A lista de dez categorias apresentada por Aristóteles no capítulo 4 das Categorias gerou, desde cedo, sérios problemas aos intérpretes. Em primeiro lugar, não é claro qual o objetivo e o âmbito desta lista. Trata-se de uma tentativa de estabelecer os gêneros mais gerais de palavras, de coisas, de conceitos, de todos eles? Em segundo lugar, Aristóteles enumera as categorias, mas não apresenta qualquer justificação para o seu número e completude. Esta lacuna conduziu os intérpretes a forjar diversas tentativas de resolver estes dois problemas. Na escolástica medieval de língua latina, quer por razões didáticas, quer por razões teóricas, a receção destes problemas tomou a forma de uma discussão acerca de uma via divisiva ou sufficientia que demonstrasse a completude da lista aristotélica. Evidentemente, para que essa via divisiva seja consequente, é necessário antes estabelecer qual o âmbito da lista. É intenção do presente artigo apresentar um dos primeiros textos do século XIII no qual estes problemas são discutidos: Rationes super Praedicamenta Aristotelis de Nicolau de Paris (m. 1263), importante magister artium da Universidade de Paris no segundo quartel do século XIII, autor de uma das primeiras sufficientiae neste contexto escolástico, fonte imprescindível para compreender a origem e a evolução deste tipo de resposta ao problema da completude da lista de categorias