Essa dissertação tem como escopo principal mostrar que o projeto da modernidade é compreendido e tematizado por Jürgen Habermas em sua vertente dialética como reificação e emancipação do homem, mostrando também que esse projeto encontra-se hoje inacabado ou incompleto e não superado como advoga a corrente pós-modema.Conseqüentemente, é necessário resgatá-lo ou reconstrui-lo em novas bases, isto é, na perspectiva da racionalidade comunicativa.Primeiramente, optou-se pela obra de Habermas para desenvolver essa dissertação por tratar-se de um autor contemporâneo que tem uma obra filosófica extremamente atual na abordagem das questões e dos problemas presentes em uma sociedade do "Capitalismo avançado". A racionalidade comunicativa impõe-se como um dos paradigmas obrigatórios de estudo para melhor se entender a sociedade moderna e seus desafios. Em segundo lugar, escolheu-se dentro da obra de Habermas o tema do projeto da modernidade pois a modernidade é hoje um dos temas candentes em quase todas as áreas do conhecimento, sendo a mesma aceita criticamente por uns, acriticamente por outros, e até rejeitada por muitos. Considera-se também que, pensar a sociedade do capitalismo avançado e, consequentemente, a modernidade, possibilita identificar o mal-estar que assola o mundo moderno, identificando possíveis caminhos para a superação de tais males. Dessa forma, impõe-se a necessidade de recuperar e completar o projeto da modernidade como projeto emancipatorio, como projeto do esclarecimento pois, em Habermas, o ideal que impulsiona o trabalho é o da emancipação da humanidade e do sujeito no contexto de ações comunicativas, da interpretação do que seja uma "boa vida". O esclarecimento habermasiano não está voltado apenas para a saída da menoridade culpada, da falta de liberdade e da incapacidade de o sujeito servir-se do próprio intelecto sem a tutela de um outro (como pensava Kant), mas, principalmente, para a incapacidade de o homem atual servir-se da razão comunicativa, nos seus aspectos cognitivo-instrumental, prático-moral e estético-expressivo, um ganho da modernidade, que vem dar conta dos descaminhos dessa mesma modernidade. Uma terceira razão da escolha desse tema em Habermas é que ele é, por excelência, o filósofo contemporâneo que acredita no projeto da Ilustração, no projeto da Aufklãrung dos ilustrados, no projeto de uma humanidade emancipada, não somente do reino da necessidade, da menoridade. Ao superar a filosofia da subjetividade, com a passagem do paradigma da consciência ao modelo da comunicação, Habermas se apropria das tradições ilumunistas (Kant, Hegel e Marx), mas dando um outro direcionamento para a questão da Aufklàrung. É assim que no "Discurso filosófico da Modernidade" o esclarecimento passa a ser visto como um processo de argumentação, cuja principal tarefa consiste na mediação entre razão e não razão, entre razão e a esfera do poder, da dominação. A preocupação não é de origem ontológica (o que é o ser) mas com oproblema central prático (por que o ente é da forma como é). A quarta e última razão da escolha desse tema deve-se à necessidade de combater uma certa corrente de "pós-ilustrados" ou irracionalismos presentes no debate atual que advogam a pós-modemidade como se o projeto da modernidade já se encontrasse superado ou morto. Nada melhor que a refiitação que Habermas vai empreender em sua filosofiacontra tais teorias, as quais dará o nome de conservadoras ou irracionalistas.