FACEPE Em um contexto de criminalização da juventude pobre, assistimos a oferta de projetos sociais, governamentais e não-governamentais, voltados a essa parcela da população. Propõem, entre seus objetivos, estimular a formação e participação juvenil, defendendo serem estas ações determinantes à transformação de realidades. Mas quais suas reverberações subjetivas? Ampliando a noção de participação para além dos espaços tradicionalmente reconhecidos, advogamos por um sentido de participação política que se expressa no cotidiano, promovendo ações em torno do bem comum, com respeito aos dissensos e conflitos, com reconhecimento e valorização da alteridade, manifestação de pensamento crítico e resistência a práticas instituídas e cristalizadas, o que viemos chamando de modos de subjetivação política. Através de entrevistas e da observação participante em eventos de formação política realizados com jovens lideranças de movimentos sociais que se denominavam militantes, o estudo teve como objetivo analisar modos e expressões de subjetivação política a partir da relação entre jovens, movimentos sociais e coletivos juvenis. A pesquisa revelou construções e expressões de subjetivação política que são dinâmicas, que se reconstroem frente a cenários, situações e personagens. Ainda, que tais construções se dão independente à vida militante, embora este contexto potencialize tal modo de subjetivar-se. Os modos de subjetivação política também não estão condicionados a habilidades de performances políticas, tais como oratória, retórica ou perfil de liderança, e se manifestam no cotidiano por meio de posicionamentos na direção do coletivo e também da revisão de si. O estudo revela, enfim, que os modos de subjetivação política dos jovens interlocutores tem lugar privilegiado de construção e reconstrução em espaços políticos de adesão, como o são os movimentos sociais. No entanto, é a partir de políticas de transformação assumidas na vida cotidiana que melhor se expressa a potência do sujeito político. In a criminalization context of poor youth, we have seen the offer of social projects, governmental and non-governmental, aimed at this portion of the population. It proposes, among its objectives, to encourage training and young participation, defending that these actions are decisive to transform realities. But what their subjective reverberations? Extending the notion of participation beyond the areas traditionally recognized, we advocate for a sense of political participation that is expressed in daily life, promoting actions around the common good, respecting disagreements and conflicts, with recognition and appreciation of otherness, expression of critical thought and resistance to established and crystallized practices, which we call political subjectivity. Through interviews and participant observation in political training events held with young leaders of social movements, called militants, the study aimed to examine ways and expressions of political subjectivity from the relationship between youth, social movements and youth groups. The survey revealed constructions and expressions of political subjectivity that are dynamic, which reconstruct itself front to the scenarios, situations and characters. Still those constructions are given independent of militant life, although this context empowers this mode of subjectivity. The political subjectivity is also not related to political performance skills such as oratory, rhetoric or leadership profile, and manifests itself in daily life through positions in the direction of the collective as well as the review itself. The study reveals, finally, that the political subjectivity of young interlocutors has a privileged place of construction and reconstruction in political spaces of adhesion, as are the social movements. However, it is from the transformation policies assumed in everyday life that best is expresses the power of the political subject.