Introdução: Os sarcomas de partes moles (SPM) compõem um grupo diverso de malignidades mesenquimais, que requer tratamento multidisciplinar. Embora a cirurgia seja a principal modalidade de tratamento da doença localizada, a radioterapia (RT) é incorporada no manejo conservador, seja de forma neoadjuvante ou adjuvante. Com o desenvolvimento de técnicas modernas de RT bem como esquemas alternativos de entrega de dose, a radioterapia estereotáxica ablativa (SABR) surge como uma modalidade promissora. Entretanto, o papel da SABR no tratamento dos SPM permanece incerto. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo unicêntrico prospectivo, fase II de braço único. Pacientes com sarcomas de partes moles de extremidades (SPME), candidatos à cirurgia conservadora do membro foram incluídos. O tratamento experimental consistiu em SABR com 40 Gy em 5 frações realizadas em dias alternados, seguido de cirurgia após um intervalo mínimo de 4 semanas. O objetivo primário foi avaliar a taxa de complicação de ferida operatória. Os objetivos secundários do estudo foram avaliar as taxas de controle local (CL), sobrevida livre de metástase (SLM), sobrevida câncer específica (SCE), sobrevida global (SG) e demais toxicidades. Resultados: Vinte e cinco pacientes foram recrutados entre outubro de 2015 e novembro de 2019 e completaram o protocolo. A taxa mediana de regressão histopatológica foi de 65% (0-100) e 20,8% dos tumores apresentaram resposta patológica completa (RPC). Complicação de ferida operatória ocorreu em 7 pacientes (28%). Três pacientes foram submetidos à desarticulação decorrente de oclusão vascular após a reconstrução e 1 paciente foi amputado devido à disfunção motora grau 3. Após um seguimento mediano de 20,7 meses, o risco em 2 anos para recorrência local, metástase à distância e sobrevida câncer-específica foi de 0, 44,7% e 10,6% respectivamente. Conclusões: SABR neoadjuvante à cirurgia aparenta aumentar a taxa de RPC em pacientes com SPME, com taxa de complicação de ferida operatória aceitável. Entretanto, devido ao número de amputações maior do que o esperado, é necessária uma amostra maior de pacientes com um seguimento mais longo para uma melhor conclusão sobre a segurança global dessa estratégia Background: Soft tissue sarcomas (STS) comprise a diverse group of mesenchymal malignancies that require multidisciplinary care. Although surgery remains the primary form of treatment for those with localized disease, radiation therapy (RT) is often incorporated either in the neo- or adjuvant setting. Given the development of modern RT techniques and alternative dosing schedules, stereotactic ablative radiotherapy (SABR) has emerged as a promising technique. However, the current role of SABR in the treatment of STS of the extremities remains uncertain. Methods and Materials: This was a singlecenter, prospective, single-arm phase II trial. Patients with localized extremity STS (eSTS) who were candidates for limb-preservation surgery were included. Experimental treatment consisted of SABR with 40 Gy in 5 fractions, administered on alternate days, followed by surgery after a minimum interval of 4 weeks. The primary outcome was the rate of wound complication. Secondary outcomes included 2-year local control (LC), metastasis-free survival (MFS), cancer-specific survival (CSS), and overall survival (OS) rates (and other toxicities). Results: Twenty-five patients were enrolled between October 2015 and November 2019 and completed the treatment protocol. The median rate of histopathologic regression was 65% (range 0-100) and 20.8% of tumors presented pathologic complete response (pCR). Wound complications were observed in 7/25 patients (28%). Three patients underwent disarticulation by vascular occlusion after plastic reconstruction and one patient was amputated by grade 3 limb dysfunction. After a median follow up of 20.7 months, the 2-year estimated risk of local recurrence, distant metastasis and cause-specific death were 0%, 44.7% and 10.6% respectively. Conclusions: Neoadjuvant SABR appears to improve the pCR for patients with eSTS, with acceptable rate of wound complications. Nevertheless, this benefit should be weighed against the risk of late of vascular toxicity with SABR regimen since, even in a short median follow-up, a higher rate of amputation than expected was observed. A larger sample size with longer follow-up is necessary to conclude the overall safety of this strategy