INTRODUÇÃO: O uso de tromboaspiração manual demonstrou melhorar a reperfusão miocárdica durante a intervenção percutânea primária. Entretanto, a população adequada para esse tratamento ainda não foi bem estabelecida. Este estudo teve como objetivo determinar a taxa de utilização e a seleção de pacientes para tromboaspiração manual durante intervenção percutânea primária. MÉTODO: No período de julho de 2008 a fevereiro de 2009, incluímos 183 pacientes com intervenção percutânea primária de oito centros argentinos em um registro prospectivo de infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST). As características clínicas, angiográficas e do procedimento e os desfechos clínicos foram comparados entre os pacientes tratados com e sem tromboaspiração manual. RESULTADOS: A tromboaspiração manual foi utilizada em 20,8% dos pacientes. As características clínicas basais foram, em geral, semelhantes entre os pacientes tratados com e sem tromboaspiração manual. Entretanto, os pacientes tratados com tromboaspiração manual tinham pior função renal pré-procedimento e maior somatória de supradesnivelamento do segmento ST basal (12,2 ± 7,7 mm vs. 10,2 ± 8,6 mm; P = 0,06). O grupo com tromboaspiração manual apresentou maior proporção de pacientes com trombo graus 4-5 (86,8% vs. 49%; P < 0,01), maior fluxo TIMI 0 basal (tromboaspiração manual: 63,2% vs. 40,7%; P = 0,03), maior diâmetro do vaso (3,46 ± 0,5 mm vs. 3,12 ± 0,5 mm; P = 0,01), e maior utilização de filtro distal (13,1% vs. 0,7%; P = 0,04) e de balão intra-aórtico (10,5% vs. 3,4%; P = 0,05), assim como de inibidores da glicoproteína IIb/IIIa (39,5% vs. 14,5%; P = 0,04). A taxa de resgate de material aterotrombótico macroscópico foi de 76,3%. Embora o grupo com tromboaspiração manual apresentasse pico mais elevado de creatina fosfoquinase (tromboaspiração manual: 3.195,9 ± 2.598 UI/ml vs. 1.757,6 ± 1.806,6 UI/ml; P = 0,02), a porcentagem de resolução do segmento ST e o fluxo TIMI 3 final não foram diferentes entre os grupos. A taxa de eventos cardiovasculares adversos maiores no acompanhamento foi semelhante (21,1% vs. 15,2%; P = 0,36). CONCLUSÃO: O emprego da tromboaspiração manual na prática diária em paciente com IAMCSST destina-se a pacientes de maior complexidade tanto clínica como angiográfica, acarretando, no final, resultados clínicos semelhantes aos de pacientes não tratados com tromboaspiração manual. BACKGROUND: Manual thrombus-aspiration has proven to improve myocardial reperfusion during primary percutaneous coronary intervention. However, the adequate population for this approach has not been well established. The aim of this study was to determine the frequency and patient selection for thrombus-aspiration during primary percutaneous coronary intervention. METHOD: From July 2008 to February 2009, we included 183 patients submitted to primary percutaneous coronary intervention from eight Argentinean centers in a prospective ST-segment elevation myocardial infarction (STEMI) registry. Baseline characteristics as well as clinical and angiographic outcomes were compared among patients treated with and without thrombus-aspiration. RESULTS: Manual thrombus-aspiration was used in 20.8% of the patients. Baseline clinical characteristics were similar among patients treated with and without thrombus-aspiration. However, thrombus-aspiration treatment was associated with worse baseline renal function and greater baseline ST-segment elevation (thrombus-aspiration: 12.2 ± 7.7 mm vs. 10.2 ± 8.6 mm; P = 0.06). The thrombus-aspiration group had a higher rate of patients with grade 4-5 thrombus (86.8% vs. 49%; P < 0.01) and baseline TIMI flow 0 (thrombus-aspiration 63.2% vs. 40.7%; P = 0.03), greater vessel diameter (3.46 ± 0.5 mm vs. 3.12 ± 0.5 mm; P = 0.01), use of distal filter (13.1% vs. 0.7%; P = 0.04) and use of intra-aortic balloon (10.5% vs 3.4%; P = 0.05), as well as glycoprotein IIb/IIIa inhibitor administration (39.5% vs. 14.5%; P = 0.04). Debris was retrieved from 76.3% of the patients. Although the thrombus-aspiration group had higher CK levels (thrombus-aspiration: 3195.9 ± 2598 UI/ml vs. 1757.6 ± 1806.6 UI/ml; P = 0.02), the percentage of ST-segment resolution and final TIMI 3 flow did not differ between groups. The follow-up rate of major cardiovascular events was similar for both groups (thrombusaspiration: 21.1% vs. 15.2%; P = 0.36). CONCLUSION: Routine thrombus-aspiration in patients with STEMI is used in patients with higher clinical and angiographic complexity, leading to similar overall clinical results as those not treated with thrombus-aspiration.