A quarta revolução industrial começa a ser caracterizada pelo desenvolvimento da inteligência artificial, edição genética, nanotecnologia e as interfaces entre o biológico, o inorgânico, o social e o digital. Há autores que potencialmente veem nela uma panaceia que deve trazer um mundo de pós-escassez, alcançando a superação evolutiva da espécie humana no reino do trans-humano. Outros levantam com grande preocupação a possibilidade de cenários distópicos assustadores e um “risco existencial” iminente, ainda maior que o das armas nucleares. Entre esses dois extremos, há posições nesse novo debate tecno-filosófico que consideram implausível a realização da utopia e a queda da distopia, e propõem uma visão prototípica, que exige a compreensão e aceitação dos aspectos inevitáveis da transição contínua e uso proativo de suas possibilidades como forma de preservar e fortalecer a validade da identidade e liberdade humanas. Nas duas primeiras seções deste trabalho, contextualiza-se o momento atual da tecnologia e sua capacidade transformadora nas sociedades, no que foi chamado de quarta revolução industrial. Na terceira seção é aprofundada teoricamente a aceleração, um conceito que, para Harmut Rosa, é definidor de “modernidade tardia”. Finalmente, o trabalho termina colocando uma questão fundamental que o inspira: quais são as nossas chances de orientar a inovação tecnológica para evitar danos imprevisíveis?