Este texto trata da coordenação entre normas, reflexividade e práticas incorporadas em dispositivos organizacionais que moldam rotinas de produção intelectual, tanto na atividade científica, como no jornalismo. Interessamo-nos pela relação entre referências normativas do trabalho intelectual de pesquisadores e jornalistas e suas investigações como uma decorrência da interface entre fatores internos e externos que moldam a organização e produção de saberes configurando novas formas de construção de conhecimento (ciência, cultura, informações). No caso do jornalismo concordamos que este pode ser compreendido como um conhecimento que se origina das chamadas “mesoepistemologias” enquanto maneiras de conhecer que surgem na interface entre polos científico e grande público. Trata-se da concepção de saberes ancorada em uma cientificidade própria. Embora reconheçamos que há tanto na atividade científica como na jornalística a participação da objetividade, imparcialidade e neutralidade como valores positivistas que norteiam a produção de conteúdos cognitivos nesses ambientes normativos os quais devem ser problematizados em função de operações subjetivas e intencionais que se manifestam entre cientistas e jornalistas enquanto produtores culturais e do envolvimento de epistemologias populares como coprodutoras desses conteúdos. O problema da definição do lócus onde a ciência é concebida, justificada e legitimada é tema caro para sociologia do conhecimento que tem apresentado abordagens distintas para lidar com a questão dos elementos internos e externos ou de sua interseção, o social e o científico, na definição desse lugar. Temos como objetivo apresentar uma reflexão pautada na sociologia pragmática da crítica e na sociologia construtivista da inovação para discutir como normas institucionalizadas, orientadas pela razão técnica e científica e normas negociadas sob o registro da metapragmática, apoiadas em reflexividade e operações críticas, em perspectiva reticular, definem e redefinem instituições consolidadas como a ciência e o jornalismo, alterando o rumo do trânsito/circulação de normas (re)produzidas nesses diferentes quadros epistêmicos. This paper proposes to study the ways in which norms, reflexivity and practices interact in organizational systems to shape routines of intellectual production in academic circles and in journalism. Our focus is on the normative references of the intellectual work of researchers and journalists seen as a product of the interrelation between internal and external factors that shape the organization and production of knowledge and configure new forms of knowledge construction (sciences, culture, news). In the case of journalism, we postulate that this can be understood as knowledge that has its roots in “meso-epistemological” ways of knowing that arise at the interface between scientific knowledge and the general public. This perspective is based on a conception of knowledge anchored in a specific scientificity. We recognize that objectivity, impartiality and neutrality as positivist values guide both scientific activity and journalism in the production of cognitive content in normative contexts. But these contexts must also be problematized as subjective and intentional constructs of researchers and journalists as cultural producers influenced by popular epistemologies (which co-produce these contents). The problematic of the locus where science is produced, justified and legitimized is a topic dear to the sociology of knowledge, and has produced distinct approaches to deal with the issue of internal and external elements and their social or scientific intersection in the very definition of this space. Our aim is to propose a reflection based on a pragmatic and critical sociology and a constructivist sociology of innovation to study from a dialectical perspective how institutionalized norms (as shaped by technical and scientific rationality), and norms present in a meta-pragmatic framework (based on reflexivity and critical operations) define and re-define traditional institutions such as science and journalism, thereby altering the traffic/circulation of norms (re)produced in these varied epistemic frameworks. Ce texte propose de percevoir comment les normes, la réflexivité et les pratiques dans les dispositifs organisationnels expliquent la production intellectuelle des milieux journalistiques et universitaires. Nous nous intéressons au rapport entre les références normatives du travail intellectuel des chercheurs et des journalistes, et leurs recherches, fruit de l’interrelation entre des facteurs internes et externes qui façonnent l’organisation et la production de savoirs, et qui configurent ainsi de nouvelles formes de construction de la connaissance (sciences, culture, information). Dans le cas du journalisme, nous postulons que celui-ci peut être compris comme un savoir issu de postures « méso-épistémologiques », qui sont autant de manières d’apprendre issues des relations entre les pôles scientifiques et le grand public. Cette posture relève d’une conception des savoirs ancrés dans une scientificité spécifique. Nous reconnaissons qu’il y a, tant dans l’activité scientifique que dans le journalisme, un recours à l’objectivité, l’impartialité et la neutralité comme valeurs positivistes qui orientent la production de contenus cognitifs dans des contextes normatifs. Toutefois, ces contextes doivent être problématisés en fonction d’opérations subjectives et intentionnelles issues des chercheurs et des journalistes, ces producteurs culturels, mais aussi par l’application d’épistémologies populaires qui sont aussi co-productrices de ces contenus. La problématique des lieux dans lesquels la science est produite, justifiée et légitimée est une thématique chère à la sociologie de la connaissance. Celle-ci a produit des approches distinctes pour lier la question des éléments internes et externes et de leur intersection, sociale ou scientifique, dans la définition même de ce lieu. Nous avons pour objectif de proposer une réflexion reposant sur une sociologie pragmatique et critique et une sociologie constructiviste de l’innovation, afin de discuter de la façon dont des normes institutionnalisées, orientées par des raisons techniques et scientifiques, et des normes négociées dans un cadre méta-pragmatique, appuyées sur une réflexivité et des opérations critiques dans une perspective dialectique, définissent et redéfinissent les institutions traditionnelles comme la science et le journalisme, modifiant ainsi le sens du trafic/ de la circulation des normes (re)produites dans différentes cadres épistémiques.