A presença de judeus portugueses e espanhóis em diversas partes do Caribe, particularmente na ilha de Barbados, em Curaçau, no Suriname e na Jamaica, tem sido estudada por vários investigadores. Porém, a recente descoberta de centenas de cartas nos arquivos britânicos veio proporcionar um olhar renovado sobre estas comunidades, ali estabelecidas nos séculos XVII e XVIII. Além de possibilitar um contacto direto com a atuação de redes sociais e de comércio por via de correspondência não oficial, ganhamos um acesso privilegiado ao quotidiano e os receios dos colonos judeus sob vigilância no período das guerras anglo-holandesas. Estas cartas, produzidas num contexto informal ou profissional, veiculam ainda dados relevantes com vista ao estudo de experiências individuais e coletivas em correlação com os eventos históricos. Este artigo faz parte do dossier temático Judeus portugueses na Europa e nas Caraíbas, séculos XVII-XVIII, organizado por José Alberto Tavim. The presence of Spanish and Portuguese Jews in several Caribbean locations, such as Barbados, Curaçao, Suriname and Jamaica, has been studied by numerous scholars. However, the recent finding of hundreds of letters in the UK National Archives conveys a deeper understanding of these communities, settled there in the seventeenth and eighteenth centuries. Besides allowing direct access to correspondence concerning the existing networks, these primary sources provide insights into the everyday life, trade and fears of these Jewish settlers, who were under surveillance in the period of the Anglo-Dutch wars. These letters, written either for personal or professional purposes, also offer relevant data for the study of individual and collective experiences in correlation with historical events. This article is part of the special theme section on Portuguese Jews in Europe and the Caribbean, 17th-18th Centuries, guest-edited by José Alberto Tavim. La présence de Juifs dits Portugais et Espagnols dans la zone des Caraïbes, plus précisément à Barbade, à Curaçao, au Suriname et en Jamaïque, a fait l’objet de nombreuses recherches. Toutefois, la découverte de centaines de lettres aux Archives nationales britanniques transforme la vision du quotidien de ces communautés coloniales des XVIIe et XVIIIe siècles. Cette source offre de plus amples informations au sujet des réseaux sociaux mis sous surveillance. Elle véhicule aussi de nombreuses perspectives sur la vie, le commerce, mais aussi des inquiétudes des colons Juifs pendant les guerres anglo-néerlandaises. Cette correspondance privée, produite dans un cadre informel ou professionnel, offre également des données pertinentes pour l’étude des expériences personnelles et collectives en corrélation avec des faits historiques. Cet article fait partie du dossier Juifs portugais en Europe et dans les Caraïbes, XVIIe et XVIIIe siècles, organisé par José Alberto Tavim.