Introdução: Os fenômenos vaso-oclusivos, a hemólise e o estado inflamatório crônicos são os principais determinantes das manifestações clínicas da Doença Falciforme (DF). Os indivíduos acometidos apresentam deficiência nutricional e manifestações ósteo-articulares de várias etiologias. Os objetivos deste estudo foram descrever o perfil epidemiológico, clínico, laboratorial, nutricional e ósteo-articular de pacientes com DF e verificar a existência de associação entre as alterações nutricionais e ósteo-articulares. Materiais e métodos: avaliação transversal de 55 indivíduos com DF SS e Sβ (Sβ0 e Sβ+), maiores de 14 anos fora do período de crise, acompanhados no Hemocentro Regional de Uberaba (HRU), através de entrevista clínica, análise de prontuários, avaliação do sistema locomotor, antropometria, exames laboratoriais, radiográficos e Densitometria Mineral Óssea (DMO). Resultados: 74,5% dos indivíduos apresentavam hemoglobinopatia SS e os demais Sβ0; 67,3% eram do sexo feminino, 78,2% não brancos. A idade média dos participantes era 30,5 ±11,5 anos. A maioria (61,8%), referia até 3 crises ao ano com predomínio de alta intensidade de dor (65,5%). Quanto á classificação nutricional, 7,3% dos pacientes apresentavam baixo PGC, 45,6% adequado PGC e 47,3% alto PGC. Na correlação do PGC com as características epidemiológicas e clínicas, foram observadas diferenças estatisticamente significantes quanto ao sexo, maior no feminino (p=0,0021), idade, maior nos mais jovens (p=0,0400), e número de crises ao ano, maior naqueles com crises menos frequentes (p=0,0178). Predominou DMO reduzida na amoestra total (54,8%), sem diferença estatística em relação às características epidemiológicas e clínicas. Alterações radiográficas estavam presentes em 80% dos participantes, sendo identificadas 140 lesões, a maioria em coluna, fêmur e ombros, sendo principalmente osteonecrose e osteoartrose. A maioria dos indivíduos com PGC baixo não apresentava lesões radiográficas (75,0%); a maioria daqueles com PGC adequado e alto apresentava entre 1 e 4 lesões (72,0% e 61,5% respectivamente). Conclusões: sexo, idade e número de crises álgicas apresentaram associação estatisticamente significante com o PGC. Nenhuma característica epidemiológica ou clínica associou-se às alterações radiográficas ou á DMO, o que indica que todos os indivíduos devem ser tratados igualmente, com a melhor terapêutica disponível. O PGC não apresentou relação com a DMO, mas apresentou tendência à associação com a quantidade de lesões radiográficas dos pacientes. Introduction: The vaso-occlusive phenomena, chronic hemolysis and inflammatory state are the main determinants of the clinical manifestations of sickle cell disease (SCD). The individuals affected present nutritional deficiency and osteo-articular manifestations of various etiologies. The objectives of this study were to describe the epidemiological, clinical, laboratorial, nutritional and osteo-articular profile of patients with SCD and to verify the existence of an association between nutritional and osteo-articular changes. Materials and methods: cross-sectional evaluation of 55 individuals with SS and Sβ SCD (Sβ0 and Sβ +), older than 14 years out of the crisis period, followed at the Uberaba Regional Hemocenter (HRU), through a clinical interview, evaluation of the locomotor system, anthropometry, laboratory tests, radiographic and Bone Mineral Densitometry (BMD). Results: 74.5% had SS hemoglobinopathy; 67.3% were female, 78.2% were black or brown, with a mean age of 30.5 ± 11.5 years. The majority (61.8%) reported up to 3 painful crisis per year with a high intensity prevalence (65.5%). Regarding nutritional classification, 7.3% presented low PGC, 45.6% adequate PGC and 47.3% high PGC. In the correlation with the epidemiological and clinical characteristics, there were statistically significant differences regarding sex, higher in females (p = 0.0021), age, higher in younger ones (p = 0.0400), and number of painful crisis per year, higher in those with fewer painful crisis (p = 0.0178). Prevalence reduced BMD (54.8%), with no statistical difference in relation to epidemiological and clinical characteristics. Radiographic changes were present in 80% of the participants, with 140 lesions identified, most of them in the spine, femur and shoulders, mainly osteonecrosis and osteoarthrosis. Most individuals with low PGC had no radiographic lesions (75.0%); the majority of those with adequate and high PGC presented between 1 and 4 lesions (72.0% and 61.5%, respectively). Conclusions: gender, age and number of painful crisis had a statistically significant association with PGC. No epidemiological or clinical features are associated with radiographic changes or BMD, which indicates that all individuals should be treated equally, with the best available therapy. PGC is not related to BMD, but tends to be associated with the amount of radiographic lesions in patients.