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RESUMO - Introdução: Em Portugal considera-se que o sistema de saúde deve estar organizado de forma a garantir a equidade na prestação de cuidados. Para garantir este objetivo é habitualmente aceite que, perante idêntica necessidade, os indivíduos de diferentes estratos socioeconómicos deverão ter acesso à mesma utilização de cuidados. Com este trabalho avaliou-se o cumprimento deste princípio, analisando diferentes tipos de cuidados. Metodologia: Foram utilizados os dados do Inquérito Nacional de Saúde 2019. Calcularam-se as desigualdades na utilização e as iniquidades na prestação de cuidados através de curvas e índices de concentração. Estimaram-se modelos de regressão para contemplar informação relativa à necessidade de cuidados de saúde dos indivíduos. Resultados: Foram observadas iniquidades na prestação da maioria dos cuidados estudados, favorecendo os indivíduos de maior rendimento. As iniquidades foram mais expressivas para as consultas de especialidade, de medicina dentária, medicamentos não receitados, colonoscopias e consultas de saúde mental. Apenas para as consultas de medicina geral e familiar e internamentos não será de excluir a existência de equidade na prestação. Discussão/Conclusões: Existem em Portugal diferentes níveis de atingimento da equidade na prestação. Para grande parte dos cuidados, existem outros fatores, que não a necessidade a influenciar a sua utilização. É possível identificar características do sistema que podem estar na origem destas diferenças sendo, no entanto, importante considerar também o papel dos determinantes sociais da saúde. ABSTRACT - Introduction: In Portugal, the health system should be organized to ensure equity in the delivery of healthcare. To guarantee this objective, it is usually agreed that individuals from different socio-economic groups with the same needs should have access to the same utilisation of care. This dissertation aims to evaluate the degree to which this principle is met, by examining different types of care. Methodology: The analysis was based on data drawn from the National Health Interview Survey 2019. The inequalities in healthcare utilisation and inequities in the delivery of healthcare were calculated by using concentration curves and indices. Regression models were obtained to include information about individuals’ healthcare needs. Results: For most of the types of care examined, inequities in the delivery of healthcare were observed, benefitting the better-off. These findings were more expressive for specialist visits, dental visits, non-prescribed medicines, colonoscopies, and mental health visits. Only for the delivery of general practitioners’ visits and hospitalisations can the accomplishment of equity not be excluded. Discussion/Conclusions: There are different levels of achievement of equity in healthcare delivery in Portugal. For most types of care, there are factors other than clinical need influencing its use. It is possible to identify characteristics of the health system that may be behind these differences, but it is also important to consider the role of social determinants of health.