O conhecimento do líqüido cefalorraqueano inicial na meningite tuberculosa tem particular interêsse porque dêle depende a precocidade do diagnóstico e a decisão para o comêço do tratamento específico. O material selecionado para o estudo constituiu-se de 143 casos, cuja comprovação foi feita, num primeiro grupo, pelo achado do bacilo de Koch ao exame direto ou pela inoculação em cobaia e, num segundo grupo, pelas alterações sugestivas do líquor, associadas ao quadro clínico e foco contagiante. Foi feito estudo detalhado dos diversos elementos do exame do liqüido cefalorraquidiano, isto é, pressão, índice de Ayala, aspecto, côr, presença de retículo fibrinoso, citologia global e específica, taxa de proteínas totais, reações das globulinas, taxas de cloretos e de glicose, reações do benjoim coloidal e de Takata-Ara, reação de Wassermann, reação de floculação de Eagle, reação de Steinfeld, reação de fixação do complemento para cisticercose e exame bacterioscópico direto. Em face da baixa freqüência do achado do bacilo ao exame direto, o estudo destas alterações do liquor assume grande importância para o diagnóstico da meningite tuberculosa. Verificou-se em nosso material o seguinte quadro médio, caracterizando a síndrome do líquor nessa moléstia: pressão, 37 cm de água, com o paciente em decúbito lateral ; liquor opalescente e incolor, com retículo fibrinoso presente; células, 242 por mm³ (linfócitos 77,85%; mononucleares 4% ; plasmócitos 2% ; granulócitos neutrófilos 16% ; granulócitos eosinófilos 0,1%; granulócitos basófilos 0,05%); proteínas totais 1,16 g/1; reação de Pandy +++; reação de Weichbrodt +; reação de Nonne ++; reação do benjoim coloidal 00000.22222.22200.0; reação de Takata-Ara positiva, tipo vermelho; taxa de cloretos 6,67 g/l; taxa de glicose 0,34 g/l; reação de Wassermann negativa; bacilo de Koch presente (exame direto ou inoculação). Foram feitas considerações em torno do diagnóstico diferencial com a meningite luética, cisticercose encefálica, meningite a vírus, meningite do pós-operatório neurocirúrgico e hemorragias meníngeas. The authors studied 143 cases of tuberculous meningitis, selecting the patients in two groups: the first group included those cases in which the B.K. was seen by the direct examination or by inoculation of guinea pig; the second group included cases in which suggestive changes in the spinal fluid were present in association with the clinical picture and presence of specific lesion. The spinal fluid examination included pressure values, aspect, color, fibrin net, cell count (total and specific), total proteins, globulin reactions, chlorides and glucose values, colloidal test, Wassermann test, Eagle test, Steinfeld test, complement reaction for cysticercus and direct bacterioscopic examination. The examination of the spinal fluid acquires great value on the diagnosis of tuberculous meningitis due to the difficulty in identifying the B.K. by direct examination. The authors found an average characteristic spinal fluid picture in the tuberculous meningitis: pressure, 37 cm of water, with the patient in lateral decubitus; opalescent in aspect, colorless, with fibrin net; 242 cells per mm³ (77.85 per cent of lymphocytes, 4 per cent of polymorphonuclear leucocytes, 2 per cent of plasma cells, 16 per cent of granulocytes neutro* phyls, 0.10 per cent of eosinophyls, 0.05 per cent of basophyls) ; total proteins 1.16 gm. per liter; Pandy test +++; Weichbrodt test +; Nonne test ++; benjoim colloidal test 00000.22222.22200.0; Takata-Ara test positive; red type of curve; chlorides 6,67 gm. per liter; glucose 0,34 gm. per liter; Wassermann test negative; B.K. present (direct examination or inoculation). Differential diagnosis is made with syphilitic meningitis, cerebral cysti-cercosis, virus meningitis, meningitis that occurs in post-operative period in neurological patients and subarachnoid hemorrhage.