Tese (doutorado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Direito. Bibliografia: f. 142-149. É preciso ver o mundo de outro lugar, que não seja o lugar comum de vê-lo da ótica dos países do norte. Recusar-se à dimensão eurocêntrica, capitalista exploratória, pretensamente detentora dos melhores conceitos de democracia, liberdade, diversidade, direitos humanos, onde só o lucro importa. Pretender descobrir o mundo do seu lugar no mundo. Recusar-se a uma visão pré-concebida, imposta e tida como a única alternativa para os países do sul, que é a de servir secularmente os países do norte. Para isso, perceber seu lugar de origem, cultura, interesses econômicos, sociais e projeções de interesses futuros, deve ser tentado. Olhar o mundo a partir do sul é definir, deste ponto de observação, seus parceiros internacionais a partir da apropriação de sua identidade integral, numa postura de rompimento com a colonialidade e corrupção até então impostas pelos países do norte. As relações internacionais têm experimentado aprofundamento do conflito entre Estados ocidentais, orientais e islâmicos, reintroduzindo a questão religiosa no centro da atenção junto à complexa relação norte-sul que ganha importância ante o recrudescimento das relações civilizacionais no início deste século. Deve-se perceber a importância das relações norte-sul como uma nova leitura da política internacional, não entre explorados e exploradores, mas entre parceiros multilaterais. Os países do norte devem rever sua desatenção com os países do sul na busca por direitos humanos iguais para todos os povos do mundo. É preciso apontar a necessidade dos países do sul se verem e se reconhecerem como povos soberanos em direitos e cidadania e que somente a partir desta percepção poderão obrigar os países do norte a vê-los como povos do mundo livre, inaugurando novas relações internacionais livres do jugo e do jogo do capitalismo que tanto atraso tem perpetrado aos povos do mundo. Para permitir esta mudança de posição, debate-se através da pesquisa bibliográfica confirmatória a maneira como os povos do sul, inclusive o Brasil, centro de atenção deste trabalho, devem agir na percepção de seu papel de subalternidade aos países do norte nesses 500 anos. Devem percebê-lo olhando para si mesmos, vendo-se e buscando reconhecer-se, num reconhecimento em amplas dimensões. Nas dimensões cultural, étnica, de gênero, econômica, política, social em toda sua diversidade dentro da sociedade e do povo. Somente o reconhecimento das dimensões de identidade de cada povo e cada segmento social pode permitir sua própria identificação nos contornos históricos e possibilitar projeções das novas metas e planos a serem alcançados de modo independente e autônomo no futuro. A percepção da identidade, do modo mais integral possível, de um povo é condição para que se perceba no mundo em toda sua extensão e potencialidade. Numa mudança espetacular de atitude, rompendo com a colonialidade que se instalou por séculos nos países do sul, sustentada pela profunda corrupção, alienadora de suas reais possibilidades de assunção de seu papel no mundo. Para que, então, reconhecendo-se como povo dono de sua autonomia e cidadania soberana, possa fazer uso dos recursos naturais em benefício de toda coletividade e deixar de ser colônia dos países do norte. Palavras-chave: Colônia. Corrupção. Colonialidade. Diversidade. Cultura. Identidade integral. It is necessary to see the world from another place, not the common place from the perspective of the North countries. Refusing to take a Eurocentric, exploratory capitalist dimension, allegedly holding the best concepts of democracy, freedom, diversity, human rights, where profit is the only thing that matters. Is intended to discover the world from your place in it. Refuse a preconceived vision, imposed and taken as the only alternative for the South countries, which is to serve the North countries for centuries. For this, realizing your place of origin, culture, economic and social interests and projections of future interests should be attempted. Look at the southern world is to define, from this point of view, its international partners from the appropriation of its integral identity, in a posture of rupture with the coloniality and the corruption imposed until now by the northern countries. International relations have experienced a deepening of conflict between Western, Eastern and Islamic states, reintroducing the religious question in the center of attention to the complex north-south relationship that gains importance in the face of the upsurge of civilizational relations at the beginning of this century. However, we must realize the importance of North-South relations as a new reading of international politics, not between exploited and explorers, but between multilateral partners. Northern countries should review their inattention with the southern countries in the search for equal human rights for all people. It is necessary to point out the need of the South countries to see and recognize themselves as sovereign people in rights and citizenship, only from this perception can they force the North countries to see them as people of the free world, inaugurating new international relation between people free from the command and scheme of capitalism that so much delay has caused for several people. In order for this change of position to be possible, it is debated through confirmatory bibliographical research the way the South people, including Brazil, focus of this work, must act in the perception of their role of subalternity to the North countries about 500years already. They should perceive it by looking, seeing and trying to recognize themselves, a broad dimension recognition. In the cultural, ethnic, gender, economic, political, and social dimensions in all their diversity inside society and people. Only self-recognition of the identity dimensions of each people and social segment can allow their self-identification in their historical contours and enable the projections of the new goals and plans to be achieved independently and autonomously in the future. The perception of identity, in the most integral way possible, for a people is a condition to be perceived in the world in all its extension and potentialities. In a spectacular change of attitude, breaking with the coloniality that has settled for centuries in South countries, sustained by the profound corruption, alienating real possibilities of assuming their role in the world. So that, recognizing itself as a people with autonomy and sovereign citizenship, can make use of its natural resources for the benefit of the whole community and cease to be a colony of the North countries. Keywords: Cologne. Corruption. Coloniality. Diversity. Culture. Integral identity.