Objectivos: Analisar o grau de exposição tabágica no domicílio e sua relação com a sintomatologia, patologia e função respiratórias em crianças dos 8 aos 10 anos. Métodos: Estudo observacional, transversal, analítico em crianças com idades compreendidas entre os 8 e 10 anos que frequentam o ensino básico na cidade de Braga no ano lectivo de 2006/2007. Foi seleccionada uma amostra de conveniência. As fontes de informação foram os pais/representante legal, através do preenchimento de um questionário relativo aos hábitos tabágicos do agregado familiar e aos sintomas/diagnósticos respiratórios dos respectivos educandos e, ainda, as crianças, às quais foi solicitada a realização de espirometrias, registando-se os valores de FEV1, FVC, FEF25, FEF50, FEF25-75 e razão FEV1/FVC. Resultados: Do total de 105 crianças estudadas, 47,6% apresenta registo de, pelo menos, um elemento do agregado familiar fumador. Relativamente às crianças com exposição tabágica, 87,5% apresenta tosse e expectoração, 53,8% pelo menos um sintoma característico de asma e 69,0% sintomas de rinite. Dos doentes com o diagnóstico de bronquite, asma e rinite, há registo de exposição tabágica em 100%, 33,3% e 72,7%, respectivamente. As crianças expostas obtiveram valores de FEV1, FEF25, FEF50, FEF25-75 e razão FEV1/FVC inferiores, comparativamente às crianças sem exposição tabágica, e apresentaram uma tendência decrescente de todos os valores espirométricos com o aumento da quantidade de exposição. Conclusões: A exposição passiva ao fumo do tabaco atinge dimensões preocupantes, assumindo-se como um problema com particular impacto em crianças, estando implicada no desenvolvimento de alterações respiratórias. Assim, é necessário envidar esforços adaptados à realidade sociocultural desta região, no sentido de minimizar esta exposição e suas repercussões, sendo fundamental uma intervenção a nível familiar, com o desenvolvimento de estratégias que permitam envolver os pais na Promoção e Educação para a saúde., Aim: Assessment of smoking behaviours at home and their influence on respiratory symptoms, diseases and pulmonary function in children between 8 and 10 years old. Methods: Observational cross-sectional analytical study. Population: children ranging from 8 to 10 years old, belonging to Braga’s primary schools. In this study parents or guardians answered a questionnaire on their smoking behaviours and their children’s respiratory health. Children’s pulmonary function was measured spirometrically, including FEV1, FVC, FEF25, FEF50, FEF25-75 and FEV1/FVC parameters. Results: Of the 105 children screened, 47,6% have, at least, one family member presently smoking. In the group of children with exposure to environmental tobacco smoke, 87,5% presents cough and sputum, 53,8% have, at least, one symptom of asthma and 69,0% have symptoms of rhinitis. Among the patients with physician-diagnosed bronchitis, asthma and rhinitis, 100%, 33,3% and 72,7% have history of tobacco exposure, respectively. The comparison between children never exposed and exposed to tobacco smoke in their home shows that the latter group have lower values of FEV1, FEF25, FEF50, FEF25-75 and FEV1/FVC; these parameters also present a decreasing tendency with the increase of environmental tobacco smoke exposure. Conclusions: Environmental tobacco smoke is a serious and substantial public health concern, with particular impact on respiratory health of children. Therefore, it is crucial to develop strategies in order to minimize the children’s involuntary exposure to environmental tobacco smoke. These efforts should focus on parent’s instruction and their commitment with health promotion and education.