Sabendo que a obra de Arte pode ensinar à Psicanálise de que maneira o Inconsciente hoje se refere ao corpo, podemos usá-la como vertente do Real clínico para trabalhar a questão da imagem distorcida do corpo na era dos novos sintomas. Lacan introduziu o Real como a dimensão que permite ter juntas as três instâncias do nó borromeu, Real, Simbólico e Imaginário. Escolhemos como guia deste estudo um artista que reinventa o corpo por meio da destruição da imagem ideal do corpo, Francis Bacon, que parece entender a condição do sujeito contemporâneo, para o qual a crise do Outro simbólico torna problemático mediar, de modo humanizado e particular, a relação entre o gozo e as imagens que experimenta no próprio corpo. O enfraquecimento da mediação simbólica faz curtocircuitar continuamente no corpo a rede especular do Imaginário e o Real libidinal da pulsão, o que aparece na pintura de Bacon sob a forma de uma distorção.