A disponibilidade de biomassa e a falta de gás natural ou diesel favorecem o aparecimento de alternativas tecnológicas sustentáveis para geração de energia elétrica. A indisponibilidade de gás faz com que grandes ativos de geração de energia termelétrica fiquem ociosos, podendo acarretar em aumento da indisponibilidade das usinas, pelo fato de partes dos equipamentos estarem parados. A utilização da energia da biomassa tem atraído particular interesse nos anos recentes devido à proximidade da extinção das reservas de combustíveis fósseis, o que aponta para o aumento do uso de energia renovável. Este interesse é atribuído aos seguintes fatos, dentre outros: (1) contribui para a redução da pobreza em países em desenvolvimento; (2) consegue suprir necessidade de energia continuamente sem sistemas complexos de conversão; (3) pode entregar energia na forma que as pessoas precisam: combustíveis líquidos ou gasosos, calor e eletricidade; (4) é neutro na produção de dióxido de carbono; (5) pode ajudar na restauração de terras improdutivas e degradadas, na fertilidade do solo e retenção de água (DEMIRBAS, 2009; ROCHA, 2004; RIBEIRO, 2006). A Figura 01 mostra os maiores produtores de bio-eletricidade em 2005; o Brasil aparece como o terceiro maior produtor. Segundo DEMIRBAS (2009), no Brasil, houve um aumento de 139,3 % na produção de bio-eletricidade no período de 1995 a 2005: de 5,6 para 13,4 TWh, o que correspondeu a 3,33 % da produção total de eletricidade (402,9 TWh) no referido ano (MME-BR). Já em um artigo publicado por LORA e ANDRADE (2009), foi apresentada uma visão geral do potencial disponível e das tecnologias relacionadas à implementação da bioenergia no Brasil. Segundo os dados publicados, em 2006, as fontes renováveis foram responsáveis por 45,1 % da oferta de energia, dentre as quais 14,8 % vieram de hidrelétricas e 27,2 % da biomassa. Neste mesmo ano, a produção de eletricidade proveniente do uso de biomassa correspondeu a aproximadamente 4,45% do total de eletricidade gerada (419,3 TWh): o bagaço de cana contribuiu com 8,35 TWh, a queima da lenha com 0,72 TWh, o uso do black liquor com 5,19 TWh e 4,25 TWh vieram de resíduos da agricultura, como a casca de arroz. Em 2001, o Brasil possuía 100 MW de potência instalada com o uso do bagaço de cana-deaçúcar. Atualmente, há mais de 500 MW instalados em condições de gerar eletricidade. Para o mesmo insumo, estima-se que o potencial da bio-eletricidade para a década 2011-2020 ultrapassará as 3000 MW (DERMIBAS, 2009): a indisponibilidade de gás natural, por exemplo, faz com que grandes ativos de geração de energia termelétrica fiquem ociosos, podendo acarretar em aumento da indisponibilidade das usinas, pelo fato de partes dos equipamentos estarem parados. Fato completamente indesejável. A alternativa de pirolisar a biomassa, transformando o seu potencial em gás e posteriormente em combustível para uma usina termelétrica que não dispõe de outro combustível fóssil, torna-se uma alternativa atraente. A pirólise é uma reação de análise ou decomposição que ocorre pela ação de altas temperaturas. Ocorre uma ruptura da estrutura molecular original de um determinado composto pela ação do calor em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio. Este sistema é bastante utilizado pela indústria petroquímica e na fabricação de fibra de carbono. Outra aplicação da pirólise se dá no tratamento do lixo. O processo é auto-sustentável sob o ponto de vista energético, pois, a decomposição química pelo calor na ausência de oxigênio, produz mais energia do que consome. O processo de pirólise produz biocombustíveis líquidos e gasosos como o Bio-Óleo e o gás de síntese. [ABSTRACT FROM AUTHOR]