of the prehistoric dispersion of human parasitoses. Based on findings of Enterobius vermicularis eggs in archeological material in the Americas, the present study is an effort in this direction. Unlike the hookworm, the pinworm does not require a soil cycle in order to be transmitted from one host to another, thereby meaning that its persistence in a given human population does not depend on climatic conditions. Thus, it could have been brought from the old to the new continent, possibly by human migrations across the Bering Strait. This may explain the greater geographical dispersion and dissemination of these findings in North America from 10,000 yrs B.P. till today. In South America, on the other hand, archeological findings have only confirmed existence of Enterobius vermicularis eggs within the Andean region, with findings located specifically in Chile and northern Argentina. Although a large number of samples have been examined, no such eggs have been found in coprolites in Brazil. The paper discusses models that account for the known distribution of this parasitosis in prehistoric populations.

The occurrence of certain parasites in human groups from different regions has been used to study the geographical origin of both hosts and parasites. The presence of hookworm infection in an isolated tribe in remote regions of Paraguay led to speculations about its origin, since the prehistoric migrations through the Behring Land Bridge could not have brought the parasite, which needs for its mantenance a temperature of about 22ºC in the soil. It was then proposed that only transpacific migrations of Asiatic populations could have brought the parasite to America. This discussion dates back to the beginning of this Century and it was only with recent paleoparasitological findings that it arose again. This paper is a review of hookworm findings in archaeological material and suggests possible routes followed by their hosts to reach the New World.A ocorrência de certos parasitos em grupos humanos de diferentes regiões tem sido usada para o estudo da origem geográfica tanto da população humana como de seus parasitos. A presença da ancilostomose, em tribos isoladas de regiões remotas do Paraguai, levou a especulações sobre a sua origem, uma vez que as migrações pré-históricas pelo caminho de Bering não poderiam ter sido responsáveis pela introdução do parasito que necessita, para sua manutenção no solo, de temperatura em torno de 22ºC. Propôs-se então que somente migrações transpacíficas de populações asiáticas poderiam ter intoduzido o parasito na América. Esta discussão data do início do século e somente com os recentes achados da paleoparasitologia foi retomada novamente. Este trabalho é uma revisão sobre o encontro de ancilostomídeos em material arqueológico e sugere possíveis rotas seguidas pelos hospedeiros para alcançar o Novo Mundo.