Dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Embora haja muitos estudos que examinam a relação entre as experiências de rejeição e o comportamento antissocial na infância e na adolescência, investigações desse género com jovens adultos são ainda escassas particularmente em Portugal.O objetivo principal desta dissertação é contribuir para preencher essa lacuna, testando a hipótese, segundo a qual os indivíduos que sofreram mais rejeição durante a infância e/ou adolescência serão também os que, na idade adulta jovem ou adultez emergente, apresentarão mais comportamentos antissociais. Um objetivo secundário é testar a hipótese central da Teoria da Tensão Geral (Agnew, 1992) segundo a qual na origem do crime e de outros problemas graves do comportamento estariam o stresse ou tensão sofridos, incluindo rejeição, e a emocionalidade negativa a eles associada. Para tal, utilizaram-se dados de arquivo, provenientes de um estudo longitudinal iniciado em Coimbra em 1992-1993 (Simões et al., 1995) e dados de uma amostra de conveniência selecionada especificamente para esta dissertação. Cada participante, nas duas amostras, para além de um questionário sociodemográfico e relativo às vivências na infância, preencheu o Inventário de Problemas de Comportamento Achenbach para Adultos (ASR; Achenbach & Rescorla, 2003), que inclui um cluster de problemas de internalização com uma subescala de ansiedade/depressão, e a Escala de Autoavaliação dos Comportamentos Antissociais (SRA; Loeber et al., 1989, 1998). Em contrapartida, a medida de rejeição interpessoal não foi a mesma para as duas amostras. Enquanto no estudo longitudinal (dados de arquivo) os participantes responderam a cinco questões relativas a experiências de rejeição e vitimação, na amostra de conveniência utilizou-se o Questionário de Rejeição Social (SRQ; Lev-Wiesel, Sarid & Sternberg, 2013).Os resultados de uma primeira série de análises mostraram que as experiências de rejeição na infância são um fenómeno bastante comum e que os participantes expostos a essas situações reportavam significativamente mais comportamento antissocial e mais consumo de droga que os seus pares que não tinham sido vítimas de rejeição interpessoal.Estes resultados foram confirmados apenas parcialmente, numa segunda análise de dados, provenientes da amostra de conveniência constituída por participantes mais novos aos quais fora administrada uma nova medida de rejeição. Também aí se verificou que muitos destes participantes confessavam terem sido vítimas de alguma forma de rejeição, mas de modo geral o impacto dessas experiências sobre o comportamento antissocial era pequeno ou mesmo insignificante.Uma terceira análise de dados revelou, ainda, que a rejeição e a emocionalidade negativa (e.g., sintomas de ansiedade e depressão) explicavam uma parte muito pequena (mas estatisticamente significativa) da variância no comportamento antissocial dos jovens adultos, o que está de acordo com as predições da Teoria Geral da Tensão de Agnew.Finalmente, análises adicionais com os participantes que reponderam ao questionário de autoavaliação da rejeição (SRQ) revelaram que esta medida parece ter boas qualidades psicométricas, embora a sua adaptação para a população portuguesa necessite de um estudo mais rigoroso, com uma mostra maior e mais diversificada.A partir destes resultados são feitas diversas sugestões para futuros trabalhos, mais exaustivos, sobre os efeitos da rejeição infantil no comportamento antissocial e no consumo de droga dos jovens adultos, bem como sobre as potencialidades da Teoria Geral da Tensão para explicar esses efeitos. Although there are many studies examining the relationship between rejection experiences and antisocial behavior in childhood and adolescence, investigations of this kind with young adults are still scarce particularly in Portugal. The purpose of this dissertation is to contribute to fill this gap by testing the hypothesis that individuals who suffered more rejection during childhood and/or adolescence will also be those who, in young adulthood or emerging adulthood, will exhibit more antisocial behavior. A secondary aim is to test the central hypothesis of the General Strain Theory (Agnew, 1992) that at the origin of crime and other serious behavioral problems would be the stress or strain suffered, including rejection, and the associated negative emotionality.To achieve this goal, we used archive data from a longitudinal study started in Coimbra in 1992-1993 (Simões et al., 1995) and data from a convenience sample selected specifically for this dissertation. Each participant, in both samples, in addition to a sociodemographic and childhood experience questionnaire, filled out the Adultt Self-Report (ASR; Achenbach & Rescorla, 2003) and Self-Reported Antisocial Behavior Questionnaire (SRA; Loeber et al., 1989, 1998). In contrast, the measure of interpersonal rejection was not the same for the two samples. While in the longitudinal study (archive data) the participants answered five questions regarding experiences of rejection and victimization, the Social Rejection Questionnaire (SRQ; Lev-Wiesel, Sarid & Sternberg, 2013) was used in the convenience sample. The results of a first series of analysis showed that rejection experiences in childhood are a fairly common phenomenon and that participants exposed to these situations reported significantly more antisocial behavior and more drug use than their peers who had not been victims of interpesonal rejection.These results were only partially confirmed in a second data analysis from the convenience sample of younger participants to whom a new rejection measure had been administered. It was also found there that many of these participants admitted having been victims of some form of rejection, but in general the impact of these experiences on antisocial behavior was small or even insignificant.A third data analysis also revealed that rejection and negative emotionality (e.g., anxiety and depression symptoms) explained a very small (but statistically significant) part of the variance in the antisocial behavior of young adults, which is in agreement with the predictions of Agnew's General Strain Theory.Finally, additional analysis with participants who answered the self-rated rejection questionnaire (SRQ) revealed that this measure seems to have good psychometric qualities, although its adaptation to the Portuguese population needs a more rigorous study, with a larger and more diverse sample.From these results, several suggestions are made for future and more exhaustives studies on the effects of childhood rejection on antisocial behavior and drug use among young adults, as well as on the potentialities of the General Strain Theory to explain these effects.