BRITO, Hugo Dubeux de, também é conhecido em citações bibliográficas por: DUBEUX, Hugo ALMEIDA FERNANDES, Ana Cristina de, também é conhecida em citações bibliográficas por: FERNANDES, Ana Cristina de Almeida GERVAIS, Ana Maria Dubeux, também é conhecida em citações bibliográficas por: DUBEUX, Ana CNPq As grandes colonizações dividiram o mundo por uma linha abissal, metafórica, mas confundida em partes com sua divisão geográfica. Ainda hoje, perdurando em processo colonial, experiências de lógica do lado norte da linha, dominante, são reconhecidas e reproduzidas pela sociedade hegemônica, enquanto outrassãoinvisibilizadas e construídas como subdesenvolvidas, carentes, ignorantes, atrasadas. Busco aqui construir uma geografia descolonial, me apoiando no diálogo de saberes para construir conhecimento junto a uma experiência do lado subalternizado da linha. Dois são os principais motivos para esta geografia descolonial: construir conhecimento e agir sobre a prática. A experiência em questão é a da ASSIM, uma associação de agricultoras e agricultores agroecológicos moradores da zona rural de Lagoa de Itaenga (PE). Enfrentam umasuposta“vocação natural”, secularmente construída em suahistória,de inserção no agronegócio da cana de açúcar. Através de uma Investigação Ação Participativa (IAP), a sistematização de experiência, nos debruçamos com a ASSIM sobre como foi fortalecida a organização coletiva em seu território. Para construir a pesquisaformamos uma equipe de sistematização com dois acadêmicos e duas agricultoras e umagricultordaASSIM,econstruímos coletivamente o processo da pesquisa, as ferramentas a serem utilizadas, pessoas a serem entrevistadas, questionários, enfim, todo o processo. Ademais, foi o grupo de agricultoras e agricultores associados quem definiu a questão da pesquisa a ser realizada: como a nossa caminhada ajudou a fortalecer a organização coletiva para viver bem noterritório?.Os resultados apontam um fortalecimento da organização coletiva a partir da transição para uma identidade territorial de (r)existência, construída a partir de redes da agroecologia e da economia solidária. No entanto, o avanço da experiência enfraqueceu a organização coletiva, com o fortalecimento de uma lógica de mercado. Para continuar a consolidar a organização coletiva, importante seria os e as associadas conceberem sua economia como não reduzida ao mercado, ou às feiras agroecológicas. Ativamente in-corporarem, tornarem seu corpo, uma identidade territorial de projeto, estabelecendo seu território como trincheira de enfrentamento e construção da sociedade a partir da agroecologia e da economia solidária, uma vez que são estes os ideais que eles constroem e reproduzem a partir de sua experiência. Les grandes colonisations divisent le monde selon une ligne abyssale, métaphorique, et confondue avec sa division géographique.Les expériences du Nord ont dès lors été reconnues et reproduites par la société hégémonique, tandis que celles du Sud sont colonisées, réduites à l’invisibilité etdésengagées de leurs territoires. Je cherche ici à construire une géographie décoloniale, en m´appuyant sur le dialogue de différents types de savoir pour construire de la connaisance à partir d´une expérience du côté invisible de la ligne. C´estl´éxperience de l´Associação dos Produtores Agroecológicos e Moradores do Imbé, Marrecos e Sítios Vizinhos- ASSIM, dansla zone rurale de Lagoa de Itaenga – Pernambouc, Brésil. Ils font face à une vocation naturelle séculaire profondément ancrée pour le secteur agroalimentaire de la canne à sucre. À travers une enquête avec une méthodologie d´Investigation Action Participative (IAP), la systématisation de l'expérience, nous avons travaillé avec les membres de l´ASSIM sur une réflexion collective sur son organisation collective sur le territoire.Les résultats indiquent un renforcement de l'organisation collective dans la transition vers une identité territoriale de (r)existence, construite à partir de la participation à différents réseaux. Cependant, les progrès de l'expérience ont affaibli l'organisation collective, avec le renforcement d'une logique de marché. Afin de continuer à consolider l'organisation collective, il serait important que les associés conçoivent leur économie comme non réduite au marché ou aux marchés bio auxquels ils participent. Ou encore, incorporer activement une identité territoriale de projet, en établissant son territoire comme une tranchée de confrontation et de construction de la société à partir de l'agroécologie et de l'économie solidaire.