O mastocitoma é uma das neoplasias cutâneas mais frequentemente diagnosticadas em cães e possui comportamento biológico amplo, variando de tumores bem diferenciados a tumores com comportamento maligno e doença metastática disseminada. As principais localizações anatômicas das metástases em cães são pouco estudadas, principalmente devido à falta de realização de necropsia nesses casos. O objetivo deste estudo foi avaliar os principais sítios metastáticos de mastocitomas cutâneos caninos e descrever os aspectos macroscópicos e histológicos das metástases. Foi conduzido um estudo retrospectivo nos arquivos de necropsia do Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul de Janeiro de 2008 a Março de 2020 em busca de casos de mastocitomas cutâneos com metástases em cães. No período de 12 anos foram detectados 49 casos, todos classificados como mastocitomas cutâneos de alto grau. Os principais sítios metastáticos relatados foram os linfonodos (47/49; 95,9%), seguidos do baço (33/49;67,3%), fígado (29/49; 59,2%), medula óssea (20/49; 40,8%), rim (16/49; 32,7%) e coração (14/49; 28,6%). Outras localizações incomuns incluíram os pulmões (9/49; 18,4%), glândulas adrenais (4/49; 8,2%), músculo esquelético (4/49; 8,2%), osso (3/49; 6,1%), bexiga (2/49; 4.1%), próstata (2/49; 4.1%), esôfago (2/49; 4.1%), intestino delgado (2/49; 4.1%) e palato mole (1/49; 2%). Macroscopicamente, os linfonodos afetados apresentavam, em todos os casos, leve a acentuado aumento de volume, frequentemente com perda de distinção corticomedular. O padrão de metástase esplênica foi predominantemente caracterizado por esplenomegalia (28/33; 84,8%), por vezes associado a nódulos (13/33; 39,4%) e áreas puntiformes brancas (4/33; 12,1%). Hepatomegalia foi a principal apresentação macroscópica de metástase hepática (28/29; 96,5%), associada a áreas puntiformes brancas (9/29; 31%) e nódulos (2/29; 6,9%). Metástases renais eram caracterizadas por nódulos unilaterais ou bilaterais (9/16; 56,3%), áreas puntiformes brancas (3/16; 18,8%) ou palidez difusa do parênquima (1/16; 6,3%). O coração exibia nódulos na superfície epicárdica (6/14; 42,9%), palidez difusa (2/14; 14,3%) ou múltiplas áreas brancas no miocárdio (1/14; 7,1%). Nódulos metastáticos pulmonares foram observados em dois casos, enquanto nos demais sete cães as lesões eram apenas microscópicas e envolviam os vasos dos septos alveolares. Histologicamente, os linfonodos apresentavam obliteração do parênquima por mastócitos neoplásicos, os quais também estavam presentes nos seios medulares. No baço, as células neoplásicas estavam dispersas no parênquima (16/33; 48,5%), formando nódulos (10/33; 30,3%) ou difusamente distribuídas (9/33; 27,3%). No fígado, os mastócitos estavam principalmente nos sinusoides (24/29; 82,8%), formavam nódulos (10/29; 34,5%) e ocupavam espaços periportais (5/29; 17,2%). Nos rins e no coração, metástases intersticiais e nodulares foram observadas. Todas os mastocitomas apresentaram marcação imuno-histoquímica positiva para proteína KIT, com padrão de marcação KIT III em 29 casos (59,2%) e KIT II em 20 casos (40,8%). Mast cell tumor (MCT) is one of the most common cutaneous neoplasms of dogs, and it has a variable biological behavior, ranging from well differentiated to more aggressive tumours with metastatic disease. Nonetheless, the main metastatic sites of MCT are poorly described because of the lack of necropsy in cases with MCT-related disease and death. This study aimed to evaluate the metastatic sites of canine MCT and describe the macroscopic and histologic aspects of the metastases. A retrospective study was performed using the necropsy database of the pathology laboratory of the Universidade Federal do Rio Grande do Sul between January 2008 and March 2020 in search for cases of metastatic cutaneous MCTs. In the 12-year period, 49 cases were selected, and all tumours were classified as high-grade MCTs. The main metastatic sites were the lymph nodes (47/49; 95.9%), followed by spleen (33/49; 67.3%), liver (29/49; 59.2%), bone marrow (20/49; 40.8%), kidneys (16/49; 32.7%) and heart (14/49; 28.6%). Other sites included the lungs (9/49; 18.4%), adrenal glands (4/49; 8.2%), skeletal muscle (4/49; 8.2%), bone (3/49; 6.1%), urinary bladder (2/49; 4.1%), prostate gland (2/49; 4.1%), esophagus (2/49; 4.1%;), small intestine (2/49; 4.1%) and soft palate (1/49; 2%). Grossly, there was mild to severe lymphadenomegaly in all cases, which was frequently accompanied by loss of the nodal corticomedullary differentiation. Splenic metastases were mainly characterized by splenomegaly (28/33; 84.8%), occasionally associated with nodules (13/33; 39.4%) and white pinpoint areas (4/33; 12.1%). Hepatomegaly was the most common gross feature of hepatic metastasis (28/29; 96.5%) and was associated with white pinpoint foci (9/29; 31%) and nodular areas (2/29; 6.9%). Renal metastases were characterized by unilateral or bilateral nodules (9/16; 56.3%), white pinpoint areas (3/16; 18.8%) or pale discoloration of the parenchyma (1/16; 6.3%). The heart had nodules in the epicardial surface (6/14; 42.9%), pale myocardium (2/14; 14.3%) or multifocal white areas in the myocardium (1/15; 7.1%). The lungs had metastatic nodules in 2 dogs, while in the remaining cases there were only histologic lesions with neoplastic mast cells in the blood vessels of alveolar septa. Histologically, the lymph nodes were obliterated by neoplastic mast cells, which were also in the medullary sinus. In the spleen, neoplastic mast cells were multifocally scattered (16/33; 48.5%), arranged in nodules (10/33; 30.3%) or diffusely distributed (9/33; 27.3%). In the liver, neoplastic cells were mainly in the sinusoids (24/29; 82.8%), but also formed nodules (10/29; 34.5%) and were arranged in a periportal pattern (5/29; 17.2%). In the kidneys and heart, interstitial and nodular metastases were observed. All neoplasms had positive immunolabeling for KIT protein, with KIT III staining pattern in 29 cases (59.2%) and KIT II staining pattern in 20 cases (40.8%).