Este relatório de pesquisa constitui uma exposição do estudo dos quatro filmes de animação da série Shrek – Shrek (2001), Shrek 2 (2004), Shrek Terceiro (2007), Shrek para Sempre (2010) – realizado com o objetivo de descrever e analisar os processos de subjetivação que produzem a personagem Shrek. Os estudos de Michel Foucault foram tomados como referencial teórico-metodológico destacando-se as noções de sexualidade, normalização e subjetivação. Os filmes, destacados em sua capacidade pedagógica, oferecem e propõe alternativas de subjetivação, além de modelos e exemplos de modos de ser, pensar e agir. Diversos elementos que compõem os filmes foram trazidos ao texto e analisados segundo os processos de subjetivação da personagem analisada. Foram percorridos os momentos em que o ogro é apresentado como anormal e monstruoso, passando pelos mecanismos que amenizam a sua feiúra, docilizando sua imagem, conferindo-lhe a característica de possuidor de sentimentos, ao se sentir rejeitado ou com medo, ao ser capaz de amar e de chorar, entre outros processos, que vão caracterizando-o como humanizado, até, por fim, ser apresentado como herói no ato mesmo em que salva a sua família e com isso salva a si mesmo. Defende a ideia de que a personagem do ogro sofre um processo de subjetivação, que o torna mais ou menos normalizado, no qual se destaca o uso da sexualidade exercida por Shrek em conformidade com as normas sociais que a regem. Ao sujeito espectador, infante (ou não), os filmes da série Shrek oferecem uma ideia de humanização, de família, de felicidade, e ainda de conformação às normas que regem socialmente o uso da sexualidade. Os processos que tornam a personagem de Shrek normalizada, bem como, e de certa forma, humanizada, são tratados como ofertas exemplares e modelares de como cuidar de si, de como existir, de como agir de modo mais ou menos ajustado às normas, de como pensar sobre si e transformar-se a si mesmo. São, em suma, possibilidades múltiplas de subjetivação oferecidas aos sujeitos espectadores. ABSTRACT - This research report constitutes an exposition of the study of the four Shrek computer animated movies -Shrek (2001), Shrek 2 (2004), Shrek the Third (2007), and Shrek Forever After (2010) - which was carried out in order to describe and analyze the subjectivation processes which produce the character Shrek. The studies of Michel Foucault were used as a theoretical and methodological reference concerning the notions of sexuality, standardization and subjectivity. The movies featured in their pedagogical skills propose alternative for subjectivity, as well as models and examples of ways of being, thinking and acting. Several elements that make up the films were brought into the text and analyzed according to the subjective processes of the analized character. We explored the scenes where the ogre is presented as abnormal and monstrous, through the mechanisms that mitigate his ugliness, “sweetening” his image, giving it the characteristic of possessing feelings as feeling rejection and fear, being able to love and to cry, among other processes, characterizing him as humane, until, finally, he is presented as a hero in the very act of saving his family and saving himself. The point of view undertaken is that the character of the ogre undergoes a process of subjectivation, which makes him more or less standard, which emphasizes the use of sexuality exercised by Shrek in accordance with social norms. To the spectator, whether infant (or not), the Shrek movie series offers an idea of humanization, of family, of happiness, and even of conforming to the rules socially governing the use of sexuality. The processes that make the character Shrek standard, and somehow humanized, are treated as exemplary, and offer examples of how they must care for themselves, how to exist, and act more or less adjusted to the standards of how to think about yourself and become yourself. There are, in short, multiple possibilities of subjectivity offered to the viewers.